Planeta Terra. 2013. Chegou-se a um
estágio avançado da sociedade em que as pessoas se acham felizes apenas e tão
somente por conseguirem adquirir e ostentar bens de consumo altamente
renováveis com a maior rapidez possível e antes que os outros mortais o façam.
A maioria também parece ficar muito feliz e satisfeita só em poder frequentar
os modernos templos do consumo com toda a família, pois são lugares seguros,
bonitos, limpos, que oferecem produtos, serviços, gastronomia e lazer dentro
dos padrões de assepsia e apresentação tidos como aceitáveis e muito
desejáveis, ainda que altamente industrializados e padronizados. Não importa,
para quem é, ou parece ser feliz, se nem todos têm acesso a esse fantástico
mundo de modernidade e alegria. Aliás - para esse padrão de felicidade, imposto
pelo mercado em geral, e especialmente pelas transnacionais, pelos bancos, pela
propaganda e pela mídia -, faz parte do pacote que nem todos possam ter acesso
a tudo de bom que o mundo moderno oferece. Somente os escolhidos. E assim,
muita gente se esfalfa para se enquadrar naqueles conceitos e estereótipos de
homens, mulheres e crianças bem-sucedidos. O sucesso e a felicidade são
assegurados apenas àqueles que contam, desde o nascimento, com boas estruturas
financeiras familiares e bom respaldo educacional, os quais irão perpetuar a
manutenção daquela boa cepa de gente nas linhas de frente, de mando e de
comando da sociedade. O mundo caminhou até chegar ao estágio atual, no qual as
pessoas valem pelo que têm e o culto à personalidade e às aparências, bem como
a idolatria a muitas coisas materiais e palpáveis, suplantou qualquer outro
aspecto espiritual ou sentimental que eventualmente pudesse nortear as relações
humanas. As pessoas estão felizes ou infelizes, dependendo apenas de terem ou
ainda não terem adquirido os seus mais recentes objetos de desejo, tão
propagandeados e disseminados pelos ferozes e predatórios meios de comunicação.
Essa infelicidade dura até a satisfação desse desejo. Satisfeito aquele desejo
da vez, a sensação fugaz de felicidade logo passa, pois outros chamados começam
a incomodar e a impacientar os nossos felizardos temporários. Tal qual um
dependente químico, as pessoas entram em crise de abstinência por ainda não terem consumido aquilo que o deus mercado manda e impõe como sendo indispensável e
sem o qual o cidadão estará incompleto e em desigualdade de condições com o
mundo que o rodeia. É preciso trocar o carro, mesmo que o seu ainda esteja
cumprindo perfeitamente a missão a que se destina. É preciso ter o último
modelo de iphone da semana. É imprescindível comprar em
dez vezes no cartão de crédito a última versão da TV de plasma. É de vital
importância estar com o cabelo tratado dentro da última técnica surgida para
tal cuidado. É tão necessário parecer feliz dentro dos conceitos difundidos e
tidos como padrões, que o sujeito precisa sempre estar com as suas fotos e
informações atualizadas em tempo real na WEB, como se disso dependesse a
continuidade da humanidade. É preciso estar conectado e interagindo
virtualmente o tempo todo, mesmo que isso faça com que você deixe de manter
contato e trocar ideias com as pessoas que, na realidade, estejam sempre ao seu
lado. É preciso usar o sapato do momento, cortar e arrumar o cabelo com o
estilo do momento, ouvir a música do momento, vestir a roupa da estação, exalar
o cheiro comercializado no momento, entre tantas outras atitudes exigidas e
esperadas da pessoa que se entenda como do seu tempo.
Será que são somente essas ideias e coisas
que realmente nos fazem felizes? Será que ser supostamente feliz e ostentar em
um meio em que nem todos podem ter as mesmas coisas que você é benéfico ou
maléfico para a sociedade? O homem vale pelo que é ou pelo que tem? Qual seria
o motivo de alguns terem coisas e desfrutarem mordomias às quais a maioria não
tem acesso? Isso é justo? É moral? É lógico? Haveria os escolhidos de Deus? Por
que alguns são mais bem tratados e respeitados do que os outros? Seria possível
vivermos numa sociedade mais justa e igualitária, com educação e oportunidades
para todos, desde pequeninos? Seria possível e viável uma sociedade na qual não
houvesse qualquer tipo de distinção entre seres humanos? Seria sustentável uma
sociedade em que todos fossem respeitados e tivessem as condições mínimas de
dignidade e conforto para viver? Existem seres humanos que valem mais do que os
outros?
Perguntas que ficam no ar. Como a
principal delas: O que tenho feito para tornar este mundo melhor, mais justo,
mais feliz e mais humano para todos?
3 comentários:
Contribuição relevante e necessária, Altamir! "Nos dias de hoje, é bom que se proteja", mas não ofereça a face para quem quer que seja, parafraseando o Ivan Lins.
Há eleitos, sim, os do "Deus Capital". E boa parte daqueles cujas condições socioeconômicas são desfavoráveis, igualmente querem ascender à tal categoria, se assim se pode falar. Observe, por exemplo, o que mais atrai os jovens, na atualidade: tudo que é material e ostentatório. O conceito de felicidade ganhou outros contornos e, mais rápido do que o pensamento, se estabelece e escraviza as pessoas.
As redes sociais, assim observo, mais afastam que aproximam. Separam e difundem tudo, sem critério algum. A conexão quase instantânea é pura ilusão. Na vida real, é outra coisa.
Meu abraço aqui, do Cariri!
Tânia Peixoto
Sim, cara Tânia,você acertou na mosca: Está faltando critério. Sinto que as pessoas não querem se aborrecer pensando. Pensar dói. Ao menos é o que parece nos tempos atuais e nas redes sociais.
Beijo de Sampa!
Saudades daqui. :) abs
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