Ultimamente, tenho notado, talvez por causa das redes sociais, que tanto facilitam a circulação de todos os tipos de ideias e propostas, que muita gente tem descido, cada vez mais, a lenha em nós mesmos, os humanos.
Postam as brincadeiras de um lindo cãozinho e em seguida alguma patada na raça humana, do tipo: só os animais são sinceros, só os animais são leais, só os animais são puros... e por aí vai.
Se o objeto da postagem é uma paisagem ou algum fenômeno natural, lá vem as comparações e cacetadas na humanidade, do tipo: a natureza é bela, quem a estraga somos nós, e coisas do gênero.
Em relação aos políticos, também não é diferente: ninguém presta, ninguém vale nada e todos são extremamente corruptos. É esse o senso comum e é isso que parece estar arraigado no âmago da maioria dos brasileiros.
Ou seja, falamos do homem em geral como se nós também não fizéssemos parte da humanidade. Tudo no outro é errado, corrompido, pecaminoso, injusto, mas não em nós. Nós sempre somos os salvadores da Terra, a quem nenhuma fraqueza moral, espiritual ou real pode abater. Errados são sempre os outros.

São repetidas postagens mostrando os bichinhos em momentos de extrema graça, fofura e delicadeza, como se nós também não pudéssemos, se quiséssemos, agir daquela maneira com tudo e todos que estão à nossa volta.
Considero um comodismo preguiçoso e modorrento esse de achar que o irracional é belo e perfeito, enquanto nós, racionais, não prestamos e não fazemos nada de bom pelo mundo.
Se existem tantas pessoas fazendo tudo errado, e concordo que não são poucas, cabe também a nós fazer o melhor que pudermos para mostrar que outro jeito de ser humano é possível.
Entendo que essa postura de cultivar o irracional e o inanimado como entidades acima do bem e do mal, em detrimento de nós, homens e mulheres, não nos leva objetivamente a lugar algum.
A natureza é belíssima, mas nós somos parte integrante dela. Se não estamos fazendo por merecer esse respeito e essa dignidade dirigidos aos demais seres, talvez seja mais um motivo para nos avaliarmos, nos reciclarmos e procurarmos melhorar enquanto indivíduos.
Acho que não somos tão ruins assim e que o mundo está cheio de gente boa, honesta e solidária, mas que andam encobertas e eclipsadas pelas pessoas corruptas, corrompidas, más, egoístas, ditatoriais e bandidas, que tanto permeiam a sociedade atual.
A humanidade tem jeito porque nós também fazemos parte dela e podemos mudar esse quadro. A decência, a verdade, o caráter, a fibra, a honestidade, a compaixão, a solidariedade e o amor precisam virar esse jogo, que estamos perdendo de forma tão bisonha, e de goleada. O bicho homem também pode ser bonito e gracioso, e essa beleza está em nossas mãos, ao nosso alcance.
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