segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Dia desanimador em Sampa

Segunda-feira em Sampa, mais chata do que as habituais, porque tá fazendo a maior “friaca”, numa cidade às vésperas de mais uma eleição municipal. Tendo de agüentar as presepadas do horário político gratuito (gratuito não sei pra quem, pois o povo paga um preço muito alto por todas aquelas aberrações e barbaridades). São promessas vãs feitas com as caras mais deslavadas desse mundo. Os ilustríssimos candidatos não têm o menor pudor em oferecer até as respectivas mães para o eleitorado. Realmente, desanimador o panorama. Foi-se o tempo em que as disputas eram mais ideológicas e definidas. Hoje, sinto que os candidatos se equivalem, são os rotos falando dos maltrapilhos. Não dá mais nem tesão pra discutir ou defender algum deles. Tempos tristes, chatos mesmo.
Sinto, depois de muitas eleições, que, ganhe o que ganhar, as mazelas da cidade continuarão as mesmas. As periferias continuarão abandonadas. O transporte público continuará caótico e gerando muitos sofrimentos aos que vão de madrugada para o batente, aqueles que realmente trabalham muito e ganham quase nada. As crianças continuarão desassistidas nas escolas e creches. A educação de qualidade continuará sendo privilégio dos bem-nascidos, que por sua vez terão também filhos bem-nascidos. Os idosos, as gestantes e os doentes em geral continuarão sendo maltratados e ignorados nos hospitais públicos. O maldito trânsito continuará enlouquecendo a vida de todos, transformando motoristas e motoqueiros em rivais de vida e morte e, juntos, todos eles, ignorando completamente os pobres pedestres. Segunda-feira chata em Sampa, não sei porque estou tão pessimista. Deve ser a “friaca” inoportuna. Gelou ainda mais meu coração. Me fez ainda mais descrente. Parece que estamos indo a passos largos em busca da cegueira profetizada por José Saramago. Aí está uma idéia, assistir ao filme inspirado no livro. Talvez me deixe ainda mais “deprê”, mas é uma fagulha de lucidez em meio a tanta babaquice. E as fagulhas de lucidez e consciência estão ficando cada vez mais escassas por aqui. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. As eleições vêm aí para ratificar os caolhos no comando da cidade. E haja cego pra todo lado.

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