domingo, 22 de abril de 2012

Considerações de um diletante sobre o "Jornalismo Lado B"

Estava eu praticando minha caminhada de domingo, em meio às elucubrações das ideias e propostas lançadas e discutidas no curso "Jornalismo Lado B", do Instituto Barão de Itararé, quando nos meus fones de ouvido a letra de uma das músicas da Nação Zumbi trouxe uma frase precisa, que se encaixava no contexto e no cerne de toda essa discussão: "...Mais perto da essência, o sentido respira,  consumido no perfume que vem..." Aliás, com um pequeno aparte, recomendo a todos que ouçam sempre as músicas de Chico Science, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, pois todas são sempre muito boas para ficar pensando melhor e mais claro. Essas letras e músicas deveriam ser estudadas nas escolas, conforme a excelente sugestão do Azenha,  juntamente com muitos outros materiais audiovisuais criativos e alternativos, que podemos encontrar nas televisões públicas, na mídia alternativa e até mesmo no lado claro e positivo da Internet.
Mas, voltando à vaca fria, a música "Prato de Flores" traz em sua letra, conforme trecho sublinhado acima, a importância que existe em vivermos sempre, diante de qualquer aspecto de nossas vidas, perto da nossa essência, pois perto dela, nossos sentidos sempre estarão melhor amparados pela nossa verdade, pelos nossos princípios. Nada será mais belo ou verdadeiro do que qualquer trabalho que façamos balizados pelos nossos próprios e verdadeiros parâmetros interiores. Sempre que seguirmos verdades e imposições alheias em detrimento das nossas convicções soaremos falsos, fakes, ou seja, seremos cópias dos outros, ou então fantoches, jamais seremos nós mesmos. É claro que as boas influências, os grandes profissionais e tudo de bom e criativo que nos rodeia pode e deve ser utilizado e aproveitado por nós, mas apenas com o sentido de inspiração, sendo que sempre deveremos procurar acrescentar algo de novo e útil aos bons métodos e ideias alheias que porventura nos sirvam de inspiração. A cópia pela cópia dos padrões impostos como certos e válidos jamais trará nada de positivo ou interessante a qualquer meio de trabalho em que estejamos inseridos.
Como coloco no título deste post, sou apenas um diletante, um amador, que adora estar bem informado, mas não apenas isto, que procura no dia-a-dia separar o joio do trigo, principalmente em relação às posturas e ações políticas de nossos homens públicos, bem como daqueles, que por fazerem parte da mídia, são responsáveis por divulgar todos os acontecimentos e fatos, sejam políticos ou de que natureza forem.
Além disso, entendo que precisamos resgatar o sentido de coletividade e bem-estar geral em nossas vidas. De nada adiantará termos uma vida profissional extremamente bem sucedida se ela, em última análise, não puder oferecer uma contribuição concreta, útil e desinteressada à vida das pessoas que nos rodeiam.
Entendo que todos nós, jornalistas ou não, que nos propomos a interagir de alguma forma com o mundo, precisamos manter nessa relação o maior grau de honestidade e verdade possível, mesmo que a nossa verdade possa não condizer exatamente com os modismos e imposições midiáticas e propagandísticas do momento. Um posicionamento sincero e honesto, mesmo que não seja entendido imediatamente, será entendido por todos com o passar do tempo. Às vezes, o que é correto, justo e valoroso fica sucumbido pelos ditames da moda, pelas imposições do capital ou pela manifestação da vontade daqueles que detém o poder, seja político ou econômico. Porém, demorando ou não, a verdade sempre prevalecerá.
Por isso, volto ao ponto inicial, quem mantém a coerência interior e a firmeza de propósitos em todos os aspectos da sua vida, dificilmente cairá em contradições, sejam pessoais ou profissionais. Por outro lado, quem se deixa levar pelas tendências de mercado, pelos atalhos fáceis e pelas imposições alheias, corre o sério risco ser tido como incoerente e suscetível às influências daninhas e oportunistas.
É claro que, com  todas as novas tecnologias à disposição, alguns aspectos profissionais vão se alterando e evoluindo com o tempo, mas, como já foi dito algumas vezes nas palestras deste curso, o conteúdo e as ideias sempre continuarão sendo a base de todo o bom trabalho que qualquer profissional venha a criar ou executar. Acho, por fim, que para todos nós, o que deve nos mover para realizar trabalhos dignos e úteis à sociedade seja o legítimo interesse de que toda ela evolua conjunta e continuamente, aumentando a inclusão em todos os setores e diminuindo as diferenças e injustiças sociais que ainda campeiam por esse imenso Brasil.               

5 comentários:

Tânia Peixoto disse...

Excelente reflexão, Altamir! Sempre muito pertinente, diga-se de passagem. Fiquei, apenas, um tanto reflexiva sobre essa questão da verdade de cada um... Voce não acha que, em determinados casos ela pode ser uma "faca de dois gumes"? Às vezes, quando agimos em consonância com aquilo que para nós é o mais acertado, o mais justo, pode não o ser para o outro (que também tem a sua verdade) e este, em situações diversas sentir-se ultrajado?
Sigo, como voce, muita atenta ao que vem "de cima para baixo". Faço escolhas, cotidianamente, não me deixo levar, não. (risos) Andar na contramão é um desafio doloroso, ao mesmo tempo que agregador e muito gratificante.
Sou fã desse seu cantinho!

Grande abraço aqui do Cariri cearense,
Tânia Peixoto

Altavolt disse...

Olá, Tânia!
Sempre marcando presença neste humilde espaço tão abandonado! rsrs
A reflexão que fiz acima ficou um pouco prejudicada, pois a elaborei dentro do contexto do curso Jornalismo Labo B, do qual estou participando. Fiquei com algum receio de que o "público externo" eventualmente ficasse com dúvidas. Essa verdade pessoal que eu abordo seria a dos jornalistas ou congêneres, como nós, principalmente os jovens, que no curso em questão são a maioria, de que eventualmente pudessem se achar diante do dilema de escrever de acordo com as suas convicções ou atender às diretrizes do órgão de imprensa a que estão subordinados. Foi abordado em uma das palestras, que muitas vezes, se o profissional faz um trabalho seguindo orientações distantes da sua "essência", pode vir a se dar mal futuramente, devido à possível falta de coerência. De qualquer forma, agradeço o seu esforço para participar dessa discussão tão localizada, à qual os organizadores e participantes do curso em questão não deram a mínima.

Abraço de Sampa.

Altamir

Tânia Peixoto disse...

Oi, Altamir!

Sua reflexão não ficou prejudicada. Entendi o contexto no qual ela está inserida e fiquei à vontade para trazê-la para o nosso universo mais pessoal. Gosto muito de pensar, mesmo, sobre os conceitos que vão sendo estabelecidos para dizer o que é a verdade... E penso que, para além da verdade de cada um, deve haver uma outra, que ainda estamos aprendendo a conhecer, ou construir...

Um abraço!
Tânia Peixoto

Eraldo Paulino disse...

Tenho achado ótima a sua maior produção ultimamente.

Você e suas reflexões fazem muita falta (e tua dica de livros são impagáveis)

Abraço!

Altavolt disse...

Obrigado pelo apoio de sempre, caro Eraldo.
Abraço.

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