quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quem não respeita uma fila não respeita ninguém

Todos no Brasil já devem ter passado por essa experiência: A pessoa está numa determinada fila e de repente surge algum espertalhão se fazendo de desorientado e tentando se infiltrar e furar na frente dos outros incautos. Outra modalidade bastante conhecida é a do sujeito que, ao se aproximar de qualquer fila, principalmente as mais longas e tumultuadas, logo procura por algum conhecido que permita a sua entrada indevida na frente dos menos espertos.
Desrespeitar a fila de idosos e pessoas com deficiência também é uma atitude à qual muitos sem-noção se entregam sem a menor cerimônia, na maior desfaçatez. No país do jeitinho e da lei de Gerson, o importante sempre foi levar vantagem em tudo, certo?
Ignorar assentos reservados em transportes coletivos. Utilizar indevidamente vagas de estacionamento para idosos e deficientes. Estacionar na frente de rampas de acesso para cadeirantes. Todas essas também são atitudes de pessoas que não respeitam nem a si próprias, pois todos nós, em algum momento da vida, poderemos nos encontrar na situação de precisar dessas instalações e dessas necessárias benesses, que, se respeitadas e corretamente utilizadas, tanto facilitam a vida de quem tenha ou esteja com algum problema de locomoção.
Mas, voltando à questão da fila, é comum notarmos que os folgados que a furam, quando muito, se preocupam em dar uma desculpa esfarrapada apenas para a pessoa que ficou imediatamente atrás deles, como se a sua atitude não estivesse prejudicando também a todos os demais que ali estão.
É no mínimo que se conhece o máximo. Do que será capaz um sujeito que não tem consciência ou respeito com os outros para se comportar devidamente em uma simples fila? Com certeza não pestanejará em auferir outros tipos de vantagens ilícitas ou indevidas nas outras searas da sua vida. Jamais, sempre que tiver oportunidade, se furtará a passar a perna nos incautos que o rodeiam. Dificilmente será capaz de um gesto solidário, digno ou nobre para com as demais pessoas.
Do que será capaz o elemento saudável que estaciona seu veículo, mesmo que por uns minutinhos -como esses sem-vergonha costumam se justificar - em vagas e lugares reservados para pessoas especiais? Com certeza não respeitam nem os próprios pais e nem a si mesmos daí a vinte ou trinta anos.
Essa questão é mesmo de cidadania, ou melhor, de falta dela. No Brasil, nossa educação pública de base, além de muito deficitária, jamais se preocupou em formar cidadãos na concepção plena dessa palavra. Nossas precárias escolas não preparam as pessoas para a vida em sociedade e não dão nenhuma importância à formação de cidadãos, que sejam plenamente conscientes dos seus direitos e deveres. Nossas escolas tem repercutido completamente aquilo que se vê na atual e massificada sociedade de consumo, ou seja, o individualismo exacerbado acima de tudo. Parece que está fora de moda propiciar às pessoas ferramentas e orientações que possibilitem um aprendizado voltado para o coletivo, para o todo e para o entorno. Sabemos que ninguém vive ou sobrevive sozinho, então é necessário formar indivíduos íntegros, solidários e participativos, e não apenas criaturas ensimesmadas, abobalhadas e ridículas, que valorizam tão somente o próprio umbigo.   

Procurando imagens para ilustrar este post, conheci o blog www.afilanossadecadadia.wordpress.com  ao qual dou o crédito e, além disso, recomendo, pela similaridade com o assunto abordado neste texto.


4 comentários:

Vampira Dea disse...

Boa pergunta, o que passa na cabeça desse cidadão? A educação anda escassa a ponto de acharmos estranho quando a encontramos.
Muito bom os seus questionamentos.

Altavolt disse...

Dea: É isso aí, tem momentos em que ser educado chega a causar estranheza nas outras pessoas. Valeu.

Posto abaixo o comentário da amiga Fátima Rodrigues, a pedido dela:

Realmente as pessoas hoje em dia acham que educação não faz parte da vida mas querem que todos sejam educados com eles. O que falta na maioria das pessoas é respeito para com os demais. Sair de sua posição “especial” e agir com a educação que, com certeza teve na família, independentemente da escola, deixar a libertinagem de lado e usar a racionalidade em todas as situações não esquecendo de que podem ser “a próxima vitima”.


Valeu, Fátima!

Tânia Peixoto disse...

Questão pertinente e atual, Altamir!
Fico profundamente incomodada com esse tipo de situação, porque percebo o mundo de forma menos individualizada e mais voltada para o TODO. No entanto, vejo que o caminho tomado pela maioria das pessoas somente as conduz para o centro de si mesmas: o próprio umbigo... Isso é preocupante, meu amigo.

Altavolt disse...

Olá, Tânia,

Realmente, os próprios umbigos tem cada vez mais se tornado os centros do estreito Universo da maioria das pessoas. Lamentável.

Beijo!

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