segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Bordoadas e porradas a serviço da cidadania

Às vezes, em certas situações, dá vontade de radicalizar. Já que não vai por bem, na educação, então que seja por mal, na base da grotesquice. O importante é que a mensagem seja passada.
Vi recentemente, em dois programas de televisão diferentes, algumas atitudes estapafúrdias à primeira vista, mas que depois, pensando bem, talvez surtissem algum efeito a médio e longo prazo.
Na primeira, um personagem chamado Ninja, investia abruptamente contra os motoristas que dirigiam ao celular, arrancava os aparelhos de suas mãos e os explodia (ou fingia que explodia) jogando-os ao chão. As “vítimas” ficavam enfurecidas e algumas delas até abandonavam os veículos para pegar o “agressor”. Era uma situação, no mínimo, muito engraçada de se assistir, pois o número de panacas que falam ao celular enquanto dirigem é uma enormidade. E, por conta desse péssimo hábito, ilegal por sinal, além de acidentes, haja desatenção e fechadas nos outros veículos e falta de cuidado e descaso com os pedestres.
Em outro programa, outra idéia parecida mostrava um super-herói ecológico que, juntamente com seu menino-prodígio, atacava as pessoas que praticavam atos grotescos e anti-ecológicos, tais como jogar lixo na rua, derrubar árvores, gastar água lavando o carro com mangueira, deixar a torneira aberta ao fazer a barba e outras atitudes freqüentes nas vidas dos without-notion.
Em tais casos, nossos heróis partiriam para a ignorância e dariam umas bolachas nos incautos folgados. Se o cara jogasse o lixo pela janela do carro, eles pegariam um balde de lixo e jogariam para dentro do veículo, em cima da cabeça do sujismundo. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Lei de Talião, olho por olho, dente por dente.
Outra situação em que a patrulha de super-heróis poderia agir seria aquela em que algum espertinho tentasse furar uma fila. O cara seria jogado à força e sem qualquer cerimônia para o final da fila, onde deveria ter entrado desde o começo.
Também contra aqueles motoristas espertos que utilizam os corredores exclusivos de ônibus nas avenidas ou os acostamentos nas estradas para levar vantagem sobre os outros carros. Nesses casos, os engraçadinhos poderiam ser jogados pelos nossos heróis para fora da estrada ou da avenida, para aprenderem a respeitar os outros e as sinalizações e regulamentos.
Os espaçosos - que nos transportes públicos utilizam indevidamente os assentos reservados para idosos, deficientes e gestantes - também seriam gentilmente compelidos a liberar tais lugares para quem deles realmente precisasse.
Pessoas que andam descuidadas com seus animaizinhos de estimação, os quais vão emporcalhando as calçadas por onde passam, também seriam delicadamente lembradas e convidadas a limpar a sujeira dos seus bichinhos.
Todos aqueles que vêem as ruas como extensão da lata de lixo de suas casas, seriam sutilmente orientados a recolher o lixo recém lançado ao chão para que o arremessassem nos cestos e lixeiras apropriados para esse fim. Eventualmente, como medida educativa complementar, também eles seriam lançados aos cestos de lixo por nossos gentis heróis.
Para aqueles imbecis que por diversos motivos se colocam acima do bem e do mal e discriminam ou tratam as pessoas de maneira diferenciada, dependendo da sua origem ou aparência, as bordoadas viriam céleres, antes mesmo que eles se dessem conta de onde estariam vindo. Aprenderiam rapidamente como tratar igual e respeitosamente a todos os cidadãos, sem distinção.
Em relação à corrupção, falta de decoro parlamentar e prevaricações em geral, nem se fala,
nossos heróis já chegariam metendo porradas a torto e a direito, não dando nem chance aos malandros para começarem com aquelas costumeiras justificativas cheias de milongas.
Pode não ser o ideal, nem politicamente correto, mas se existisse um Big Brother sempre atento a todas as formas de mesquinharia, estupidez e falta de consciência humanas, e que as corrigisse na base dos catiripapos e safanões, talvez melhorássemos rápida e eficazmente os níveis de consciência dos cidadãos brasileiros. Desculpem o desabafo, mas às vezes me dá um desencanto e sinto que por bem nunca chegaremos lá.

5 comentários:

Marcelo disse...

Eu pessoalmente desconfio muito da idéia de um Grande Bedel. Até porque é complicado delegar a alguém a tarefa de definir quais costumes são bons. É a história de Simão Bacamarte. Não dá pra terceirizar o mínimo de cortesia que o cidadão deve ter. O que eu acredito que funciona, isso sim, é a pressão dos pares e o medo de se ferrar. Por exemplo: em Brasília, se um pedestre põe o pé na faixa, todos os carros têm de parar obrigatoriamente, mesmo que o sinal esteja aberto - porque senão a multa é mais forte que a da patrulha da cachaça. Isso funciona. Mas não por uma questão de educação ou de consciência, e sim porque o maior disciplinador do mundo é o bolso. (Sim, eu não poderia ser prefeito nem a pau - sofreria impeachment no segundo dia, só com as multas que criaria.)

Gustavo Martins disse...

Dá-lhe alta. Adoramos esses seus desabafos cívicos. Mas se vc morasse em CWB ia mudar de idéia em algumas coisas...

Pergunta: man, vc escreve muito, mas muito bem mesmo. Não é jornalista mas faz o que? Tem algo de redator/escriba nisso.

Sobre o FDS em sampa, depoi spassamos os detalhes por mail, mas vai tentando um alvará pro dia 11, pq o amigo aqui, pra variar, errou na data.

Abrax!

Anônimo disse...

Minha mãe é professora de literatura. E professores de literatura sabem MUITO sobre a vida, não por serem melhores que os outros, mas por conhecer todo tipo de mente salafrária que existe na ficção - e que não são diferentes dos da vida real. Pois bem, ela sempre diz que o problema do Brasil é que o povo brasileiro ainda não assimilou cultural e civicamente a idéia de república, da rés-pública, da coisa pertencente a todos, dos espaços comuns, etc. Ainda tratamos o governo como se fosse dono dos espaços públicos e como se fosse uma entidade (absoluta) que se opõe ao povo, e não como representantes do que é nosso. Identifiquei muito as reflexões dela com o que você escreveu. E chegar ao ponto de sentir a necessidade de se aplicar a lei de Talião, algo tão primitivo, é triste, não? Eu também sinto esta necessidade.

Flávia disse...

Olha que coincidência.

Há alguns dias fui visitar meus sobrinhos e, agora que tenho que andar de ônibus (porque meu carro foi roubado, mas isso é outra história), ando observando alguns detalhes que antes não eram tão óbvios. Pois bem, um desses detalhes foi justamente uma praça recém inaugurada, que apesar da condição de RECÉM estava já incompreensivelmente pichada e depredada. E o pensamento que tive nessa hora foi semelhante ao que tive lendo seu post: o que chega lá no Planalto Central é o espelho daquilo que o povo é. Se para a esmagadora maioria da população cidadania e consciência ainda são uma incógnita, não se pode esperar que o poder vá parar em mãos sequer razoavelmente limpas.

E olha que eu sou otimista.

E muito obrigada pelos elogios que fez ao post da Iasmim, fiquei muito feliz! A música é sensacional mesmo, achei que tinha um astral legal, bem parecido com a idéia do poema... enfim, brigadão mesmo. =D

Promotora cultural? Sabe que é uma idéia, rs?

Beijos!

Anônimo disse...

rs eu tbem to começando a perceber que tu escreve maravilhosamente bemmmm

todos os textos perfeitos

isso ai Exmo Sr. Altamir

aqueleeee fim de semana


beijooo

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