domingo, 3 de agosto de 2014

O país dos sem-memória, dos indignados seletivos e dos vira-latas

Atualmente, tem sido muito comum nos depararmos com manifestações raivosas de parte da sociedade brasileira contra o governo federal, nas quais falam basicamente que o país nunca esteve tão mal, que a inflação está voltando e que a educação, a saúde e a segurança estão sucateadas.

De fato, concordo que o Brasil ainda tem muito o que fazer em relação à educação, saúde e segurança pública, contudo, este momento não é, nem de longe, o pior momento da história do Brasil, como alguns desmemoriados mal-intencionados querem fazer crer aos incautos.

O Brasil avançou muito de 20 anos para cá. Entretanto, os últimos 12 anos foram realmente decisivos na implantação de várias políticas públicas que diminuíram sensivelmente a desigualdade social e possibilitaram a milhões de brasileiros saírem da miséria e pobreza extrema. 
Notícias sobre inflação comuns nos anos 80.

Mesmo assim, há pessoas na sociedade brasileira, que insistem de maneira sistemática, em propalar as teorias do caos que atacam as gestões Lula e Dilma com uma raivosidade exacerbada, tentando convencer os menos letrados de que o Brasil nunca esteve tão mal, de que a corrupção nunca foi tão grande e de que a saúde educação e segurança nunca foram tão deficientes.

Nada disso é verdade, e para isso, basta que as próprias pessoas comparem a vida que tinham há 12 anos e a maneira como vivem hoje.

Essa falta de memória, intencional para aqueles que sempre estiveram bem no Brasil, mesmo quando a maior parte dos brasileiros estavam à margem ou abaixo da linha da pobreza, também é compactuada por cidadãos mais simples, que são bombardeados pelas notícias, principalmente na TV, que dia após dia batem na tecla de que o Brasil vai muito mal e que a inflação, que é baixíssima e sob controle atualmente, está à espreita para voltar a qualquer momento.

Quem tem menos de 25 anos no Brasil não sabe e nunca viveu os tempos da inflação realmente galopante dos anos 80.

As décadas de 70 e 80 foram pródigas em maltratar o povo brasileiro mais humilde, uma vez que estávamos sob o jugo dos militares e de presidentes civis incompetentes, mancomunados com o status quo vigente à época, como era o caso de Sarney.

Naqueles anos, não se falava em cotas sociais, em políticas de reparação de desigualdades, em unificação e promoção do ensino superior. Não se falava em nada que pudesse minimizar o abismo social que dividia ricos, classe média e pobres.

Após junho de 2013, outra figura surgiu no panorama social brasileiro: os indignados seletivos e apartidários. Brasileiros que protestam contra tudo, mas que só atacam a figura da presidenta Dilma e as gestões do PT.

Os seletivos acham o máximo o julgamento e condenação dos petistas envolvidos no mensalão, mas não cobram a mesma rigidez da justiça para todos os outros inúmeros, mais vultosos e mais antigos casos de corrupção espalhados por todo o Brasil e por toda as esferas da administração pública.

No fundo, percebemos que o que na verdade indigna os seletivos é o aumento da igualdade de oportunidades atualmente vivido no Brasil. Indignados seletivos não se conformam de que hoje haja mais gente participando de atividades que há 20 anos só a eles eram permitidas, como andar de avião, fazer faculdade, ter carro próprio e acesso a bens de consumo e eletrônicos.

Os indignados seletivos são egoístas e querem o retorno aos tempos em que só eles podiam ostentar e se mostrar melhores economicamente do que a maior parte da população.

Um terceiro tipo de brasileiro também joga contra todas as iniciativas das gestões petistas: os vira-latas. Esses, adoram endeusar tudo o que venha de fora, do estrangeiro, mas vivem depreciando tudo o que seja feito aqui em nosso país.

Vira-latas - que muitas vezes também são simultaneamente sem-memória e indignados seletivos - se ressentem dos tempos em que só eles podiam se esbaldar em viagens ao exterior e voltar ao Brasil arrotando experiências e histórias que estariam reservadas apenas a pessoas pertencentes à sua estirpe.

Hoje, se condoem com a popularização das viagens e intercâmbios, que estão mais acessíveis a todos, situações em que mais brasileiros podem conhecer outros países e sentir na pele que o Brasil não está tão ruim e é realmente um dos melhores países do mundo para se viver.

Termino enfatizando que há muito a fazer neste país, mas que muito está sendo feito e já faz parte da vida do nosso povo. E de maneira nenhuma vivemos os piores momentos do Brasil, como a mídia e os mal-intencionados poderosos querem nos fazer crer.

Foram quinhentos anos de mandos e desmandos do capital e da casa grande sobre a senzala. Hoje, a senzala está sendo cada vez mais abandonada, e seus antigos moradores começam a viver em casas dignas, um pouco mais parecidas, ainda que bem menores, com as casas grandes. Não podemos retroceder. Agora, só nos cabe avançar mais e mais. 

2 comentários:

Pedro Pessoa Tardelli disse...

Compartilhado no facebook. Muito bom! Abraços!

Anônimo disse...

Texto preciso, com análise bastante criteriosa.
Acredito que poderia ser um pouco mais conciso, com períodos mais enxutos.
Infelizmente as gerações hodiernas não conseguem ler artigos com mais de 4 parágrafos...
Abraço forte ao amigão Altavolt!!!

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