quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A cidadania não utiliza a linha 702U

Como é do conhecimento de todos que utilizam o transporte público em São Paulo, principalmente os ônibus, as condições são degradantes e a superlotação faz parte da rotina. É uma questão política, bastante repisada em todos os debates sobre o trânsito caótico de São Paulo. Porém, não vemos nenhum empenho efetivo dos nossos governantes em resolver o problema. Os que têm carro alegam que não usam o transporte coletivo porque não oferece condições ideais. Os que obrigatoriamente têm de se sujeitar aos ônibus, vans, trens e metrôs o fazem por absoluta necessidade, e são os que mais sofrem. Pelas condições indignas e pelos recorrentes atrasos causados pelo trânsito caótico ou pelas constantes lentidões dos transportes sobres trilhos. Ciclovias e faixas destinadas aos pedestres, tão maltratados e ignorados pelas autoridades de trânsito e motoristas, talvez ajudassem a amenizar o problema, além de serem alternativas saudáveis para os deslocamentos diários. Enfim, é uma questão em aberto, com a qual, parece, que todos começam a se preocupar. Do contrário, São Paulo vai parar muito em breve. Afora tudo isso, o que me motivou a escrever este post é a constante falta de urbanidade e solidariedade que constato nos ônibus de São Paulo. Como sou usuário da linha 702U (Butantã USP / Pq. Dom Pedro), refiro-me mais especificamente a ela, que tem o diferencial de transportar a "nata" da futura intelectualidade brasileira.Definitivamente, o respeito ao próximo e a preocupação com o coletivo (nas duas acepções da palavra) não fazem mais parte das prioridades da maioria dos paulistanos, incluindo-se aí até aqueles mais esclarecidos, que deveriam dar exemplos aos menos letrados.Atitudes grotescas como deixar de ceder o assento a idosos, gestantes e deficientes são vistas todos os dias. Jovens que usam suas enormes mochilas nas costas, atravancando os já abarrotados corredores dos ônibus, sem qualquer preocupação com o entorno. Desavisados que obstruem as portas de saída dos ônibus e metrôs, impedindo a passagem dos que pretendem descer. Folgados que vão descer no próximo ponto, mas deixam para levantar no último minuto, transtornando a vida de muitos outros usuários e irritando profundamente os motoristas e cobradores. Some-se a isso, a grotesquice de muitos motoristas e cobradores, que em muito contribuem para tornar as viagens ainda mais caóticas e desrespeitosas. Motoristas que não atendem ao sinal de parada dos usuários. Cobradores inoperantes, que passam o tempo todo dormindo ou falando bobagens, sem auxiliar efetivamente no bom andamento das viagens. É Claro, e é bom que se registre, que existem exceções, as quais são em número tão baixo, que apenas confirmam fortemente essa regra, mas que demonstram que outras condutas são possíveis e muito bem-vindas. Por fim, resta-me lembrar o grande número de delinqüentes que se aproveitam da superlotação dessa linha para furtar sistematicamente os incautos passageiros, que, aliás, também são muitos. Resumindo, a linha 702U é um caos ambulante, em grande parte por culpa nossa, usuários pouco cidadãos.

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