terça-feira, 1 de março de 2016

QUE TAL?

Como bradam e vociferam os estúpidos, preconceituosos e ignorantes!
Para cada brado, uma alternativa.
Em vez de matar, que tal educar bem?
Em vez de prender depois, que tal dar opções de desenvolvimento antes?
Em vez de mérito apenas pelo sobrenome ou ascendência, que tal oportunidades iguais?
Em vez de cartas marcadas, que tal chances para todos?
Em vez de palavras e atitudes idiotas de intolerância, que tal respeitar as diferenças?
Todas - absolutamente todas - as pessoas são diferentes entre si.
Todas têm singularidades, peculiaridades, idiossincrasias.
Que tal considerá-las todas - absolutamente todas - como gente que são?
Que tal não separá-las por cor, origem, opção, aparência, limitações, credo ou status?
Que tal não se achar melhor do que ninguém?
Que tal não avaliar os livros apenas pelas capas?
Que tal parar de chamar menor infrator negro e pobre de bandido e bandido rico, branco, drogado e motorizado de jovem?
Que tal parar de querer apenas para si e os seus e pensar um pouco no entorno e no todo?
Que tal deixar de bajular apenas quem tem dinheiro e poder somente pelo fato dele(a) ter dinheiro e poder?
Que tal parar de dar importância somente a sobrenomes e passar a dar importância a caracteres?
Que tal parar de dar importância apenas a bens e objetos e passar a dar importância a ideias?
Que tal respeitar e tratar bem mulheres e crianças como elas devem ser respeitadas e bem tratadas? 
Que tal respeitar, valorizar e aprender com a sabedoria e experiência dos idosos?
Que tal respeitar, valorizar e aprender com a garra e rebeldia dos jovens?
Ninguém está sozinho, ninguém faz nada sozinho, ninguém é autossuficiente. 

Que tal pensar, sugerir, agir e fazer deste mundo um lugar melhor para todos, absolutamente todos?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

TCHONGONILDO - O Direita Pão Com Ovo

Tchongonildo está com cinquenta anos. Meio século de despreparo mental. Nascido na década de 60, amargou todo o período do ensino fundamental e médio sob o peso da ditadura. Nada ou pouco aprendeu. Ou, por outro lado, o que aprendeu lhe foi ensinado de maneira distorcida e enviesada, em meio aos rigores e proibições daqueles tempos.

Tchongonildo vem da classe média baixa paulistana, dessas famílias que pautam toda a sua vida cultural na programação da Rede Globo, que, por sinal, tem a mesma idade do nosso personagem. Globo e Tchongonildo, tudo a ver, por cinquenta longos anos. Descerebração total e imputação de certos valores (ou desvalores) ao longo de toda uma vida.

Tchongo, como é carinhosamente chamado, acha que o Brasil piorou muito nos últimos doze anos, que a corrupção nunca foi tão grande, e que uma quadrilha se instalou no poder.

Ele considera que a corrupção no Brasil é uma garota mal chegada à adolescência. Esbraveja contra o governo atual, bate panelas quando a presidenta fala em rede nacional e, sempre que convocado, em larga escala pela própria Globo, veste sua camisa amarela da impoluta CBF e vai para a Paulista vociferar contra os petralhas e pedir a volta dos militares, pelos quais ainda nutre tantas saudades.

Cidadão completamente medíocre, no sentido de que representa a média intelectual da população paulistana, Tchongo esbraveja contra aqueles que as revistas, jornais e grandes redes de TV elegem para serem perseguidos e defenestrados da política. Seu pensamento é pautado pela grande mídia.

Tchongo prefere defender os interesses dos abastados, dos bancos e dos seus patrões, pois os considera, em sua parvoíce, uma classe que muito trabalhou até conquistar todos os patrimônios que hoje ostenta.  Mesmo não tendo sido beneficiado por ela, e jamais seria, Tchongo considera a meritocracia como a maneira mais justa de ascensão social para qualquer cidadão. Alardeia o discurso veiculado constantemente na TV, que valoriza aqueles que vencem unicamente pelo esforço pessoal, contra tudo e contra todos, mesmo sendo eles a exceção da exceção na sociedade.

Tchongo não acha necessário que haja cotas para negros, índios, pobres ou portadores de deficiência. Acredita piamente apenas no mérito. Se a pessoa quer algo, basta se esforçar e pronto. Não percebe que há diferenças e disparidades nas linhas de largada desses competidores por um lugar ao Sol.

E assim segue a vida de Tchongonildo, maldizendo todos os políticos que ousem tomar atitudes que venham a beneficiar parcelas anteriormente esquecidas pelos antigos governantes, pelos senhores de engenho e pelos coronéis. Tchongo não acha necessário que nada mude. Entende que deve haver uma divisão entre as pessoas, ou seja, de um lado estão aquelas que têm as coisas, pessoas de bem, e do outro aquelas que não se esforçaram bastante para tê-las, que são os malandros e folgados em geral.

Tchongo é pela pena de morte, pela matança indiscriminada de "bandidos" e pela redução da maioridade penal, sem perceber que até os seus filhos, por serem pobres, podem vir a engrossar as estatísticas de encarceramento e morte violenta da juventude desvalida.

Abre o olho, Tchongonildo! Você está lutando por uma classe que não é a sua, por demandas que não são as dos seus pares. Você é mais um dos tantos que engrossa as fileiras da direita pão com ovo, que come mortadela e arrota caviar.


Ilustração retirada do blog Carcará, link abaixo, cuja postagem é complementar a esta, pois aborda a mesma temática, e a cujos autores de antemão agradeço.

http://carcara-ivab.blogspot.com.br/2014/10/a-direita-pao-com-ovo.html




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