quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Atrofia mental

Vivemos dias de atrofia mental. Somos, todos, bombardeados por mesmices midiáticas que pautam e uniformizam as posturas e os comportamentos das pessoas. Haja BBBesteiras estampadas diariamente em todos os sites, jornais e revistas. Tais "notícias" têm destaque nas primeiras páginas (eletrônicas ou impressas) de todos os grandes e poderosos veículos de comunicação, como se fossem "assuntos" realmente relevantes para toda a sociedade.
As fofocas e notícias desimportantes tomaram conta do noticiário. Publica-se (às vezes em tempo real, como no Twitter) aonde está, com quem está e o que está comendo a celebridade X. Que a celebridade Y está fazendo compras no shopping tal. Que o participante Zezinho do reality show não sei das quantas está maquinando planos para ficar com a Mariazinha. Façam-me o favor! É muita baboseira e desinformação para um povo que já tem a infelicidade de contar com um sistema educacional tão deficiente quanto é o brasileiro. É municiar de padrões estéticos inalcançáveis, de obejtivos estapafúrdios e utopias deformadas, as cabecinhas já tão despreparadas de enorme parcela da nossa gente.
Apresentadores de peso se esmeram para tentar tornar interessantes os folhetins ridículos e vazios que são "encenados" nos infindáveis BBB´s da vida.
É até compreensível que tais programas e notícias existam e tenham seu público. O que é de lascar é que sejam alçados ao patamar que atingiram de importância e relevância.
Realmente, caminha-se vertiginosamente para o dia em que todas as pessoas se tornarão montanhas de músculos, botox, piercings e tatuagens. Sem esquecer do bronzeamento artificial e das escovas progressivas, hoje tão em voga. Quanto ao conteúdo, aparência e musculatura cerebral, não há que se preocupar, pois isso não tem importância. Apenas a aparência é importante.
Não há mais espaço nos meios de comunicação de massa para a autenticidade, para a originalidade e para a inspiração. Os poucos programas que ainda apresentam boas atrações são veiculados nas televisões educativas, que têm maior nível de independência e liberdade.
Nos últimos tempos, pude assitir nesses canais (Como TV Câmara, TV Justiça ou Canal Universitário) algumas entrevistas com pessoas realmente interessantes, totalmente fora dos padrões globais e "vejísticos" de comportamento, ações e intenções.
Falo dos escritores e poetas Fabrício Carpinejar e Ademir Assunção. Pessoas de conteúdo e criatividade, que merecem a nossa atenção, por terem a capacidade de nos fazer pensar e vislumbrar outras perspectivas do mundo e da vida cotidiana.
Sei que é difícil, mas acho muito importante que pessoas com conteúdos e formas diferentes dos padrões estabelecidos possam também ter os seus trabalhos e ideias veiculados e divulgados nos meios de comunicação. Precisamos, todos, de mais diversidade, de mais possibilidades, de mais espontaneidade. Ou seremos, muito em breve, uma legião de cérebros completamente atrofiados e compactados.

2 comentários:

Tânia Peixoto disse...

Maravilha, Altamir!

Voce disse tudo e sintetiza, de maneira singular, exatamente o que penso acerca da atual realidade brasileira, em muitos dos seus aspectos.
É crucial o momento que vivemos. A nossa inteligência é subestimada, posta à prova cotidianamente. O intuito de tudo isso? É mesmo o de atrofiar o nosso cérebro, de despolitizar, de "colonizar".
Às vezes, me assusto com o rumo que as coisas estão tomando e penso que esse processo é irreversível.
Belo texto, meu caro!

Abraço grande aqui do Cariri!
Tânia Peixoto

Altavolt disse...

Obrigado pela paciência da análise muito bem feita, Tânia.
Da próxima vez, deixe os endereços dos seus blogs, para que eu possa acessá-los,ok?
Beijo, Altamir.

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