quarta-feira, 27 de abril de 2011

Chico Science - A falta que o líder faz


Há quatorze anos perdíamos, precocemente, o grande artista Francisco de Assis França - o inesquecível Chico Science - em um acidente automobilístico.

A falta que o mangue-boy faz no cenário musical brasileiro ainda pode ser sentida até hoje, pois, ao contrário de outros importantes artistas mortos recentemente, Chico Science ainda não havia tido tempo de explorar todo o seu potencial criativo, que era impressionantemente elevado.

Ele foi o líder de um movimento cultural, o mangue beat, que ainda hoje pode ser considerado a última grande revolução no panorama musical brasileiro, além de render frutos. Tudo de novo e relevante que aparece na música brasileira, atualmente, ainda tem alguma ou muita influência das ideias e sacadas geniais de Chico Science e da Nação Zumbi.

Eles surgiram na grande mídia do sul maravilha em 1993, e, desde aquele início, já diziam fortemente a que vinham e quais eram as suas intenções. Vinham para literalmente balançar as estruturas da nossa, àquela altura, insossa produção cultural e musical.

Aquele período era um marasmo só. O rock nacional já havia passado do seu auge. A MPB só mantinha seus grandes nomes. O axé, o sertanejo e o pagode dominavam todas as rádios e canais de Tv à custa de muito jabá das gravadoras. Ou seja, a mesmice e a falta de inventividade reinavam absolutas.

Em meio a tudo isso surge o furacão Chico Science, liderando outras pessoas e bandas também geniais, como Fred Zero Quatro, Otto, Mestre Ambrósio, bem como a própria Nação Zumbi, que ficaria órfã do seu mentor tão cedo e, mesmo assim, continuaria produzindo muita coisa interessante nos anos seguintes.

Li uma declaração do talentoso cantor Seu Jorge, na qual ele afirmava que, naquele início dos anos 90 tinha a intenção de criar uma musicalidade alternativa e diferente, mas que depois de assistir a um show da ainda iniciante Nação Zumbi, sentiu que tudo o que podia haver de mais novo e interessante na música já estava sendo criado por aquele grupo de recifenses. Segundo ele, depois daquela explosão de ideias e sonoridades, tudo o mais ficava parecendo brincadeira de criança.

Para mim, Chico Science foi o último revolucionário da nossa cultura, pois conseguiu, com seu talento criar uma música poderosa, dotada de mensagens e ideias renovadoras. Foi eficiente ao criar letras e músicas que diziam muito. Provou que é possível ser criativo e popular ao mesmo tempo. Provou que inteligência e conscientização cabem e são necessárias para todos, em qualquer contexto.

Além disso, frise-se que ele morreu durante os preparativos para o carnaval de 1997, quando trabalhava arduamente - e por isso corria tanto - para oferecer uma alternativa popular, mas de qualidade, aos tchans e axés da Bahia, que assolavam ininterruptamente os ouvidos de todos naquele período.

Podem notar, todos os talentos verdadeiros que surgem atualmente, de alguma forma, ainda bebem na fonte do inesgotável Chico Science.

Um comentário:

Cleyton Cabral disse...

Vc anda sumido. Como vai? abs

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