quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aí vai o meu cestão de Natal para vocês

Nesta época de muitos jingle bells, além de muitas ladainhas e tradições repetidas quase à exaustão, aproveito o ensejo para enviar a todos os incautos, que ainda se arriscam por estas paragens, os meus mais sinceros votos de muita e plena saúde por toda a vida. É claro que estendo os votos aos vossos amigos, parentes, enfim, a todos aqueles que vocês conheçam e considerem.
Acho que saúde é o maior e mais precioso bem que podemos desejar sinceramente a alguém, pois é o pressuposto básico para que busquemos e consigamos atingir todas as nossas metas pessoais. Muito embora sejamos bombardeados por infinitas necessidades criadas para nós a todo o momento, e muitos achem que não podem viver sem tais novidades, sejam lá quais forem, isso é pura ilusão. Nada na vida é importante sem saúde. Como dizia o bordão, saúde é o que interessa... o resto não tem pressa!
Acho também muito importante lembrar e celebrar o grande aniversariante do dia 25 de Dezembro. Na minha concepção, talvez o maior, melhor e mais completo ser humano que já passou por este planeta. Isso sem a menor demagogia religiosa, pois não sou adepto fervoroso de nenhuma religião, apenas valorizo Jesus Cristo como o homem que mais ensinamentos deixou neste mundo e o que mais fez por todos nós. ELE sim, completamente digno de ser seguido, e de ter as suas ações e palavras levadas por todos aos quatro cantos do mundo.
Por outro lado, infelizmente, tenho certeza de que, neste período natalino, considerável parcela da população brasileira estará muito longe de amigos secretos, lembranças, presentes, árvores de Natal e festas de confraternização. Receberão apenas e tão somente um singelo cestão de final de ano... cestão fudidos!
Se pararmos para pensar, são essas pessoas que precisam sim de bens materiais neste final de ano. Não nós, pessoas com acesso à Internet e a toda essa tecnologia. Nós já temos tudo o que precisamos para uma vida digna, e em muitos casos, até mais do que merecemos. Seria muito interessante que todos nós passássemos a pensar e a agir para minimizar as enormes diferenças sociais existentes no Brasil. Mas isso durante todos os meses, e não só no período de festas.
Feliz Natal e excelente 2010 para todos, mas todos mesmo! São meus sinceros votos!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Programa Hipocrisia Zero

Um dos meus lemas neste blog é a busca incessante e insana pela hipocrisia zero. No entanto, muitos podem não compreender exatamente o que este doidivanas que vos fala pretende com esse inalcançável objetivo. Uma vez que é sabidamente inalcançável, para que se desgastar com essa luta inglória?

Vou procurar esclarecer. É claro que, adulto e vivido que sou, sei que jamais iremos deixar de conviver com a hipocrisia neste mundo em que por hora habitamos.

Sei que muitos vão dizer que a hipocrisia é inerente ao ser humano. Que faz parte da vida moderna. Que sem uma boa dose de hipocrisia não se vive, etc. etc.

Apesar de saber e vivenciar tudo isso, sou um cara chato, que, paradoxalmente, na medida em que foi envelhecendo, foi ficando com a tolerância cada vez mais baixa para a mentira e a desfaçatez humana.

Por tudo isso, acredito fortemente que temos condições, sim, de reduzir as emissões de hipocrisia no nosso meio ambiente.

Eu nem falo de política, meio em que a hipocrisia nada de braçada e já começa a se estabelecer (pasmem!) como o padrão de conduta aceitável e esperado de todos os políticos.

É lamentável chegarmos à conclusão de que elegemos os políticos para que - no mínimo e na melhor das hipóteses – venham a enganar e iludir todo o seu eleitorado.

No dia a dia, temos visto, presenciado e sofrido muito com as doses cavalares de hipocrisia que andam por aí. O puxa-saquismo desenfreado. A ultra-valorização das pessoas, empresas e instituições que detêm o poder econômico e político nos seus respectivos campos de atuação. A bajulação desmedida daqueles que supostamente - nesse nosso mundo tão equivocado – valem ou representam mais que os outros.

Não vejo, sinceramente, nenhum sentido em colocarmos seres humanos em patamares diferentes de importância, por mais que isso seja a moeda corrente que nos impinjam hoje em dia. Nada, no meu entender, justifica que uma pessoa seja tratada ou tenha mais privilégios do que outra.

Luto, isto sim, para que todos, absolutamente todos, sejam tratados com respeito e civilidade, independentemente da posição que estejam ocupando em nossa sociedade.

Entendo que a verdade, a sinceridade e o respeito mútuo devam pautar toda e qualquer relação em que estejamos envolvidos, seja ela sentimental, profissional, familiar, comercial e, claro, por último, mas não menos importante, no exercício da nossa cada vez mais combalida cidadania.

Apesar de ingênua, e admito isso, a minha luta também é para que tenhamos cada vez mais relações e contatos em que a mentira, a desfaçatez e a falsidade deixem de pairar, onipresentes. Que tenhamos o direito de não gostarmos e de não termos afeição por determinadas pessoas, mas que isso possa ser colocado e vivido, sem maiores traumas, e que apesar das antipatias e reservas, mantenhamos relacionamentos justos e imparciais com elas.

Acho lindas as manifestações de carinho e apreço pelos amigos de verdade. Porém, considero que as homenagens devam ser sempre verdadeiras e sinceras. Jamais vocês me verão elogiando ou enaltecendo pessoas a quem não julgo verdadeiramente merecedoras de tais honras. Os meus grandes amigos e ídolos trato com carinho, respeito, justiça, amor e amizade. Os meus colegas e pessoas menos queridas, trato com respeito e justiça. Simples assim.

Tenho certeza de que todos viveremos infinitamente melhor num mundo menos hipócrita e mais sincero. Precisamos resgatar as crianças que temos dentro de nós. Elas são mestras na arte de viver com verdade e sem hipocrisia.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quero dar panetones para todos!

Não sei porque, mas nesse final de ano fiquei com o espírito solidário mais aflorado e resolvi que vou arrecadar todos os fundos que conseguir para gastar tudo em panetones e sair distribuindo para todos os milhões de carentes do Brasil!
Como sou muito tímido e reservado, não vou querer alardear as minhas intenções para ninguém! Vou embolsar tudo o que puder em nome de uma causa nobre e digna: repartir o santo panetone de final de ano.

Confidenciei a um grande amigo as minhas ideias solidárias e ele prontamente tentou me demover delas. "Podem interpretar mal". Afirmou ele. "Além disso", perguntou, "já imaginou se algum espírito de porco resolve gravar ou filmar as entregas de dinheiro dos colaboradores? Como você vai se explicar? No mundo-cão em que vivemos, a última coisa que as pessoas vão achar é que você está arrecadando fundos à sorrelfa para ajudar os mais necessitados! Pense bem. Você vai auferir boladas em dinheiro vivo. Como vai disfarçar esse dinheiro? Vai guardar na cueca, nas meias, aonde mais, criatura?"

Diante das questões pertinentes do meu amigo, refreei um pouco o meu espírito natalino. É verdade. Se alguém mal-intencionado, algum desafeto, perceber a minha movimentação suspeita durante a arrecadação, pode fazer falsas ilações e tentar registrar o suposto caixa 2 para posteriormente me comprometer com as autoridades e com a imprensa.

Como é difícil ser solidário no Brasil. A gente quer ajudar, mas as pessoas são muito maldosas. Veem más intenções em tudo e em todos. Mas, puxa vida, quantos panetones eu conseguria distribuir se obtivesse doações da ordem de R$ 500 mil, 1 milhão? Seria panetone pra dedéu! Muita gente humilde talvez ficasse até com indigestão de tanto panetone. Ah, e se sobrasse algum, acho que os irmãos da igreja não se incomodariam se eu também fizesse uma linda ceia para o povo, quer dizer, o povo lá de casa, que ninguém é de ferro, né?

Além do mais, em último caso, se registrarem qualquer movimento meu que os outros possam achar suspeito, tenho ainda a possibilidade de alegar que o gravador ou que a filmadora estão apresentando os registros truncados e que aquilo não é exatamente o que parece ser. Pra tudo tem um jeito na vida, menos pra morte.

Quer saber? Ninguém me segura! Vou arrecadar bufunfa dos empresários até dizer chega! Vou abarrotar todo o meu terno, minhas meias, minhas cuecas e o escambau! Este ano estou solidário demais! Quero me arrebentar de distribuir panetones aos pobres! A solidariedade franca e desinteressada não pode ser cerceada por temores mesquinhos. A esperança precisa vencer o medo. Fui!

sábado, 21 de novembro de 2009

A total dependência do automóvel

Nos dias atuais, ouvimos falar o tempo todo de sustentabilidade, preservação do meio ambiente, diminuição da poluição, reciclagem dos resíduos, economia de água potável, e uma série de tantos outros mantras ecologicamente corretos, cantados em todos os lugares, como uma incessante ladainha.

No entanto, a maioria esmagadora dessas pessoas, que vivem dando lição de moral em todo mundo, jamais deixa de usar seus automóveis por um instante que seja. Se precisam ir à padaria, a duas quadras de casa, vão de carro. Se precisam ir pegar o filho na escola, a um quilômetro de casa, vão de carro. Existem pessoas (quase todas) completamente dependentes do carro para viver, como se este fosse uma extensão do próprio corpo. Mesmo com um trânsito cada dia mais caótico e estressante, poucos são os lúcidos e corajosos que buscam alternativas para a prisão sobre quatro rodas.
uitos reclamam dos males causados pelo sedentarismo, mas jamais se dispõem a caminhar um pouco mais. Pouquíssimos utilizam bicicletas, até porque ainda faltam ciclovias e condições seguras de tráfego para elas. Mas ninguém está muito preocupado em criar ou lutar para melhorar tais condições. É muito comum ouvirmos as pessoas falarem no dia a dia que não conseguem fazer nada sem carro, que o veículo é imprescindível na vida urbana moderna, que o sistema público de transportes não funciona. Podem até ter certa razão, dependendo da situação, mas, mesmo assim, existe muito exagero e muito comodismo por trás dessas afirmações corriqueiras.

Poucos se dispõem a levantar a bunda da cadeira e caminhar, pelo menos na hora do almoço. Reclamam do calor, do frio, da chuva... Tudo é motivo para o sujeito se aboletar no seu auto e deixar de queimar pelo menos alguns gramas de gordura trans. Sem contar o rodízio paulistano, que é motivo para que muitas pessoas deem um jeito de alterar toda a rotina do dia da semana em que há restrição para o uso do seu automóvel. Ficou muito comum escutar as pessoas falando que não podem fazer tal coisa tal dia porque é o dia do rodízio. Ou seja, tudo em função do carro. A vida em função do carro.

Isso tudo, voltando ao início do deste post, sem falar nos enormes índices de CO2 lançados na atmosfera todos os dias pelos milhares de veículos que insistem em transitar, apesar de tantas adversidades e problemas que o tráfego pesadíssimo tem causado às cidades e às pessoas.

O fato é que vivemos, isto sim, apesar de tantos blablablás pretensamente conscientes e engajados, na era do automóvel. É em volta dele que a economia gira. É para ele que a maioria das obras são projetadas e, finalmente, é para conseguir alcançá-lo, que a maioria do povo trabalha. E haja propaganda de lançamento de veículos! Em uma delas até já estão fazendo a pergunta (Muito pertinente por sinal): Mas para que um carro tão possante se há tanto trânsito nas grandes cidades? E a resposta: Porque uma hora o semáforo abre! (Só não sabemos se mesmo com ele aberto vai ser possível andar, mas tudo bem...)

Falam tanto da poluição causada pelo tráfego, do iminente fim das fontes de petróleo, mas jamais cogitam em tirar o automóvel do centro das atenções do nosso mundo cada vez mais globalizado.

É de se perguntar: Será que só sabemos viver individualmente sobre quatro rodas? Será que não existem outras boas e dignas opções de transporte? Seríamos nós realmente animais motorizados?
Estaríamos todos condenados a viver todos os dias as agruras e sofrimentos causados pelo desumano e insuportável trânsito das grandes cidades?

Não sei as respostas para todas essas perguntas, mas, além da começar a fazê-las, acho sinceramente que é papel de nós todos tentar também respondê-las. Eu estou sem carro há anos. Utilizo transporte público todos os dias e caminho bastante para fazer minhas coisas cotidianas. Até o momento não fiquei doente nem enfrentei grandes problemas por causa dessa opção. Além do mais, nas cidades maiores, quando necessário, sempre há um táxi logo à mão para nos servir. Tudo é uma questão de adaptação e uso racional dos recursos e possibilidades disponíveis. Além de abandonar a maldita ideia de que o carro traz status e glamour para os seus proprietários. Foi-se o tempo. Hoje em dia qualquer um compra um carro zero em 96 prestações e se encalacra todo para pagá-lo. Mas, mesmo assim, pode dizer e mostrar para todos que tem um carro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Dos tempos do politicamente incorreto

Dependendo do ponto de vista, quinze anos podem não ser assim tanto tempo. Porém, para algumas coisas, tudo muda muito em quinze anos.
Nos idos de 94, o Rollinbund trabalhava em uma empresa municipal de São Paulo, mais especificamente naquela que cuida do trânsito dessa caótica cidade. O trânsito, já naquela década, era completamente enlouquecedor. De lá pra cá, só fez piorar sensivelmente.
Contudo, não são exatamente as atividades-fins daquela empresa que pretendo relembrar, até porque o nosso herói trabalhava num setor que poderia perfeitamente se enquadrar como atividade-meio, o famigerado Setor de Compras e Licitações.
Rollinbund foi alçado àquele Setor através de um concurso interno, no qual obteve o primeiro lugar sem grande esforço. Imagine só o nível dos outros cerca de quarenta candidatos. Muito sofrível, certamente.
Pois bem, classificado no certame, foi notificado de que começaria no Setor de Compras, atuando como comprador, já na próxima semana.
Ao chegar ao local de trabalho, percebeu, à primeira vista, que a sala mais se assemelhava a um hospício do que propriamente a um departamento ou seção.
Em tempos em que o politicamente correto ainda não tinha dominado todas as empresas e todos os ambientes corporativos, aquele setor poderia ser considerado como remanescente dos anos setenta, dada a precariedade, tanto de material humano, quanto de equipamentos, com que ali se trabalhava. Parecia que o lugar estava parado no tempo há pelo menos duas décadas. Só para que os leitores tenham uma ideia do atraso, os métodos de trabalho, se é que eram métodos, ainda incluíam o uso do praticamente extinto, já naquela altura, Telex. Havia duas máquinas de datilografia eletrônicas IBM, mas a maioria dos funcionários ainda martelava velhas Olivettis mecânicas. Aparelho de fax, apenas um, para dar conta das demandas de seis compradores e todas as cotações feitas por eles. Os preenchimentos dos formulários eram manuais, com carbono, uma verdadeira ode ao atraso e à antiguidade.
Mas, afora o atraso tecnológico, o que mais assustava era o comportamento politicamente incorreto dos funcionários. Cerca de quinze pessoas, a maioria sem noção ou preparo, que se amontoavam naquela sala, fazendo de suas mesas de trabalho os seus respectivos feudos, achando que mandavam nos seus exíguos territórios, sem se importar com os vizinhos que se espremiam por todos os lados, mantendo distâncias máximas de um metro uns dos outros, fosse na frente, do lado ou atrás. Uma verdadeira balbúrdia cotidiana.
E o pior não era isso. Em tempos de menos preocupação com a saúde o o bem-estar, a maioria das pessoas que ali trabalhavam era de fumantes inveterados. Verdadeiras chaminés.
Por outro lado, nos dias de calor, havia duas facções que praticamente se engalfinhavam pelo controle do único aparelho de ar condicionado que havia para todos. É claro que nunca existia unanimidade. Alguns queriam ligar o ar, enquanto outros achavam que a sala ficava fria demais. E era esse tormento o dia todo. Uns iam lá e ligavam. Outros, aproveitavam o descuido dos primeiros e desligavam. Quem ligou o ar? Quem desligou o ar?
Agora, imaginem a situação: Cerca de dez pessoas fumando e a sala com todas as janelas fechadas devido ao uso do ar condicionado. O recinto vivia empesteado. Até o Rollinbund, que nunca fumou, consumia pelo menos um maço por dia de Continental sem filtro nessa época.
Em certos momentos, ao entrar repentinamente na sala, parecia que estávamos entrando numa taberna ou num pub londrino. Ao abrir a porta, a nuvem se espalhava pelo lado de fora.
Mas isso ainda não era o auge da falta de noção. Pelo menos metade da sala consumia suas marmitas na própria mesa de trabalho. E os cardápios não eram exatamente os mais leves. Macarronada com muito queijo parmesão, sardinhas fritas, filés de pescada e feijoada eram pratos recorrentes. Imaginem o aroma do local em meio a tanto fumacê, tantos pratos condimentados e tanta gente junta.
Outro quesito complicado era o local do cafezinho. Por falta de jeito e traquejo, eles faziam de um arquivo de aço cinza o suporte para a bandeja do café, do chá e do açúcar (Adoçante? Nem pensar!). Como não eram muito jeitosos, derrubavam café e chá por todo lado e emporcalhavam tudo com açúcar. As laterais e a frente do arquivo ficavam impregnadas e grudentas daqueles respingos. Em algumas vezes podíamos ver o café escorrendo pelo aço daquele móvel e chegando até o chão. Era porcaria para todo lado.
Diante desse quadro dantesco, imaginem a produtividade e a eficiência daquele setor. Já dá para ter uma ideia de que nada funcionava muito bem, não?
Os formulários eram datilografados com erros absurdos de ortografia. Trabalhavam sem nenhuma atenção. Alguns pedidos de compra precisavam ser refeitos umas cinco vezes. Gritavam a plenos pulmões de um lado ao outro da sala, não dando a mínima para os outros colegas que muitas vezes estavam ao telefone, efetuando cotações de preços e contatos com fornecedores. Era a barbárie.
Com o tempo vieram os conceitos de qualidade total e a lei que proíbe fumar em prédios públicos. Chegaram os computadores e iniciou-se um processo de reciclagem dos funcionários. Hoje em dia, me informam os colegas que lá ficaram, o setor é dividido em estações de trabalho e ninguém pode fazer a refeição nas suas próprias mesas. Tudo ficou mais eficiente e organizado, mas muito longe de conservar a graça e a espontaneidade daqueles famigerados tempos.

sábado, 31 de outubro de 2009

Tráfico X Consumo

As drogas são traficadas, processadas e vendidas em grande escala porque tem muitos consumidores, ou tem muitos consumidores porque são traficadas, processadas e vendidas em grande escala?
Assisti nesta semana a uma reportagem televisiva que, com câmera escondida, mostrava o comércio de drogas em uma das ruas da conhecida cracolândia paulistana.
Eram meninos e pessoas vivendo em situação de rua vendendo a droga para os usuários da classe média, ou média alta, que paravam seus carros junto a eles, compravam e iam embora.
Ao final da reportagem, um policial informava que efetuavam muitas prisões naquela área, mas que não adiantava, pois prendiam alguns e apareciam muitos outros para continuar o comércio.
O que não entendi foi a falta preocupação dele - e isso se estende a muitos outros setores da nossa sociedade - com aqueles consumidores. Qual a importância e a responsabilidade daquelas pessoas supostamente ditas de bem em relação àquela triste situação?
Os meninos seriam aliciados pelo tráfico e iriam se colocar naquele tipo de situação de altíssimo risco se não houvesse tamanha demanda para o "valioso" produto que comercializam?
São impressionantes a hipocrisia e a desfaçatez com que a sociedade dita organizada trata essa questão do tráfico e consumo de drogas. Os traficantes e a marginalidade que se encarregam da produção e da distribuição são o demônio aqui na Terra, mas os filhinhos dos abastados que consomem as drogas avidamente são apenas jovens querendo se divertir!
Tem alguma coisa que não fecha nessa equação social. Vamos combater o tráfico sim. Mas combater o tráfico também passa pela conscientização e chamada à realidade de grande parcela tida como decente e honesta da nossa sociedade.
Tem sido muito frequentes nos últimos anos, os familiares e amigos chorarem a morte de parentes, principalmente jovens, mortos em decorrência da violência urbana. Será que basta chorar e protestar contra os marginais apenas nos momentos de tragédias?
Será que essa mesma parcela da sociedade que se indigna a cada acontecimento trágico que chega à sua porta não precisaria também rever o comportamento dos seus integrantes nos supostos momentos de felicidade e normalidade?
Só é monstruoso aquilo que é feito por traficantes ou policiais corruptos? Mas o que nós, da sociedade "decente" temos feito para evitar todo esse caos social? Nossos filhos e amigos nas baladas, consumindo toda o tipo de droga não é algo para se preocupar?
A droga só é perniciosa quando está sendo produzida e distribuída nas favelas e bocas de fumo? Por acaso, quando chega às mãos das patricinhas e mauricinhos ela se torna pó de pirlimpimpim?
É muito cômodo distorcer os fatos em nosso favor, tapar o Sol com a peneira e achar que maus são os outros. Precisamos, enquanto classe mérdia, refletir um pouco mais sobre tudo isso.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sifu Cards - Você não precisa deles

Para viver a vida plena e humanamente, existe você, sua alma, seu corpo, seu cérebro e seus sentimentos. Para todas as outras coisas, existe o Sifu Card.
O Sifu Card preenche todas as necessidades que ele mesmo criou para você. O Sifu Card permite que você parcele as aquisições de coisas de que talvez nem precise em até 48 vezes, mas, claro, com juros exorbitantes, que irão deixá-lo endividado por um longo período. Com certeza, por muito mais tempo do que vai durar aquele bem que o Sifu Card está gentilmente financiando para você neste momento.
As ofertas tentadoras para o endividamento e total enforcamento do consumidor chegam pelo correio, pelo telefone, pela Internet e pela televisão. O cidadão está sempre às voltas com ofertas imperdíveis de bancos, créditos consignados, cartões de crédito, telefonia celular, serviços de banda larga e TV a cabo, além dos supercrediários dos magazines, supermercados e lojas de departamentos.
Quando avançam como aves de rapina sobre os parcos rendimentos dos aposentados do INSS, chega a ser um crime, que deveria ser previsto no código penal. Cadeia para esses salafrários que se valem da ingenuidade dos idosos para metê-los em enrascadas financeiras e abocanhar a sua modesta renda.
São tantas e tão bondosas as ofertas, que a maioria das pessoas sucumbe a tantos apelos comerciais. Os bancos vivem mandando presentes de grego para os correntistas. São supercartões, com múltiplas capacidades e facilidades. No entanto, só não deixam claro que aqueles cartões passarão a valer automaticamente caso o incauto “beneficiário” não tome a providência de se manifestar expressamente de que não deseja mais aquela “enorme benesse” em sua já complicada vida financeira, normalmente já repleta de bolas-de-neve de dívidas e juros que só fazem crescer.
Ou seja, os bancos oferecem produtos que só vão onerar ainda mais o cliente, fazendo-o pagar anuidades e taxas, tudo em troca de uma suposta facilidade para obtenção de mais crediários e parcelamentos.
Na verdade, os Sifu Cards e os bancos não estão nem aí para a saúde financeira, nem para atender as verdadeiras necessidades de alguém. Eles querem é que você se enrole todo com eles, para depois fazer acordos de parcelamento de dívidas, que sempre saem muito caros para o usuário usurpado.
Outro capítulo à parte das necessidades criadas pelo mercado são as empresas de telefonia móvel e suas ofertas espetaculares. Às vezes, tenho a impressão, dadas as muitas possibilidades de ganhos propostos por elas aos usuários, que hoje em dia basta adquirir um celular para a sua vida mudar completamente. São bônus intermináveis, minutos livres para falar, números livres, prêmios como carros, casas e até boladas de dinheiro. Ou seja, a aquisição de um celular resolve por completo a vida do comprador.
Empresas como a Morto, a Ai, a Escuro e a Toim oferecem tudo de bom aos seus clientes. São tão boas, que fica realmente difícil escolher entre uma dessas operadoras. Por isso que já existe muita gente com vários celulares, de múltiplas operadoras. Assim não perdem nenhuma das suas generosas promoções.
Eu, particularmente, só sei que os créditos do meu celular acabam num piscar de olhos. Jamais me senti levando algum tipo de vantagem nesse serviço. Devemos sempre desconfiar das esmolas boas demais. Até os santos desconfiam. Além do mais, existe um ditado econômico que afirma que não existe almoço grátis. Alguém sempre paga por ele. E por tantas promoções imperdíveis da telefonia móvel, quem será que paga? Tenho certeza de que não são as próprias operadoras.
As promoções de TV por assinatura e banda larga também são grandes enrascadas na maioria das vezes. A NOT TOMBO é a principal delas. Chamo de NOT porque só sabe dizer não aos nossos pedidos. Depois que assinamos o contrato, é um nabo atrás do outro, ou melhor, um tombo atrás do outro. É por isso que acabo de rescindir o meu contrato com essa empresa.
Estamos vivendo na selva do mercado. Querem nos empurrar de tudo. E de muitas dessas coisas nós nem precisamos.
E para um povo tão despreparado como o brasileiro, fica difícil resistir a todas essas “vantagens” da vida moderna. E haja orçamento estourado no final do mês e uso indiscriminado do limite do cheque especial.
Não é isso, definitivamente, que eu entendo por felicidade. Precisamos urgentemente reciclar as nossas atitudes consumistas e imediatistas. E eu não quero fazer o discurso tão batido ultimamente de salvação do planeta. Para mim, antes do planeta, precisamos salvar os cidadãos dessas “necessidades adquiridas na Sessão da Tarde”, como canta com tanta propriedade a Nação Zumbi.

Para vocês que conhecem pessoas endividadas, atoladas até o pescoço, e sem forças para sair dessa ciranda financeira destrutiva, dou a dica para que procurem os “Devedores Anônimos” em suas cidades. É uma irmandade nos moldes dos “Alcoólicos Anônimos”, que procura dar apoio e orientação para que os consumistas e devedores compulsivos saiam das dívidas e tornem mais saudáveis as suas vidas financeiras.
Todos nós podemos viver felizes sem tantos Sifu Cards. Cartão de crédito e débito deve apenas ser uma ferramenta que nos auxilie em nossas vidas corridas. E bastam poucos. Só precisamos refletir mais sobre isso. E divulgar isso.

PS: Post inspirado, entre outras coisas, pelo belo filme “Antes de Partir”, no qual Jack Nicholson e Morgan Freeman dão um show e nos mostram o que é realmente importante na vida.

Inspirado também na divertida animação “Wall-E”, que assisti com minha filha neste dia das crianças. É um filme que a maioria dos adultos precisa assistir, urgentemente.

domingo, 4 de outubro de 2009

Eu, eu mesmo, muitos anos depois

Este post sim, é baseado em fatos reais.
Neste domingo, após acordar da melhor maneira possível, se é que me entendem, saí para testar minhas novas palmilhas, receitada pelo ortopedista para tratar uma inflamação no tendão de Aquiles. A dor vinha incomodando nas caminhadas e corridas há mais de um ano, tendo piorado muito nos últimos dois meses. Já não conseguia mais correr sem passar os três dias posteriores mancando muito.
Há alguns dias, passei o meu aniversário ainda com dor, pois não havia recebido as palmilhas milagrosas. Não tinham ficado prontas. Completei meus 44 anos de maneira acabrunhada e macambúzia, pois me via impedido de praticar uma das atividades que mais me dão prazer e contribuem para manter o stress e a ansiedade sob controle.
Percebi, no começo da jornada, que as palmilhas realmente iriam cumprir o papel para o qual foram receitadas. A dor estava muito menor e a pisada muito mais correta e direcionada. Feliz da vida, agradeci muito a Deus pelo presente e fui embora. Primeira corrida de 40 minutos sem dor em muito tempo.
Aliado a isso, no meu som, tocava uma música do John Lennon, Starting Over, muito emblemática para mim, pois faz parte do último disco lançado pelo ex-Beatle, em 1980, poucos meses antes da sua morte trágica. Eu tinha 15 anos de idade, e foi naquele episódio que comecei a conhecer a história dos Beatles e, consequentemente, da música.
E vieram outras músicas, aleatoriamente, todas muito marcantes para mim, em diferentes épocas. L.A. Woman, do Doors, só que na versão do Billy Idol, outra música marcante. E várias outras.
Saudosismos à parte, o exercício mental e emocional que costumo fazer nesses momentos é comparar quem eu era naquela época com quem sou hoje.
A música me ajuda a trazer de volta, com mais facilidade e precisão, as expectativas e emoções das fases passadas. Assim, pude revisitar os meus sentimentos aos 15, aos 18, aos 25 e por aí afora.
Mas o que me deixa mais feliz em tais momentos é a constatação de que o homem de hoje, muito mais velho, com quase trinta anos a mais, é, de muitas formas, aquele mesmo menino de 1980, e isso me deixa muito satisfeito. Sinto que o encontro entre o homem de hoje e o menino de antes seria uma coisa muito natural, no qual ambos se entenderiam perfeitamente. Não me envergonho em nada do menino pobre, tímido e desajeitado que fui. Como tenho certeza de que ele também não renegaria ou condenaria de maneira alguma o homem que sou. Tenho muito orgulho de ainda ser a mesma pessoa de anos atrás. Tenho ainda todas as conexões com o menino de 15, o jovem de 20, o adulto de 28. Eu sou hoje a soma daquilo que eles todos produziram no passado. E me dou muito bem com todos eles. Jamais deixei de ser eu mesmo, apesar disso eventualmente não agradar a todas as pessoas. Impossível para qualquer um agradar a todos, nem Jesus Cristo conseguiu.
Outra boa sensação que as lembranças da meninice trouxe foi a renovação da ideia de cada vez mais colaborar, de todas as formas, por um mundo mais honesto, mais humano, menos egocêntrico. Esse ideal sempre me acompanhou, e em certos períodos de stress acentuado acaba ficando soterrado por tantas mazelas e atitudes mesquinhas com as quais temos convivido nos vários âmbitos da vida moderna.
É possível o cidadão passar dos quarenta e continuar vivendo intensamente todos os sonhos e expectativas de um mundo melhor que tinha na juventude. É possível. Há exceções para a velha máxima de que se deveria sempre desconfiar de alguém com mais de trinta anos. Tenho 44 anos e não me sinto um ser abjeto que abdicou de todos os seus princípios em busca apenas do conforto material e da realização pessoal. Tenho tentado conciliar, sempre que possível, a minha vida pessoal com a minha vida de cidadão. Esse blog, entre outras iniciativas, é a prova viva disso.
Agora sim, acho que passei pelo meu inferno astral. Esse ano ele só acabou depois do aniversário. Mas valeu muito à pena. Como tudo na vida.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A número um do Mundo

Nos dias atuais, está ficando cada vez mais comum e recorrente o egoísmo e o individualismo exacerbado das pessoas ditas modernas. A grande maioria vive ensimesmada dentro de prisões virtuais, tendo um conceito de felicidade cada vez mais equivocado, pelo qual o importante é apenas a própria sensação de bem-estar, como se esta estivesse completamente desligada do entorno e do contexto que rodeia os pretensos felizardos.

Ou seja, todos estão se preocupando demais com os próprios umbigos - o que não deixa de ser legítimo, claro -, mas sem qualquer preocupação com as necessidades coletivas e da sociedade em geral.
É por isso que abro espaço aqui para falar de Marta. A melhor jogadora do mundo está de volta ao Brasil, onde, até o final do ano, vai defender a equipe do Santos.

Há alguns dias, houve uma partida amistosa para a apresentação do novo time feminino do Santos. Claro que a estrela era Marta. Milhares de pessoas foram até o local para prestigiá-la, bem como para assistir suas jogadas e lances geniais.

O placar já sinaliza como deve ter sido aquele jogo. Dez a zero para o time de Marta. Até aí, nenhuma surpresa.

O que achei destoante em relação ao atual estágio do comportamento humano em geral, principalmente quando há a mídia envolvida, foram as declarações das adversárias de Marta, e ao final, da própria jogadora.

Todas as meninas que enfrentaram a estrela foram unânimes em falar da humildade dela, bem como do apoio que deu a todas as jogadoras durante a partida.

A própria Marta falou, emocionada, que no transcorrer da partida chegou a vibrar muito por algumas meninas que faziam belas jogadas, como uma boa defesa feita pela goleira do time rival das "Moreninhas", quando o placar já estava muito dilatado.

Inteligente que é, Marta sabe que pratica um esporte coletivo, e que uma andorinha só não faz verão. De nada adiantaria ela continuar sendo a melhor do Mundo por anos a fio - o que é bem provável -, se não houverem mais meninas interessadas em praticar um bom futebol no seu próprio país.
Apesar de sua pouca idade e da sua origem humilde, Marta demonstrou um forte senso de coletividade e fraternidade em seu comportamento. Sabe que é uma estrela, mas não tem pretensão de brilhar sozinha, até porque não conseguiria. Usa, isso sim, dentro da sua simplicidade, o seu brilho próprio para sensibilizar e conscientizar as pessoas.
Foi necessário termos uma mulher como a melhor jogadora do mundo, para que ela fizesse o que os seus colegas homens nunca tiveram a mínima preocupação em fazer: Pensar um pouco além do próprio umbigo e usar o carisma e a projeção midiática com o objetivo de chamar atenção para uma causa maior. No caso, ela luta para que o futebol feminino seja profissionalizado e levado a sério no Brasil, o que garantirá oportunidades para muitas meninas brasileiras.

Fosse ela egoísta e egocêntrica como é a maioria da pessoas de hoje, e talvez nem voltasse a pisar no Brasil, quanto mais preocupar-se com questões estruturais do nosso país.
Isso é ter a visão do todo do qual se faz parte. É saber que é muito mais gratificante ser feliz acompanhado do que só. Parabéns, Marta.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A televisão me deixou burro demais!

A gente acaba de assistir ao JN, repleto de bandalheiras, violência, corrupção e barbaridades. Logo em seguida somos transportados para o novo Mágico de Oz. É brincadeira! Essa nova novela do Manoel Carlos é de matar. Os personagens voam de helicóptero com a maior naturalidade. Pousam o helicóptero e já há um Jaguar esperando, com motorista e tudo. As personagens principais são capas de revistas. Ou seja, é um mundo com o qual todos nós, batalhadores brasileiros, estamos acostumados em nosso dia-a-dia. Acho que esse velhinho ficou gagá de vez.

Por falar em nonsense, por estes dias vi uma reportagem no famigerado JN, em que as pessoas de alto poder aquisitivo reclamavam do dinheiro que são obrigadas a gastar com o estacionamento dos “seus veículos”. Um empresário contabilizava, chateado e meditabundo, que chega a desembolsar R$ 350,00 por mês para estacionar “os carros” da família! Foi uma notícia tão triste e chocante, que eu mesmo nem consegui dormir à noite. Acho que o governo deveria instituir o Vale-Estacionamento, para auxiliar os proprietários de mais de um veículo que porventura não tenham condições de arcar com tais despesas!

Faça-me o favor! Deve estar faltando pauta para o pessoal do JN. Não é possível! Com tantas mazelas e miséria em nosso país, os caras tem tempo de se preocupar com os gastos dos bem-nascidos com seus possantes. Vão todos se catar!

Este Brasil parece estar de ponta-cabeça mesmo. Basta ligar a TV para ser bombardeado por notícias inacreditáveis. Pedofilia, corrupção, assassinatos, tráfico de drogas, desvio de dinheiro público... Talvez fosse melhor ficarmos sem nenhum acesso à informação. Mas como? A informação instantânea nos persegue em qualquer lugar em que estejamos.

Sei que muitos vão dizer que existe o controle-remoto, que o telespectador é o senhor das suas escolhas. Seria verdade, se os canais, mesmo os da TV à cabo, não fossem, todos eles, muito parecidos em suas programações.
Realmente, está faltando vida inteligente na TV brasileira, com honrosas exceções, cada vez mais esparsas.
Pobre do nosso povo. Com tão poucas possibilidades de acesso às informações úteis e necessárias, e cada vez mais emburrecido pela onipresente televisão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Decálogo do cartão vermelho

Recebi essa deliciosa incumbência da inspirada blogueira Miss Universo Próprio . A idéia é dar cartão vermelho para dez coisas que nos enchem o saco. Podem ser pessoas, coisas, acontecimentos, comportamentos, etc. Ou seja, um prato cheio para desopilar o fígado e exorcizar um monte de tranqueiras que infernizam o nosso cotidiano. Ao final, indico mais cinco blogueiros que admiro, a quem repasso essa nobre tarefa. Aí vão os meus dez cartões vermelhos:

1) Motoristas idiotas (A maioria, infelizmente): Se acham donos das ruas e não respeitam pedestres, motoqueiros, ciclistas, nem os outros motoristas. Buzinam a qualquer pretexto, principalmente quando faz apenas um segundo que o semáforo ficou verde, não concedendo sequer o tempo de reação ao estímulo visual para o incauto motorista da frente. É muito stress e muita imbecilidade juntos!

2) Xuxa: Não é atriz, não é cantora, não é apresentadora. Mesmo assim, está há mais de vinte anos detonando a cabeça das pobres crianças brasileiras com as suas imbecilidades. Inúmeros desserviços prestados à infância brasileira.

3) Rede Globo: Está sempre ao lado dos governantes, sejam eles quem forem, há mais de quarenta anos. Contribuiu muito, nessas quatro décadas, para a alienação e imbecilização do povo brasileiro.

4) Eleitores brasileiros: Não tem qualquer discernimento na hora de escolher seus representantes e depois ficam reclamando que os políticos são todos safados. Como se os políticos não fossem o espelho da sociedade que os elegeu!

5) Paulo Coelho: Meu Deus!?!? O que as pessoas vêem nesse sujeito? Quem souber, por favor, me explique.

6) Daslu (E estabelecimentos congêneres): Templos do luxo e da ostentação num país de miseráveis. E ainda por cima, à custa de sonegação de impostos.

7) Funk, axé, pagode, breganejo, forró industrial e pop emo: Pega tudo isso, junta tudo e joga na lata do lixo! Faça-me o favor, isso não é música (?) que um ser pensante mereça ouvir.

8) Desrespeito, preconceito e discriminação: Sejam por quais motivos forem!

9) Para todos os idiotas que se arvoram a fazer a infeliz pergunta: Sabe com quem está falando?

10) Para todas as pessoas idiotas que, por algum motivo, em algum momento, em alguma situação, venham a se considerar melhores que as outras.
Ainda daria para dar cartão vermelho a muitas outras pessoas e coisas, mas vamos nos ater ao decálogo, por enquanto...
Repasso o bastão aos seguintes colegas, blogueiros de responsa. Desses, só vem coisas boas!
Abraços a todos!
Única & Exclusiva

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Robozinho valente irá monitorar o cocô do Rio Tietê

Foi iniciada nesta terça-feira, 01/09/09, com pompa, circunstância, transmissões e relatos ao vivo, uma jornada no mínimo insólita. A Globo está patrocinando a viagem de um flutuador, que mais parece um robozinho ou um satélite, o qual terá a ingrata missão de percorrer 500 Km do Rio Tietê, coletando informações, dados e imagens sobre a vida (?) e a quantidade de oxigênio de suas águas imundas, espessas e pardacentas.

São públicos e notórios os altíssimos níveis de poluição do Rio Tietê, pelo menos na parte que corta a grande São Paulo, causados principalmente pelos esgotos e dejetos industriais lançados sem o menor cuidado nas suas águas. Parafraseando jornadas famosas, concluímos que essa tresloucada expedição será uma autêntica viagem ao fundo da merda.

Nos primeiros dias, o robozinho irá navegar por águas mais limpas, próximas da nascente do Tietê. O bicho vai pegar na medida em que ele for se aproximando da capital. Nem sei se alguns trechos ainda são navegáveis, dada a densidade de suas águas marrons. Talvez o aparato venha a encalhar em alguns pontos das águas embosteadas do rio.

O que me espanta é o ar de desbravadores do rio que os apresentadores dos telejornais da emissora têm adotado. O entusiasmo e a alegria com que noticiam os avanços do projeto, que, ao menos em tese terá duração de um mês. Isso, se o sofisticado equipamento não vier a se desintegrar nas ácidas águas em que irá navegar.

Outro ponto em que os globais dão muita ênfase é o envio de imagens a serem coletadas durante a empreitada. Não consigo deixar de imaginar as belas imagens a serem fotografadas, e transmitidas em tempo real, no período crítico, quando o flutuador estiver navegando quilômetros e quilômetros literalmente na merda.

Quanto à vida nesse trecho do rio, só vejo a possibilidade de encontrarem uma única espécie, cuja resistência é descomunal, são os famosos peixes de origem nipônica, os toroços. Esses deverão ser muito fotografados pelo heróico robozinho.

É importante lembrar, que a engenhoca será sempre pajeada por um atleta do remo, a quem eu sinceramente desejo toda a sorte do mundo, tendo em vista os caminhos pútridos nos quais irá se aventurar.

No final das contas, ao fim da penosa viagem, teremos um amplo painel dos níveis de merda existentes no Rio Tietê. Nunca nenhuma iniciativa foi tão desbravadora e corajosa. Durante anos a fio esperamos uma medida como essa, que pudesse comprovar cientificamente aquilo que os olhos e narizes dos paulistanos já conhecem de longe.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O verdadeiro certificado de qualidade total no atendimento comercial

Caros leitores, nos dias atuais, têm sido recorrentes os programas de qualidade total e auditoria dos procedimentos de atendimento ao público ou de produção das empresas e organizações.

É muito válido que as empresas procurem atingir altos níveis de qualidade na produção, que venham a melhorar o seu desempenho no mercado e, principalmente, junto ao consumidor dos seus produtos, sejam eles quais forem.

No entanto, tais programas são cheios de etapas, de dinâmicas, de checagens, mas, em muitos casos, a qualidade final no atendimento ao público obtida não é satisfatória. Falo, principalmente, das empresas prestadoras de serviços, cujo objetivo maior e principal, no meu modesto entender, deveria ser a satisfação total do cliente.

Para mim, muitas dessas firulas empresariais, propostas pelas consultorias de qualidade, acabam sendo inócuas, apenas para inglês ver, tendo em vista que várias empresas submetidas a tais critérios e procedimentos continuam prestando serviços sofríveis aos seus clientes e fregueses.

Exemplifico mais claramente: Você vai a uma loja de departamentos. Aproxima-se da seção de seu interesse e percebe que os atendentes estão todos parados, mas ninguém se digna a atendê-lo. Após sua insistência, como se você estivesse pedindo um favor, o primeiro atendente abordado passa a “bola” para outro, gritando: “Atende ele aqui que eu estou ocupado!”

Para mim, esse tipo de atendimento desleixado e pouco comprometido com o cliente é totalmente inaceitável. Não sei como um comércio que não coloca o freguês acima de tudo pode prosperar nos dias atuais. É muito antigo o dito popular que afirma que “o cliente sempre tem razão”, porém, em poucas oportunidades temos sido atendidos com a atenção e o respeito devidos pelos funcionários e vendedores de toda a sorte de empresas e estabelecimentos comerciais.

Noto, na maioria dos casos, que os funcionários são uniformizados, são identificados, cumprem seus horários da melhor maneira possível, mas não são treinados para aquilo que seria o mais importante em qualquer relação, principalmente nas comerciais, o respeito e o entendimento de que nada do que ali é oferecido faz sentido se o cliente não ficar satisfeito com a prestação do serviço, ou com a aquisição do bem, dependendo do ramo de atividade em questão.

Deus nos livre também daqueles atendimentos robotizados e “gerundianos” hoje em dia tão em voga: Posso estar ajudando em alguma coisa, senhor?

Falta, como já disse, a perspectiva de que o freguês deve ser o centro das atenções em qualquer atividade comercial que o empresário ou comerciante se proponha a realizar.

Sobram comportamentos padronizados, que não levam a lugar nenhum, uma vez que o comércio e a prestação de serviço bem feitos são aqueles em que o cliente deixa o local da compra ou do atendimento com um sorriso de satisfação no rosto, prometendo voltar e indicar aos amigos.

Assim, proponho a criação do selo Rollinbunds de qualidade no atendimento. Para receber essa importante certificação, que é quase uma honraria, bastaria que o local condecorado fosse visitado (vistoriado) pelos nossos auditores (todos rollinbunds da melhor qualidade), e que tivessem espontaneamente prestado serviços de qualidade, com humanidade, civilidade e gentileza.

De nada adiantam treinamentos e padronizações empresariais, se não forem atingidas a espontaneidade e atenção totais nos atendimentos e a conseqüente satisfação total dos clientes.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Revolution Rock

Algumas datas roqueiras emblemáticas estão sendo comemoradas neste mês de agosto. Quarenta anos de Woodstock. Vinte anos da morte do lendário Raul Seixas, e com certeza muitas outras delas que não me ocorrem no momento.

Para mim, a maior finalidade a que o rock pode se prestar é à rebeldia com causa. Em muitos momentos e com muitos artistas, o rock foi genuinamente contestador e libertário. Em outros, sucumbiu totalmente ao mainstream e foi apenas mais um produto industrializado e pasteurizado pelas grandes corporações da música.

Sempre acreditei que os verdadeiros roqueiros quisessem realmente contribuir para que os parâmetros de felicidade e vida moderna fossem alterados sensivelmente. Tirando o lado porra-louca do rock, sempre o mais festejado, há por trás de muitos artistas a vontade férrea de ver o mundo transformado para melhor. Com mais liberdade de expressão, mas também com mais justiça e igualdade social.

Pelo menos, foi assim que sempre vi o rock. Sempre me recusei a acreditar que os roqueiros fossem doidões por serem doidões. Muitos deles, como o próprio Raul, foram verdadeiros profetas, além de pessoas altamente intuitivas e muito avançadas para os períodos em que viveram. Em muitos casos, ainda vivem. Muitos estão vivos e apresentando trabalhos muito interessantes. O verdadeiro rebelde com causa não morre nunca. Talvez seja mais um estereótipo da indústria pop, o de que só os jovens têm propensão à rebeldia. Acho dignificantes aquelas personalidades da música, das artes, das letras, ou de qualquer outro meio, que passados dos quarenta anos, ainda conservam a verve da contestação aos modelos, muitas vezes equivocados, impostos pela moderna sociedade. Pensar é para a vida toda, não é e não deve ser privilégio apenas dos mais novos. A experiência também deve contar muito. Haja vista os povos antigos, que tanto valor davam aos mais velhos e sábios.

Irrita-me os ditos amantes do rock, dados a se “fantasiar” de roqueiro em algumas ocasiões, mas que, no entanto, no cotidiano, na vida prática, se comportam como o pior tipo de pessoa que possa haver na face da Terra. Não respeitam o próximo. Não toleram as diferenças. Não contribuem para minimizar desigualdades. Não fazem nada, mesmo que apenas nos seus respectivos raios de ação, para diminuir a corrupção e o famigerado “jeitinho”. São roqueiros fakes.

Quando os Sex Pistols berraram a plenos pulmões contra a Monarquia e a sociedade inglesa da época, abriram precedentes, quebraram tabus. Tenho certeza que, mesmo envoltos na maior rebeldia possível, no fundo almejavam mudanças sociais concretas para a classe operária. A rebeldia dos punks tinha causa e razão de ser.

Não concebo toda a inspiração de John Lennon, Bob Marley, Bob Dylan, Jim Morrisson, Renato Russo, Kurt Cobain e Raul Seixas, entre muitos outros, serem relegadas a ficar apenas nos concertos e nas músicas. Acho que o que todos eles sempre almejaram em suas letras, em suas vidas, os ideais mais nobres e humanos possíveis. Tanto, que muitos até morreram por essa causa. Cabe a nós, seus admiradores, fazer pelo menos um pouquinho para que esses sonhos de liberdade, fraternidade e igualdade possam ser realmente alcançados na vida real. Como disse John Lennon: “Pense globalmente, aja localmente”.

Há muitas pequenas atitudes e ações que podemos ter em nossa correria diária, que muito podem contribuir para nos aproximarmos de um mundo mais humano e decente. Nem só de atos heróicos e transmitidos ao vivo vivem as revoluções. Elas acontecem também em nossas consciências, de maneira silenciosa e discreta. E é aí que valem mais.
Longa vida ao rock´n´roll e, principalmente, aos seus ideais para um mundo melhor.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Amizades vituais?

Eu não pertenço a nenhuma tribo. Eu não pertenço a lugar algum. Porém, não me privo de interagir com quem quer que seja e, principalmente, de onde quer que seja. De preferência, de maneira inteira, e por completo. Hoje em dia, mesmo com tantas ferramentas virtuais à mão, muita gente não consegue se comunicar por inteiro. A comunicação depende de emissor e receptor. Quantas vezes não sentimos que, enquanto nos colocamos com pelo menos 90% de nós nas conversas virtuais, o nosso interlocutor não chega a despender 5% do seu ser no mesmo diálogo. De que adiantam tantos meios de comunicação, se não há predisposição das pessoas em realmente se comunicar, de corpo e alma? Comunicar implica em falar e ouvir. Aliás, em muitos casos, mais ouvir do que falar, pois, se essa não fosse a lógica da comunicação, por que a sábia natureza nos dotaria com dois ouvidos e apenas uma boca?
Mas não é essa ideia que predomina no mundo moderno, virtual e globalizado. Todos querem falar, mas muito poucos se dispõem a ouvir e realmente interagir. Em alguns momentos, parecem conversas de surdos, nas quais uns falam paus e outros respondem pedras. Não se mantém uma linha inteligível de raciocínio nos diálogos. Mas todos acham que estão se comunicando plenamente. Será?
Falta verdade e vida real e vibrante por trás de muitas conversas e relações virtuais. Não há como fugir, vivemos plenamente é no mundo real. Se o mundo virtual não nos complementa verdadeiramente nesse sentido, talvez tenhamos que repensá-lo. De que adiantam 2894 amigos virtuais? De que adianta participar de 485 comunidades, se na prática aquilo não agrega nenhum valor à minha pessoa e à minha vida? São apenas números, cultuados por muitos como algo preciosíssimo.
Tudo na vida é muito válido, desde que o realizemos com verdade, autenticidade, entrega, lealdade e comprometimento. E, principalmente, visando a completa interação social. Tudo que é feito com alma vale à pena. E isso, com certeza, deve se estender às inovações dos novos tempos. No fundo, por trás de tudo, e, acima de tudo, sempre devem estar os bons valores e as justas motivações humanas. Toda ferramenta e toda a tecnologia, que forem usadas de modo a prescindir da importância humana, irão cair inexoravelmente num grande vazio.
Nada se sustenta sem a humanidade, na maior acepção que essa palavra possa ter.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Os fumantes de São Paulo levaram fumo!

A lei antifumo entra em vigor nesta sexta-feira (07/08/09) em todo o estado de São Paulo. Já não era sem tempo. Esperemos que pegue de primeira. Pela lei, é proibido fumar em quaisquer lugares fechados, públicos ou privados. Em caso de desobediência, o dono do estabelecimento é quem paga a multa e sofre as sanções. Dessa forma, os fumantes só poderão dar suas baforadas nas ruas e nos espaços abertos. Por mim, poderiam, todos eles, serem encaminhados para a casa do caralho! Lá só incomodariam uns aos outros e, como diz o ditado, chumbo trocado não dói. Talvez tenha faltado esse parágrafo na nova lei, o qual seria muito ilustrativo, uma vez que os fumantes vivem enchendo o saco, perguntando aonde poderão fumar agora. O local acima é, sem dúvida, o mais indicado para a reunião de todos eles.
Com a proibição, os fumantes serão obrigados a se exercitar mais, uma vez que, para estourarem os próprios pulmões, precisarão sair do conforto e fazer algumas caminhadas enquanto baforam o seu gás carbônico na atmosfera. Com essa nova dificuldade, quem sabe não se cansam e resolvem largar de vez esse famigerado vício.
Além do mal intrínseco ao ato de fumar, o cigarro nos remete a inúmeros conceitos equivocados, principalmente dos anos da ditadura, quando a propaganda de cigarro era liberada no Brasil e fumar era considerado chique pelos socialites.


Slogans idiotas e marcantes como " O fino que satisfaz" e "É preciso levar vantagem em tudo, certo?" ficaram gravados no imaginário popular, sendo que este último popularizou a "Lei de Gerson" em nosso país. Haja desserviços à nossa sociedade. Além de todos os males conhecidos, o cigarro ainda ajudou a reforçar a estúpida idéia do "jeitinho brasileiro".

Outro conceito sofrível que se propagou ao longo das décadas era o de que o cigarro tornava o fumante um indivíduo mais interessante e inteligente.

Com a restrição ao fumo, muita gente vai precisar de outras muletas para parecer interessante. Nos botecos, vão acabar aquelas poses blasés de muitos fumantes. Agora vão precisar mostrar mais conteúdo, em vez das caras e bocas que as tragadas proporcionam.

Quanto a nós, não-fumantes, só nos resta torcer muito para o sucesso da lei, para que possamos tomar o nosso choppinho tranquilamente, sem ter de sair dos bares empesteados e impregnados de fumaça até nos lugares em que o sol não bate.

Brincadeiras e radicalismos à parte, entendo que essa nova era só trará benefícios a todos, inclusive e principalmente, aos próprios fumantes.

Não sou adepto das medidas arbitrárias, mas, neste caso, sou obrigado a dizer que estou adorando as restrições. Agora, parece que a coisa vai. Me desculpem os amigos fumantes.

sábado, 18 de julho de 2009

Recesso da redação

Prezados amigos e amigas, com quem tenho compartilhado tantas emoções e aprendido muito, informo que estarei de férias até o final de julho. Em agosto voltaremos com a carga toda para a comemoração de um ano do Altavolt na Contramão, quando pretendo homenagear alguns amigos blogueiros, com quem interagi muito nesse período. Até lá, fiquem com Deus!






quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rollinbund e os "blind dates"

O Rollinbund sempre foi um cara muito tímido. Porém, de alguma forma, sempre esteve na vanguarda. Em meados dos anos 80, a new wave bombando, o rock nacional em alta, e o Rollinbund, na faixa dos 20, tentando reverter todo aquele clima festivo em prol das suas conquistas amorosas. Devido à enorme timidez, quase nunca se dava bem no face to face com a mulherada. Só quando algum amigo ajeitava as coisas e, assim mesmo, o Rollinbund ainda metia os pés pelas mãos nas conversas preliminares e logo botava tudo a perder. Não era falta de conteúdo, pois a estirpe dos Rollinbunds costuma ter algum, mas era a mais absoluta inabilidade de expressar o que pensava e sentia.

Contudo, já naquela época, antes do estouro mundial da Internet e das relações virtuais, hoje tão em voga, o Rollinbund se valia de um meio para azarar as tão sonhadas mulheres. Era o contato telefônico. Por obra do destino, Rollinbund sempre trabalhou ao telefone, desde a meninice. Assim, o mancebo vivia fazendo contatos e recebendo ligações de pessoas das mais variadas empresas e congêneres. É óbvio, que adorador do sexo frágil como sempre foi, o nosso herói dava uma atenção toda especial às damas. Para completar, muitas gostavam da sua voz ao telefone. Pronto, estava armada a confusão. Não tinha um dia que o Rollinbund não conseguia um novo contato virtual (telefônico). Não falei que o cabra é de vanguarda?

Mas isso era só o início do enrosco. A coisa complicava quando ele passava do virtual para a marcação dos primeiros encontros com as pretendidas. Numa rápida estatística, a qual ainda deve ser válida para os blind dates destes tempos modernos, noventa e cinco por cento das vezes o Rollinbund se deu mal.

Ingênuo e crédulo, marcava o encontro com o alvo da vez, achando que ia se dar bem e, muito honesto, dizia exatamente a roupa com a qual estaria vestido. Ou seja, ele passava a ser o alvo das investidas das mocréias. Via de regra, marcava próximo a um cinema, ou num shopping, para facilitar o papo, os comes-e-bebes e engatilhar um filme após a conversa. Era no escurinho do cinema que ele pretendia dar vazão aos seus desejos retraídos.

Na esmagadora maioria dos encontros, Rollinbund se posicionava no local combinado, com a roupa combinada, e aguardava a aproximação da musa. É claro que elas também informavam ao telefone os trajes que estariam usando. Normalmente, roupas e cores comuns da moda na época. E lá que ficava o Rollinbund, numa estação de metrô, numa portaria de cinema ou numa praça de alimentação, aguardando a desejada companhia. Como são lugares movimentados, era comum e recorrente, aparecerem muitas mulheres vestidas com as roupas que a pretendida havia prometido usar. A cada gostosona que se aproximava, o Rollinbund quase desmaiava de emoção, mas nada, era só fogo de palha. Certa vez, ele tinha marcado com uma “moça” que afirmara que usaria branco. Se deliciou com inúmeras beldades de branco e nada. Depois de vinte minutos esperando, numa plataforma de metrô, se manifesta uma mulher quarentona, vestida de preto e cheia de sorrisos dizendo: “Oi, eu sou a fulana! Só estava criando coragem para me aproximar...Não deu para usar a roupa que falei...” Preciso reiterar que, à época, o Rollinbund estava na casa dos 20 anos. Ou seja, era uma completa barca furada para o menino.

Em outra feita, Rollinbund estava há dias se engraçando com a telefonista de uma empresa que contatara. Logo a conversa pegou fogo e eles marcaram o primeiro encontro. Ele estava ansiosíssimo para tirar o pé da lama, pois há meses não dava uminha sequer! A moça estava correspondendo tanto, que já tinham combinado de ir direto para um hotel. O cara mal se agüentava de emoção. “É hoje!” Pensava em voz alta. Lá chegando, a maior de todas as surpresas, a moça, que também já era quarentona, não tinha uma das pernas e usava muleta. A partir daí, nunca mais o Rollinbund se valeu dessa estratégia para paquerar e azarar a mulherada.

O saldo desse período ficou mais ou menos assim: Vinte e quatro barcas furadas e apenas duas conquistas dignas de menção. Duas vendedoras, na faixa dos vinte, com as quais o Rollinbund engatou breves romances, com direito a aventuras sexuais e momentos amorosos. Nem tudo foi perdido naquela fase!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Singela homenagem a Muricy Ramalho

Considerei execrável a maneira como o São Paulo F.C. demitiu o vitorioso técnico Muricy Ramalho, após este ter dado três títulos brasileiros consecutivos ao clube.
Sou são-paulino, mas não sou fanático, como tantos que andam por aí. O que me leva a escrever sobre Muricy é a autenticidade desse competente técnico. Achei a falta de gratidão e respeito do clube muito grande para com esse excelente profissional, que está muito acima da média dos treinadores disponíveis no mercado.
Num meio em que os técnicos e dirigentes vivem falando bobagens e atropelando a ética a todo instante, Muricy Ramalho é uma das poucas ilhas de seriedade e retidão de caráter. Existem outros profissionais sérios por aí, mas, convenhamos, Muricy, na atualidade, é imbatível, uma vez que alia competência técnica, ética e muito conhecimento acumulado dos meandros do futebol e da formação de novos jogadores. Basta dizer que é discípulo de Telê Santana, outro mito entre os técnicos de futebol.

Se o São Paulo já vinha mal das pernas com ele, o que poderemos esperar agora? Basta um mínimo de bom senso para percebermos que o problema atual do clube está no elenco de jogadores, não no treinador. Há no São Paulo, nesta época do ano, como em todos os clubes brasileiros de ponta, vários jogadores muito mais preocupados com a abertura da janela de transferências para o futebol europeu que se aproxima, do que em desempenhar seu melhor futebol no clube atual.

Mas, na nossa cultura imediatista, sempre é mais fácil mexer com uma peça só do que com várias delas. E lá se vai o grande Muricy, como se fosse um outro técnico qualquer, sem receber a menor consideração e muito menos um voto de confiança do clube, uma vez que tem, ou deveria ter, bastante crédito para isso.

Mas não é só como técnico competente que admiro Muricy Ramalho, mas também, e principalmente, pela forma autêntica e honesta com que exerce a sua profissão. Com Muricy não tem meias palavras, é tudo preto no branco. Ele também não gosta de puxa-saquismo oportunista, de tapinhas nas costas, ou seja, dessas frescuras e falsidades tão em voga hoje em dia.

Nesse mar de mesmice e padronização atual, no qual o mundo do futebol é um dos mais imbecilizantes que existem, Muricy Ramalho é um sopro de dignidade, altruísmo e profissionalismo. Desejo muito boa sorte para o nobre Muricy, vá ele para onde for, e tenho certeza de que o clube que o acolher estará em muito boas mãos, e na direção certa para obter títulos e conquistas. Só o São Paulo não viu isso. Ao clube, desejo a sorte que o destino lhe reservar. Que seja o que tiver de ser.
PS: Nas fotos, a linha do tempo invertida, com Muricy em três momentos no São Paulo. Muitos serviços prestados ao clube.

sábado, 6 de junho de 2009

O homem dotado do incrível dedo médio autônomo

Saiu de casa para o trabalho às 6h30 da manhã. O mau-humor era o de sempre. Também, pudera, levantar da cama às 5h30 para encarar o frio e mais um extenuante e longo dia de trabalho mecânico na repartição pública em que estava lotado, não poderia de maneira alguma ser considerada uma grande pedida para aquela terça-feira.

Grandes cidades implicam em pequenas multidões aonde quer que vamos. Pequenas multidões, via de regra, com baixos níveis de educação e cidadania. Já no ponto de ônibus, o nosso homem começou a se deparar com pequenos gestos e atitudes deselegantes e mesquinhos. Os mesmos, aliás, aos quais já estava habituado.

Não sabia, no entanto, que naquele dia ele não estava sozinho. Apesar de toda a inércia atual da sociedade em relação à falta de educação e respeito ao próximo, sentiu que havia outra pessoa apoiando o seu desagrado com a falta de civilização alheia. Não sei se seria exatamente outra pessoa, talvez, dado a natureza insólita da situação, pudéssemos chamá-lo de outro ser.

O fato é que, já ao perceber um motorista de ônibus que havia passado direto pela parada em que estava, sem prestar serviços, viveu uma experiência inédita em sua vida. O seu dedo médio - até então quietinho, junto com os demais dedos da mão, a qual encontrava-se confortavelmente aninhada no bolso da jaqueta – apresentou uma força e uma atitude inesperadas, erguendo-se no ar de maneira acintosa, em direção ao motorista ignorante.

O homem, visivelmente envergonhado, não sabia literalmente aonde iria enfiar aquele dedo autônomo e tão irascível. Sabia que o motivo que o despertara era lamentável, mas, educado que era, não podia conceber a idéia de colocar o dedo médio em riste a cada contragosto e falta de educação que vivenciasse. Entendeu, desde aquele momento, que por algum motivo inexplicável, seu dedo médio dotara-se de incrível independência e juízo de valores próprios. Sabia que algo inexplicável estava acontecendo, mas continuou tentando manter sua rotina diária.

Ainda no ponto de ônibus, localizado numa avenida de grande movimento e trânsito engarrafado e nervoso, impacientou-se com motoristas que buzinavam a torto e a direito, como se isso fosse magicamente melhorar o tráfego pesado. Novamente, irritado pelas estúpidas e desnecessárias buzinas altas e prolongadas, seu dedo médio o desobedeceu e colocou-se em local bem alto e visível, direcionado a todos os motoristas idiotas que por ali estavam a meter a mão nas malfadadas buzinas.

O homem, dono do dedo, começou a se preocupar com toda aquela independência do seu membro consciente e cidadão, mas tão nervoso e com baixíssima tolerância à estupidez e à ignorância de grande parte dos moradores daquela cidade.

Apesar de alguns xingamentos e de algumas expressões de espanto, recebeu também alguns comentários de apoio ao dedo em riste. Preocupado, conseguiu subir no lotado ônibus que aguardava, apesar da força que teve que fazer para se manter no degrau de entrada.

A partir daí, seu dedo ficou enfurecido e totalmente fora de controle. Levantou-se para as pessoas que insistiam em ficar paradas nos degraus de entrada, impedindo a passagem dos outros e o fechamento da porta.
Levantou-se de novo contra aqueles que estavam bloqueando a catraca, não permitindo que os demais passageiros caminhassem para o fundo do coletivo.
Irritou-se e se fez notar muito claramente para os estudantes que carregavam suas mochilas enormes nas costas, complicando a vida de todos os outros passageiros.

Quando conseguiu um lugarzinho para sentar, do lado do corredor, o dedo independente ficou um pouco mais contido, mas não por muito tempo. Logo em seguida, a pessoa que estava ao seu lado, dormindo até então, acorda e – roboticamente – levanta-se para sair do banco, sem sequer balbuciar um pedido de licença. O homem, acostumado àquilo, foi liberando a passagem, mas o dedo médio não deixou passar batido. Apresentou-se bem na cara do passageiro desligado, em tamanho e forma bem visíveis.

Daí a pouco, o ônibus ainda lotado, o homem começa a ouvir os costumeiros gritos de passageiros que estavam longe da porta de saída e queriam que o motorista esperasse pacientemente até que descessem. Normalmente, os motoristas, já de saco cheio, não costumam dar ouvidos a essa gritaria dos folgados, e segue em frente pisando fundo. O dedo intrometido manteve-se em riste e na direção dos folgados que tentavam chegar à porta de saída.

Quando desceu do inferno sobre rodas em que estava, o homem só precisava atravessar uma avenida para chegar ao seu local de trabalho. Percebeu um grande número de carros parado e tomando conta da faixa de pedestres que utiliza diariamente. Encarou como algo lamentável, mas normal nos dias de hoje. O dedo, claro, não deixou barato, ergue-se e dirigiu-se ostensivamente a todos os motoristas que desrespeitavam a sinalização e os pedestres do local.

Ao chegar à repartição, e deparar-se com toda a preguiça e descaso dos colegas, com as ordens estúpidas e estapafúrdias da chefia, enfim, com toda a maneira equivocada como funciona o serviço público, não deu outra, o dedo irascível manteve-se em riste o tempo todo, poupando pouquíssimos colegas de trabalho. O chato foi quando se levantou até para o diretor da unidade. Por conta das estripulias do dedo irado, o homem foi levado para um sanatório, aonde ainda se encontra internado, fazendo tratamento à base de antidepressivos e calmantes. Todos estranharam aquele surto ter acometido uma pessoa tão calma e paciente. O homem, atualmente, vive letárgico como um autômato. O dedo continua autônomo. Não há remédio que o mantenha sob controle.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

IDOSO: Você ainda vai ser um

The Beatles - when im sixty four


Com o american way of life tendo sido franqueado para mais da metade do mundo, passamos a viver numa sociedade, dita moderna, que cada vez mais valoriza a força, a beleza, a alta tecnologia e o poder.
Vivendo assim, é claro que os mais velhos, indivíduos que outrora, e em outras civilizações e modus vivendi, eram tidos como fontes de sabedoria e experiência, praticamente deixaram de sê-lo. Passaram a ser quase totalmente ignorados, além de precisarem contar com legislações e normas que lhes garantam aqueles direitos e benefícios que o próprio bom senso (se houvesse) já deveria fazer valerem no dia-a-dia.
Atualmente, percebemos claramente que todos querem viver muito, mas ninguém quer ficar velho. É um paradoxo, mas é isso que vivenciamos em quase todas as esferas de nossa vida.
E para não ficarem velhas (Como se isso fosse possível!), muitas pessoas estão lançando mão de intervenções e métodos, em muitos casos esdrúxulos, para a conservação da força e beleza da juventude.
E haja anabolizante, botox, redução de estômago ao bel prazer, remédios controlados para emagrecer e um monte de outras medidas estapafúrdias que só fazem prejudicar ou desfigurar o corpo humano.
É óbvio que todos devem se preocupar com a saúde e o funcionamento do próprio corpo, mas existem maneiras e maneiras de fazer isso.
Primeiramente, isso não pode virar obsessão, uma coisa a ser alcançada a qualquer custo. Em segundo lugar, a primeira coisa a ser preservada sempre deve ser a saúde e não somente a beleza e estética exteriores. Via de regra, a pessoa saudável costuma ter a melhor aparência possível dentro do seu biotipo. Milagres não existem, embora muitos tentem propagandeá-los por aí. Idiotas daqueles que caem em tais contos do vigário midiáticos e se deixam levar por essas ondas estéticas que têm assolado o mundo moderno.
Resumindo, a maioria das pessoas quer a eterna juventude, mas sem fazer qualquer esforço, lançando mão apenas das técnicas e soluções amalucadas que surgem no mercado e que o dinheiro pode pagar. Apenas uma minoria busca a saúde de maneira consciente e natural.
Não temos como reverter a passagem do tempo, que é inexorável. Precisamos, então, nos aliarmos a ela, aproveitando tudo que nos é propiciado ao longo da vida, em suas diferentes etapas e circunstâncias.
Por tudo isso é que não consigo olhar para um idoso e não me refletir nele, não me ver nele. Ele sou eu amanhã, ou daqui a pouco. Se é que eu terei toda a sorte e energia necessárias para chegar aos 70, 80 anos. Será?
Quando convivemos com crianças não nos lembramos da nossa infância? Quando estamos próximos dos adolescentes não sentimos saudades dos nossos anos verdes? Então por que quando estamos com os velhinhos não paramos para pensar como seremos quando obtivermos a graça de chegar àquela idade?
Já ouvi várias vezes o chamado: Solte a criança que existe em você! Mas será que só temos uma criança dentro de nós? Será que não temos várias pessoas dentro de nós? Algumas que já conhecemos e outras que ainda vamos conhecer?
Disse Machado de Assis que o menino é o pai do homem. Ou seja, desde criança já temos dentro de nós o embrião do homem maduro e do idoso. Se somos tudo ao mesmo tempo, por que haveríamos de não respeitar os cabelos brancos alheios, que um dia serão os nossos?

terça-feira, 12 de maio de 2009

O complexo é ser simples

Tem faltado muita simplicidade no mundo de hoje. Com a nossa atual realidade super, ultra, mega, hiper tecnológica, mercantilizada e conectada em tempo real, não tem sobrado espaço para as coisas simples e pueris da vida.

Para tudo que formos fazer na vida, já existem modelos e fórmulas pré-concebidas de como teremos de nos comportar e quais scripts teremos de seguir.

A propaganda – e essa é a função dela – têm cada vez mais roteirizado a vida de todos nós, cidadãos comuns, bombardeados que somos, diuturnamente, pelas campanhas publicitárias e pelas estratégias e jogadas de marketing, que já parecem estar onipresentes em todos os campos e áreas da era moderna.

E para as pessoas dotadas de baixo ou nenhum senso crítico, o bombardeio do marketing pode ser fatal para a capacidade de raciocínio e discernimento.
Há jovens (e muitos maduros também) que começam a se comportar como se a vida atual, ultraconectada e on-line, fosse um eterno reality show.

Pessoas dotadas de precária instrução, mas de muita informação, simplesmente não sabem o que fazer com a última. Querem ser, ou acham que são, instants celebrities, ou seja, pessoas que são populares gratuitamente, sem a necessidade de serem notórias em alguma área do conhecimento humano.

E quando falo em baixa instrução e cultura, não me refiro especificamente às camadas pobres da nossa população, que realmente têm muitas dificuldades de acesso à educação em nosso injusto país. Falo sim, e principalmente, dos jovens ricos e de classe média, que têm se comportado de maneira cada vez mais estúpida e violenta, não dando nenhuma importância às leis ou ao respeito pelo próximo e à vida em sociedade.

Reputo toda essa ignorância, agressividade e pasteurização das pessoas à baixíssima importância que a sociedade moderna tem dado à formação do caráter das nossas crianças e jovens, aliada à altíssima importância que tem sido dada ao consumo desenfreado, desregrado e imposto maciçamente aos nossos pretensos cidadãos.

Mais do que nunca, hoje o que importa é ter, e não ser. Não se pensa mais na essência humana. Apenas na aparência humana. O importante é aparecer sempre bem na foto e parecer ser alguém de bem (ou de bens). Ninguém precisa ser alguma coisa, basta parecer que é alguma coisa. Vivemos a idade da imagem e, nada além dela, parece ter alguma importância. Ande assim. Compre isso. Vista aquilo. Dirija o carro X, que você ficará mais interessante. Adquira a mais nova versão do produto Y. Você não pode ficar de fora dessa jogada. São bordões e slogans repetido como mantras sagrados pela publicidade. E que têm tornado nossa vidas cada vez mais complexas e cheias de necessidades criadas, que logo passam a ser tidas como imprescindíveis.

Divulgam tudo. Promovem tudo. Mercantilizam todo tipo de relações e sentimentos. A única coisa que não vejo ser valorizada é a simplicidade no dia-a-dia das relações humanas. Tudo está ficando complexo demais, chato demais, mecânico demais. Excesso de serviços e produtos dos quais não precisamos. Excesso de profissionais dos quais não precisamos. É a onda dos “personal” pra tudo. Pra se vestir. Pra praticar esportes. Pra se alimentar. E haja gente ganhando dinheiro no mole, com consultorias bestas que não nos ajudam em nada, e das quais ninguém precisa. Apenas maneiras de tornar a vida cada vez mais profissional e roteirizada. Precisamos resgatar a simplicidade, a verdadeira vida simples. Mas do jeito que as coisas vão, está ficando cada vez mais complexo ser simples.

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