No entanto, a maioria esmagadora dessas pessoas, que vivem dando lição de moral em todo mundo, jamais deixa de usar seus automóveis por um instante que seja. Se precisam ir à padaria, a duas quadras de casa, vão de carro. Se precisam ir pegar o filho na escola, a um quilômetro de casa, vão de carro. Existem pessoas (quase todas) completamente dependentes do carro para viver, como se este fosse uma extensão do próprio corpo. Mesmo com um trânsito cada dia mais caótico e estressante, poucos são os lúcidos e corajosos que buscam alternativas para a prisão sobre quatro rodas.
uitos reclamam dos males causados pelo sedentarismo, mas jamais se dispõem a caminhar um pouco mais. Pouquíssimos utilizam bicicletas, até porque ainda faltam ciclovias e condições seguras de tráfego para elas. Mas ninguém está muito preocupado em criar ou lutar para melhorar tais condições. É muito comum ouvirmos as pessoas falarem no dia a dia que não conseguem fazer nada sem carro, que o veículo é imprescindível na vida urbana moderna, que o sistema público de transportes não funciona. Podem até ter certa razão, dependendo da situação, mas, mesmo assim, existe muito exagero e muito comodismo por trás dessas afirmações corriqueiras.
Poucos se dispõem a levantar a bunda da cadeira e caminhar, pelo menos na hora do almoço. Reclamam do calor, do frio, da chuva... Tudo é motivo para o sujeito se aboletar no seu auto e deixar de queimar pelo menos alguns gramas de gordura trans. Sem contar o rodízio paulistano, que é motivo para que muitas pessoas deem um jeito de alterar toda a rotina do dia da semana em que há restrição para o uso do seu automóvel. Ficou muito comum escutar as pessoas falando que não podem fazer tal coisa tal dia porque é o dia do rodízio. Ou seja, tudo em função do carro. A vida em função do carro.
Isso tudo, voltando ao início do deste post, sem falar nos enormes índices de CO2 lançados na atmosfera todos os dias pelos milhares de veículos que insistem em transitar, apesar de tantas adversidades e problemas que o tráfego pesadíssimo tem causado às cidades e às pessoas.
O fato é que vivemos, isto sim, apesar de tantos blablablás pretensamente conscientes e engajados, na era do automóvel. É em volta dele que a economia gira. É para ele que a maioria das obras são projetadas e, finalmente, é para conseguir alcançá-lo, que a maioria do povo trabalha. E haja propaganda de lançamento de veículos! Em uma delas até já estão fazendo a pergunta (Muito pertinente por sinal): Mas para que um carro tão possante se há tanto trânsito nas grandes cidades? E a resposta: Porque uma hora o semáforo abre! (Só não sabemos se mesmo com ele aberto vai ser possível andar, mas tudo bem...)
Falam tanto da poluição causada pelo tráfego, do iminente fim das fontes de petróleo, mas jamais cogitam em tirar o automóvel do centro das atenções do nosso mundo cada vez mais globalizado.
É de se perguntar: Será que só sabemos viver individualmente sobre quatro rodas? Será que não existem outras boas e dignas opções de transporte? Seríamos nós realmente animais motorizados?
Estaríamos todos condenados a viver todos os dias as agruras e sofrimentos causados pelo desumano e insuportável trânsito das grandes cidades?
Estaríamos todos condenados a viver todos os dias as agruras e sofrimentos causados pelo desumano e insuportável trânsito das grandes cidades?
Não sei as respostas para todas essas perguntas, mas, além da começar a fazê-las, acho sinceramente que é papel de nós todos tentar também respondê-las. Eu estou sem carro há anos. Utilizo transporte público todos os dias e caminho bastante para fazer minhas coisas cotidianas. Até o momento não fiquei doente nem enfrentei grandes problemas por causa dessa opção. Além do mais, nas cidades maiores, quando necessário, sempre há um táxi logo à mão para nos servir. Tudo é uma questão de adaptação e uso racional dos recursos e possibilidades disponíveis. Além de abandonar a maldita ideia de que o carro traz status e glamour para os seus proprietários. Foi-se o tempo. Hoje em dia qualquer um compra um carro zero em 96 prestações e se encalacra todo para pagá-lo. Mas, mesmo assim, pode dizer e mostrar para todos que tem um carro.
8 comentários:
Admito minha culpa e minha não participação na preservação do planeta, sabe, moço?
Tentamos, por um período, duas colegas e eu, usar o esquema das caronas, mas eu cheguei atrasada na aula várias vezes, por conta dos atrasos delas, então voltei a usar o carro diariamente.
Meu comodismo fala mais alto, me declaro totalmente culpada. =\
Beijo.
ℓυηα
Bela Luna, só vc foi corajosa o bastante para vestir a carapuça e fazer um "mea culpa"... O pessoal amarelou geral, rsrsrs! Beijão pra ti!
Poxa... é a mais pura verdade.
Mas também, o transporte público precisa ser melhorado para que mais pessoas se motivem a usá-lo com mais frequência. Eu uso porque não tenho outra opção mesmo, mas sofro diariamente com a superlotação dos ônibus, metrôs, gente mal-educada empurrando, xingando, etc.
Nenhuma saída está fácil, ultimamente =/
Beijos, moço!
Passando pra deixar um beijinho, moço. ^^
ℓυηα
Olá, moço!
Na minha opnião, o grande problema é a falta de investimento nos transportes públicos.
Na Europa, por exemplo, metrôs, trens e voos low coast são os transportes mais comuns, por que? Por que têm não só qualidade e conforto para os usuários, como também inúmeras opções de destinos e vias.
Beijão e obrigada pelo carinho!
Miss
Eu tenho um sonho de consumo que é morar perto de tudo que eu preciso pra poder ir a qualquer lugar a pé :)
Ah, mas eu não vou deixar de comer carne porque o pum do boi causa efeito estufa.
Olá querido! Vim pra agradecer ao lindo comentário lá no blog. Coloriu meu dia!
Beijão!
O que posso fazer por perto, vou a pé... até porque, adoro andar, ver gente, me faz bem!
Mas tenho que confessar que contribuo para esse caos...
Boa semana,
Beijos
Postar um comentário