sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pérolas da grotesquice - parte III

Aí vão mais algumas pérolas...

Ser grotesco é:

1. Ser médico, enfermeiro ou funcionário da área da saúde e, mesmo após ter prestado juramento, ser negligente ou omisso no atendimento aos pacientes.(10)

2. Não ser solidário com as causas sociais e com as pessoas, mantendo uma postura de extremo egoísmo e individualismo.(10)

3. Jogar lixo na rua ou sair para passear com bichinhos que emporcalham toda a cidade, deixando por onde passam um rastro de sujeira.(9)

4. Ser político, com cargo executivo ou legislativo, e não fazer nada para melhorar verdadeiramente o nível da educação pública no Brasil.(10)

5. Ser torcedor de futebol e ir ao estádio apenas para brigar, insultar os outros torcedores e participar de tumultos, esquecendo-se completamente que esporte é vida.(10)

6. Levar cachorro à praia, desrespeitando os outros banhistas e colocando a saúde das pessoas em risco.(9)

7. Não utilizar no seu dia a dia as palavrinhas mágicas “por favor”, “com licença”, “muito obrigado” e “desculpe”.(9)

8. Estar sentado em uma condução lotada e não dar o assento às pessoas que por ventura dele necessitem, como idosos, gestantes e deficientes físicos.(9)

9. Ser pedestre e andar como uma lesma na frente de uma multidão de pessoas, sem ter a noção de que a sua “molenguice” está atrapalhando e irritando os demais transeuntes.(6)

10. Estar ao volante de um veículo e não respeitar os pedestres, parando o carro indevidamente sobre a faixa de travessia e atrapalhando as pessoas.(8)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Mais pérolas da grotesquice humana

Dando continuidade às pérolas da grotesquice humana, envio mais algumas, sempre analisadas de acordo com a Escala "Grot" Internacional, que vai de 0 a 10:

1. Compor , produzir e interpretar músicas de conteúdo sofrível, que não trazem nenhuma mensagem positiva ou criativa para os ouvintes.(7)

2. Ganhar muito dinheiro com “produções artísticas” de péssimo gosto, que só conquistam o público porque são empurradas goela abaixo, de maneira maciça, num país em que o povo não está preparado para exigir coisas melhores.(7)

3. Eleger os seus representantes de maneira irresponsável e leviana, não fazendo uma análise criteriosa do caráter, da honestidade e do passado dos políticos nos quais vota.(10)

4. Ser político, eleito pelo povo, e não dar às questões sociais a devida importância, nada fazendo para diminuir o enorme fosso social existente em nosso país.(10)

5. Ser corrupto no exercício das suas funções, prejudicando a boa e justa prestação do serviço público para a qual é pago.(10)

Extraído do livro: "Grotesco: Como (não) ser um", que está muito longe do prelo!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Escala "Grot" internacional

Caros leitores, aí vão umas pitadas da "grotesquice" humana, avaliadas de acordo com a escala "Grot" Internacional, que vai de 0 a 10. O numeral à frente do item significa o potencial ofensivo da grotesquice:

Ser grotesco é:

1. Não respeitar as pessoas mais velhas que sejam dignas de respeito e consideração.(10)

2. Discriminar e ter preconceito com relação às outras pessoas, seja por questões raciais, financeiras, sociais, religiosas, sexuais, físicas, etc.(10)

3. Não dar às crianças a atenção, o carinho e o respeito que elas merecem.(10)

4. Não se preocupar com a educação das crianças, adolescentes e jovens.(10)

5. Ser produtor, apresentador ou participar de programas de televisão de baixíssima qualidade, que não dão nenhuma contribuição para a educação e conscientização do povo brasileiro, além de prestar um desserviço ao país.(8)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

"Videocassetadas" e a imbecilização dos telespectadores

É impressionante, mas em pleno século 21 a televisão é utilizada apenas como meio alienante e imbecilizante da população brasileira.
Que não temos um sistema educacional eficiente já é mais do que sabido. Pois bem, os governantes poderiam tentar então mecanismos para que o poderoso meio de comunicação que é a televisão fosse muito mais utilizado com o cunho didático, com vistas a esclarecer e a ensinar muitas coisas à população, principalmente noções de cidadania.
E, longe disso, o que vemos na nossa TV aberta são programas cujos conteúdos são mais do que sofríveis, que não irão ajudar em nada na formação de nossas crianças e jovens, bem como da população mais velha, que também carece muito de informações e orientações.
Existem muitos programas de qualidade na televisão brasileira, mas que passam nas emissoras da rede a cabo, ou então são transmitidos nos horários de pouca audiência como as madrugadas e os inícios das manhãs. Ou seja, o grosso da nossa população não pode ou não consegue assisti-los.
Enquanto isso, nos dias e horários nobres são transmitidas horas e horas de baixarias, fofocas, músicas de péssimo gosto e outras porcarias do gênero, como pegadinhas e "videocassetadas".
Estava eu diante da Tv no último domingo e tive o desprazer de passar pela Rede Globo, às 20h45, e constatar que o Sr. Faustão, há 20 anos naquela emissora, ainda tem o desplante de continuar transmitindo as famigeradas "videocassetadas". Aquilo é a completa imbecilização do povo brasileiro. Em pleno horário nobilíssimo de domingo - quando tantos assuntos relevantes poderiam ser abordados e mostrados - aquele senhor enfia um monte de asneiras goela abaixo da nossa população.
Aos que com certeza vão alegar que existe o controle remoto e a liberdade de escolha, lembro que a maioria da população brasileira só assiste à Tv aberta e, com raríssimas exceções, mesmo que procurassem, não iriam encontrar nada de muito melhor para poder assistir. Talvez fosse melhor que essa grande maioria não estivesse assistindo televisão naquele horário, mas devido à falta de lazer e de opções de atividades mais interessantes, tenho certeza de que a audiência era enorme. E tome "créu" e outros lixos que em nada nos fazem melhores ou mais conscientes.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Elogio a um cobrador do 702U

Gostaria de elogiar a conduta sempre correta do cobrador deste veículo, tendo em vista a presteza e a atenção com as quais o jovem rapaz executa as suas atividades.É comum coincidir de eu utilizar o coletivo no qual este jovem trabalha. Infelizmente, não sei o seu nome. Mas com certeza os senhores têm como identificá-lo e repassar os meus singelos cumprimentos. É importante salientar que a linha 702-U (Butantã/USP - Pq. Dom Pedro II) é das mais saturadas e torturantes que já presenciei, e com a qual tenho que conviver todas as manhãs, tendo em vista o fato de trabalhar na USP. Mas tal relato já foi objeto de outra solicitação minha(Nº5124826), datada do início deste ano, para a qual, aliás, as autoridades competentes deram nenhuma ou pouquíssima importância, tendo em vista que meses após a feitura da mesma, consta no sistema apenas que será "analisada". Este fato é lamentável, mas até devido a ele torna-se mais importante elogiar a atuação do citado cobrador, pois apesar de trabalhar nas condições mais adversas, com o coletivo superlotado - convivendo com todo o stress e nervosismo (explicáveis, diga-se de passagem) de muitos passageiros - ainda consegue manter o equilíbrio e estar sempre atento a todos os que sobem e aos que descem do veículo. Jamais deixa o carro sair com as portas abertas, orienta a todos, com educação, pede para irem ao fundo do ônibus, além de dar informações e colaborar em tudo que pode com o seu colega motorista. Trabalhadores pró-ativos como o jovem ao qual me dirijo, devem sempre ser enaltecidos, pois conseguem por um pouco de ordem e humanidade em meio ao caos cotidiano em que trabalham. Quem dera eu tivesse recebido dos senhores gestores do sistema de transportes a mesma atenção e empenho que o jovem cobrador dispensa aos sofridos usuários do coletivo que opera!!! Ele, na medida do possível, realmente faz o que pode, faz o seu melhor! Parabéns a esse simples e batalhador funcionário. É apenas esta a retribuição que posso fazer aos seus serviços! Obrigado!

Texto enviado à SPTRANS, em 2006.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A dura vida de um Zé Mané

Resolvi fazer a defesa da minha classe de homem. O Zé Mané sem condição, aquele que via de regra leva a pior. Muito sensível e respeitador, o Zé Mané invariavelmente se dá muito mal com o sexo frágil, normalmente serve apenas para ombro amigo, para humildemente ouvir a amada dizer que foi desprezada pelo Zé Gostosão (O extremo oposto do Zé Mané).
Devo deixar muito claro que os Zé Manés autênticos não têm nada de boiola, muito pelo contrário, costumam ser fissurados pelas mulheres, só não levam jeito com elas, mas as adoram de paixão. E haja bronhas e bronhas dedicadas às musas adoradas e inalcançáveis.
De qualquer forma, os Zé Manés são figuras folclóricas a adoradas, levando-se em conta que são dignos representantes dos cidadãos que tomam porradas na vida, mas, ao invés de desistirem ou mudarem, continuam mantendo sempre, vida afora, as suas doces características de destrambelhamento.
Existem muitos sinônimos para o Zé Mané: Trouxa, otário, Zé Ruela, etc, mas o que vale é o coração do dito cujo, que é igual ao de mãe, sempre aberto para mais gente.
Zé Manés são pessoas simples, que não fazem mal a uma mosca. Se não podem ajudar, também não atrapalham. Geralmente são discretos, tímidos, ou seja, jamais se fazem notar. Talvez por isso, sejam na maioria das vezes ignorados pelas mulheres mais interessantes, sempre dispostas a pagar para ver e a penar nas mãos grotescas dos Zé Gostosões de plantão, aqueles que não têm nenhuma compaixão e fazem como o carcará: Pegam, matam e comem.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Anos 80 na cabeça!

Aquilo sim é que eram bons tempos! O rock nacional fervia. Surgiam bandas novas, sendo a maioria muito inspirada em termos de letras e melodias. Alto teor de contestação à ditadura militar então vigente.
Barão Vermelho, Blitz, Lobão, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Titãs, Ira, Legião Urbana, entre muitos outros, despontavam com força total e enchiam as pistas das danceterias e dos shows. Altas doses de rebeldia e inovação faziam parte daqueles anos tão especiais.
A campanha pelas Diretas estava pegando fogo em 1984, o que ajudava a impregnar o ambiente com um salutar clima de cidadania.
Tudo se encaixava naquela década. Nunca o futuro pareceu tão promissor no Brasil.

Quociente emocional

Já há alguns anos, existe uma idéia altamente propagandeada em todos os meios de comunicação: A existência do Q.E. – Quociente emocional. Tal quociente representaria o nível de inteligência emocional de uma pessoa e seria uma espécie de contraponto ou complemento ao famoso Q.I. – Quociente de inteligência. Desta forma, da mesma maneira como o Q.I. dimensiona a inteligência do indivíduo, o Q.E. representaria o modo como este mesmo indivíduo se relacionaria com os seus semelhantes, principalmente nos ambientes de trabalho e nas carreiras profissionais, visando à ascensão pessoal, economicamente falando. Nada contra esse novo método de aferir tal aspecto da inteligência, mas, se estudarmos melhor o Q.E., chegaremos à conclusão de que esse quociente apenas mede a capacidade que um indivíduo teria de engolir sapos e puxar desbragadamente os sacos de todos aqueles que, de alguma forma, podem propiciar ou ajudar na sua ascensão pessoal. De acordo com tais estudos, não bastaria aos indivíduos serem bem preparados ou competentes nas suas áreas de atuação. Seria tão ou mais importante que o profissional soubesse relacionar-se com os seus semelhantes, principalmente, ou somente, com os semelhantes que se encontram acima na escala social. Afirmo isso, pois, infelizmente, não vejo em tais estudos nada que aponte para a importância de tratarmos bem a todas as outras pessoas, indistintamente. Essa teoria aponta apenas para a enorme necessidade que os seres humanos têm de praticamente se anularem para poderem agradar em todos os sentidos àqueles que, de alguma forma, detém alguma ascendência financeira ou profissional sobre eles.
Ou seja, em outras palavras essa teoria nos ensina, para que sejamos emocionalmente inteligentes no mundo globalizado, a engolirmos e digerirmos todos os sapos oferecidos pelos nossos superiores, seja profissionalmente, seja economicamente falando.
O tal Q.E., com toda a sua pompa e importância, nada mais é do que se aplicar o puxa-saquismo no seu mais alto grau e deixar de lado a sua própria personalidade. O inteligente emocional é aquele que se anula, deixa de ter ou manifestar opiniões pessoais que possam, de alguma maneira, atingir ou desagradar às pessoas importantes (apenas economicamente falando).
Não vejo nessa teoria nada que indique a enorme importância de valores dos quais todos os seres humanos deveriam ser altamente dotados, como respeito ao próximo, honestidade, fraternidade, solidariedade, entre outros.
Pelo contrário, ficamos com a forte impressão de que o alto nível de Q.E., para quem o tem ou para quem o conquiste, irá tornar o indivíduo muito mais egoísta e voltado apenas para o próprio umbigo. Temos a convicção de que tais pessoas acabam tornando-se frias e calculistas, passando a visar apenas à ascensão econômica a todo custo, inclusive da submissão canina aos detentores de todas as formas de poder.
Concluindo, a pessoa dotada de alto Q.E. nada mais é do que o velho e famoso “capacho”, aquele indivíduo que, através dos tempos e em todas as épocas sempre existiu.
É o sujeito dotado de grande senso de oportunidade e ocasião, que prefere não manifestar os seus próprios pensamentos, apenas abraçar com unhas e dentes, e sem questionamentos, a todas as idéias dos figurões que o rodeiem.
O indivíduo inteligente emocional sempre existiu e sempre existirá, a única novidade que o Q.E. traz é o fato de que agora esse comportamento passa a ser visto de maneira “científica” e rende milhões de dólares a todos os autores que pregam essa teoria.
É bastante provável que as pessoas dotadas de alto Q.E., durante suas vidas, sempre se sairão economicamente melhor do que aquelas que são competentes e inteligentes, mas lutam por suas idéias. Porém, nunca poderemos saber se, nos fins de suas tristes vidas, serão pessoas completamente realizadas e felizes, depois de anularem-se por anos a fio, devotando-se a valores tão fúteis e pouco humanos.

Geração "Copia-e-Cola"

Bons tempos em que a Legião Urbana cantava sobre a "Geração Coca-Cola" de então, lá pelos idos de 1984. Se estivesse vivo, Renato Russo provavelmente estaria ainda mais estupefato com a constante e galopante mediocrização dos jovens brasileiros. Hoje em dia, poderíamos chamar os nossos jovens - e olha que estamos falando daqueles que ainda estudam - de "Geração Copia e Cola".
Explico. Atualmente, devido às inúmeras facilidades que a Internet e a informática proporcionam, nossos estudantes têm enorme facilidade de encontrar algum tema de pesquisa em um site de busca e simplesmente, sem a menor cerimônia, copiar e colar o texto, apresentando-o ao professor como sendo o resultado de sua pesquisa e do seu trabalho.
Em recente reportagem televisiva, uma esforçada e atenta professora da rede pública afirmou ter desenvolvido o hábito de realizar a contra-pesquisa em cima do trabalho apresentado pelo aluno, para certificar-se de que o mesmo não foi copiado. Segundo ela, invariavelmente os textos apresentados pelos alunos são exatamente idêntico aos materiais encontrados na Internet.
Levando em conta que o nível educacional brasileiro vem caindo há décadas, esta suposta facilidade é mais um fator contributivo para a formação de uma juventude que não sabe ler, nem escrever, e muito menos pensar.
É indispensável que, antes de terem acesso ao que há de mais avançado em termos tecnológicos (Computador, Vídeo Game, Celulares de última geração, etc.) nossas crianças e jovens adquirissem conhecimentos básicos e sólidos sobre Português, Matemática, História, entre outras disciplinas fundamentais à formação de um cidadão completo.
Só assim estariam aptos a aliar, de forma criativa e producente, a cultura e o conhecimento às facilidades tecnológicas do mundo moderno.

A cidadania não utiliza a linha 702U

Como é do conhecimento de todos que utilizam o transporte público em São Paulo, principalmente os ônibus, as condições são degradantes e a superlotação faz parte da rotina. É uma questão política, bastante repisada em todos os debates sobre o trânsito caótico de São Paulo. Porém, não vemos nenhum empenho efetivo dos nossos governantes em resolver o problema. Os que têm carro alegam que não usam o transporte coletivo porque não oferece condições ideais. Os que obrigatoriamente têm de se sujeitar aos ônibus, vans, trens e metrôs o fazem por absoluta necessidade, e são os que mais sofrem. Pelas condições indignas e pelos recorrentes atrasos causados pelo trânsito caótico ou pelas constantes lentidões dos transportes sobres trilhos. Ciclovias e faixas destinadas aos pedestres, tão maltratados e ignorados pelas autoridades de trânsito e motoristas, talvez ajudassem a amenizar o problema, além de serem alternativas saudáveis para os deslocamentos diários. Enfim, é uma questão em aberto, com a qual, parece, que todos começam a se preocupar. Do contrário, São Paulo vai parar muito em breve. Afora tudo isso, o que me motivou a escrever este post é a constante falta de urbanidade e solidariedade que constato nos ônibus de São Paulo. Como sou usuário da linha 702U (Butantã USP / Pq. Dom Pedro), refiro-me mais especificamente a ela, que tem o diferencial de transportar a "nata" da futura intelectualidade brasileira.Definitivamente, o respeito ao próximo e a preocupação com o coletivo (nas duas acepções da palavra) não fazem mais parte das prioridades da maioria dos paulistanos, incluindo-se aí até aqueles mais esclarecidos, que deveriam dar exemplos aos menos letrados.Atitudes grotescas como deixar de ceder o assento a idosos, gestantes e deficientes são vistas todos os dias. Jovens que usam suas enormes mochilas nas costas, atravancando os já abarrotados corredores dos ônibus, sem qualquer preocupação com o entorno. Desavisados que obstruem as portas de saída dos ônibus e metrôs, impedindo a passagem dos que pretendem descer. Folgados que vão descer no próximo ponto, mas deixam para levantar no último minuto, transtornando a vida de muitos outros usuários e irritando profundamente os motoristas e cobradores. Some-se a isso, a grotesquice de muitos motoristas e cobradores, que em muito contribuem para tornar as viagens ainda mais caóticas e desrespeitosas. Motoristas que não atendem ao sinal de parada dos usuários. Cobradores inoperantes, que passam o tempo todo dormindo ou falando bobagens, sem auxiliar efetivamente no bom andamento das viagens. É Claro, e é bom que se registre, que existem exceções, as quais são em número tão baixo, que apenas confirmam fortemente essa regra, mas que demonstram que outras condutas são possíveis e muito bem-vindas. Por fim, resta-me lembrar o grande número de delinqüentes que se aproveitam da superlotação dessa linha para furtar sistematicamente os incautos passageiros, que, aliás, também são muitos. Resumindo, a linha 702U é um caos ambulante, em grande parte por culpa nossa, usuários pouco cidadãos.

No coletivo não há coletivo

Constatada a morte da mãe-educação, cuja "causa mortis" é o descaso de autoridades e sociedade, percebemos que três de seus filhos - a solidariedade, o respeito e a cidadania - perambulam à pé pelas ruas, rotos e maltrapilhos, totalmente esquecidos. Diz o aviso: "Assento reservado...", mas os únicos passageiros que costumam freqüentar este assento são o egoísmo, a ignorância e a preguiça. Nos coletivos, esqueceu-se o coletivo. Só há o eu e o agora. São centenas de umbigos ensimesmados, atropelando-se, xingando-se, matando-se pouco a pouco. A morte da mãe-educação transformou-nos em bichos que falam. Só isso.


Texto publicado originalmente na mostra "Coletivo: Kaos", de Fábio Reoli, http://maternidadedotexto.zip.net/

Os grotescos assolam o Brasil

No Brasil, devido a várias circunstâncias históricas e geográficas, temos o ambiente propício à proliferação dos grotescos. Na minha concepção, os grotescos surgem quando não possibilitamos a formação de verdadeiros cidadãos. Eles são os não-cidadãos. Criados no vácuo formado pela falta de boas políticas educacionais e outras deformações econômicas e sociais surgidas no Brasil desde o seu descobrimento e colonização. O Brasil atual é campo fertilíssimo para a procriação desenfreada de grotescos. E não pensem os leitores que os grotescos são apenas pessoas desprovidas de educação formal. Não, há um número altíssimo de grotescos pós-graduados e pós-doutorados que perambulam por várias esferas decisórias do poder constituído. Brasília é um centro irradiador de grotesquices, talvez o maior deles. Oligarquias e monopólios industriais também contribuem enormemente para a manutenção da grotesquice em nosso país. A grande mídia televisiva e escrita também tem os seus representantes pró-grotesquice que não fazem nada para melhorar os níveis de cidadania e consciência do nosso povo. Muito pelo contrário, há décadas que atuam apenas para garantir as benesses já conquistadas pela minoria mandante. Enfim, grotescos existem aos borbotões, e assolam as ruas, empresas, universidades, hospitais, ou seja, todas as instâncias e lugares desse enorme país. Atualmente, por onde quer que andemos, vemos demonstrações de toda sorte de grotesquices, seja pela falta de educação, seja pela ausência total de solidariedade com as outras pessoas, seja pelo egoísmo e pela mesquinharia. Basta tomarmos como exemplo mais gritante a conduta da maioria dos brasileiros no trânsito, onde o desrespeito a tudo e a todos grassa vergonhosamente. Temos muito a falar sobre grotescos e grotesquices, mas fica para outras oportunidades, pois o material infelizmente é farto e já foi objeto de um manual elaborado por esse seu criado. A minha intenção é abrir a discussão sobre esta realidade, que acredito afetar aos leitores tanto quanto a mim.

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