segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A cidade dos carros

Em São Paulo, hoje, tudo é voltado e (mal) planejado para as necessidades dos automóveis. Parece que as pessoas, em sua imensa maioria, desaprenderam a caminhar ou a se deslocar de outras maneiras. Mesmo para trajetos de 500m, as pessoas optam pelo uso do automóvel, talvez até pelo suposto status que o veículo particular possa conferir ao cidadão. Há uma enorme preocupação da prefeitura em cuidar das pistas de rolagem, mas nenhuma preocupação em manter as calçadas minimamente trafegáveis para os pedestres e cadeirantes. É como se as calçadas fossem terra de ninguém; como se nenhum incauto fosse ousar caminhar a pé por elas. Acontece que há milhares de paulistanos que, por consciência ou por falta de opção, precisam caminhar pelas calçadas. E como é duro ser pedestre em Sampa. Em muitos casos tornam-se praticamente invisíveis, pois os motoristas jogam seus carros sobre eles sem a menor cerimônia, dando ainda a entender que eles, pedestres, os estão atrapalhando em suas manobras, principalmente nas entradas e saídas de garagens. É como se a calçada deixasse de se ser sobretudo o caminho reservado aos pedestres para ser, prioritariamente, entrada e saída de veículos.
Além disso, os níveis de grotesquice dos motoristas tem passado de todo e qualquer limite aceitável. Eles metem as mãos nas buzinas a qualquer pretexto, a qualquer hora, não importando se a zona é residencial, ou se há crianças e idosos por perto. É a barbárie. E na maioria dos casos, as grotesquices são produzidas por pessoas que se auto intitulam como sendo de bem. Parece haver muita gente que acha que educação, respeito e boas maneiras não precisam se estender ao trânsito motorizado.
Agora, com a fiscalização pegando pesado e multando em relação ao respeito às faixas de pedestres, talvez os grotescos motoristas paulistanos sejam compelidos por força de lei a respeitarem um pouquinho mais esses seres que se arvoram a cruzar o seu caminho, também chamados de transeuntes. Onde já se viu? Gente comum querendo transitar a pé em São Paulo!?! Nessa cidade só se anda motorizado, com uma verdadeira armadura sobre rodas!
Se você não tem carro porque não pode ou porque não gosta de dirigir, azar o seu! Aqui não é o seu lugar!
As preocupações dos governantes com o transporte público estão muito aquém de onde deveriam estar. Os investimentos em transportes integrados, que possibilitem aos cidadãos se moverem de maneira rápida e digna em São Paulo são infinitamente menores do que efetivamente essa cidade precisaria. E olhe que as passagens são caras. Pagamos caro para andar como sardinhas em lata, em ônibus e trens cujos horários e frequência de partidas sempre estão longe de serem os ideais, gerando a superlotação cotidiana.
Preocupações do poder público com os ciclistas, praticamente não existem. Pouco se investe em ciclovias e em reais incentivos para que a população adotasse de maneira segura e confortável o uso das bicicletas em nossas ruas e avenidas.
Por enquanto, tudo se resume aos carros, tudo se destina aos carros. Eles são os donos das ruas e dos corações e mentes da maioria das pessoas, inclusive daquelas que detém o poder e que, se quisessem, poderiam começar a mudar essa situação.
Enquanto isso, ser pedestre, usuário de transporte coletivo, motociclista ou ciclista em São Paulo são atividades de alto risco, para as quais não há garantias ou preocupações por parte de ninguém.

3 comentários:

Eraldo Paulino disse...

A idéia de que carro particular trás conforto é mais uma das mentiras do capitalismo. Preterir transporte particular a transporte público de qualidade é a principal razão do caos urbano que vivemos.

Abs, grande Alta!

Altavolt disse...

Salve, Eraldo!

São comentários como o seu que enriquecem e possibilitam a discussão e o crescimento! abraço!

Anônimo disse...

é impressionte como as pessoas gostam de excluir os outros e depois falam dos outros. Como diria eu: Umas pessoas dizem "Sai da aqui que este lugar é meu"

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