terça-feira, 25 de agosto de 2009

Revolution Rock

Algumas datas roqueiras emblemáticas estão sendo comemoradas neste mês de agosto. Quarenta anos de Woodstock. Vinte anos da morte do lendário Raul Seixas, e com certeza muitas outras delas que não me ocorrem no momento.

Para mim, a maior finalidade a que o rock pode se prestar é à rebeldia com causa. Em muitos momentos e com muitos artistas, o rock foi genuinamente contestador e libertário. Em outros, sucumbiu totalmente ao mainstream e foi apenas mais um produto industrializado e pasteurizado pelas grandes corporações da música.

Sempre acreditei que os verdadeiros roqueiros quisessem realmente contribuir para que os parâmetros de felicidade e vida moderna fossem alterados sensivelmente. Tirando o lado porra-louca do rock, sempre o mais festejado, há por trás de muitos artistas a vontade férrea de ver o mundo transformado para melhor. Com mais liberdade de expressão, mas também com mais justiça e igualdade social.

Pelo menos, foi assim que sempre vi o rock. Sempre me recusei a acreditar que os roqueiros fossem doidões por serem doidões. Muitos deles, como o próprio Raul, foram verdadeiros profetas, além de pessoas altamente intuitivas e muito avançadas para os períodos em que viveram. Em muitos casos, ainda vivem. Muitos estão vivos e apresentando trabalhos muito interessantes. O verdadeiro rebelde com causa não morre nunca. Talvez seja mais um estereótipo da indústria pop, o de que só os jovens têm propensão à rebeldia. Acho dignificantes aquelas personalidades da música, das artes, das letras, ou de qualquer outro meio, que passados dos quarenta anos, ainda conservam a verve da contestação aos modelos, muitas vezes equivocados, impostos pela moderna sociedade. Pensar é para a vida toda, não é e não deve ser privilégio apenas dos mais novos. A experiência também deve contar muito. Haja vista os povos antigos, que tanto valor davam aos mais velhos e sábios.

Irrita-me os ditos amantes do rock, dados a se “fantasiar” de roqueiro em algumas ocasiões, mas que, no entanto, no cotidiano, na vida prática, se comportam como o pior tipo de pessoa que possa haver na face da Terra. Não respeitam o próximo. Não toleram as diferenças. Não contribuem para minimizar desigualdades. Não fazem nada, mesmo que apenas nos seus respectivos raios de ação, para diminuir a corrupção e o famigerado “jeitinho”. São roqueiros fakes.

Quando os Sex Pistols berraram a plenos pulmões contra a Monarquia e a sociedade inglesa da época, abriram precedentes, quebraram tabus. Tenho certeza que, mesmo envoltos na maior rebeldia possível, no fundo almejavam mudanças sociais concretas para a classe operária. A rebeldia dos punks tinha causa e razão de ser.

Não concebo toda a inspiração de John Lennon, Bob Marley, Bob Dylan, Jim Morrisson, Renato Russo, Kurt Cobain e Raul Seixas, entre muitos outros, serem relegadas a ficar apenas nos concertos e nas músicas. Acho que o que todos eles sempre almejaram em suas letras, em suas vidas, os ideais mais nobres e humanos possíveis. Tanto, que muitos até morreram por essa causa. Cabe a nós, seus admiradores, fazer pelo menos um pouquinho para que esses sonhos de liberdade, fraternidade e igualdade possam ser realmente alcançados na vida real. Como disse John Lennon: “Pense globalmente, aja localmente”.

Há muitas pequenas atitudes e ações que podemos ter em nossa correria diária, que muito podem contribuir para nos aproximarmos de um mundo mais humano e decente. Nem só de atos heróicos e transmitidos ao vivo vivem as revoluções. Elas acontecem também em nossas consciências, de maneira silenciosa e discreta. E é aí que valem mais.
Longa vida ao rock´n´roll e, principalmente, aos seus ideais para um mundo melhor.

15 comentários:

F. Reoli disse...

Viva o Rock´n´roll. E enquanto existir trilha sonora pra uma velha senhora como a noite ou um cara ranzinza como o dia, as letras vão estar sempre aí, eternas, em corações e mentes. Abraço

WOLF disse...

NX0, SKANK, JOTA QUEST... Infelizmente, o bom rock, aquele do tipo que gritava "que país é este?", está extinto. Resta-nos lembrar do passado.

Sweet Toxicant disse...

É por isso que eu sou nostálgica, neste sentido.

Para mim, não existe época melhor do que os anos 60/70/80 na área da música, especialmente o Rock n' Roll.
Eu nasci em 83, mas felizmente tive a sorte de ter um pai roqueiro super atualizado que me ensinou desde a barriga da minha mãe a ouvir o que presta e faz sentido! Hehehehe!

E concordo plenamente com você quando diz que é interessante que façamos nossa contribuição para dar seguimento a essas idéias de um mundo melhor. Eu não posso movimentar o mundo, mas vou movimentando os que estão ao meu redor, e a onda vai crescendo. Pessoas que recebem bons estímulos, tendem a espalhar bons estímulos também. Eu ainda tenho esperanças de que as pessoas serão todas atingidas algum dia por essa onda positiva. Estou fazendo minha parte!

Ótima homenagem, Alta. Como sempre, amei!

Beijão!!!

Altavolt disse...

Fábio: A ideia é que tais inspirações passassem a fazer parte do cotidiano real, que passassem efetivamente a acontecer, a caminho de um mundo melhor. Abraço.

Jester: É verdade, o conteúdo das letras era muito mais engajado há alguns anos. Mas essas canções ainda estão muito vivas na memória de todos. Abraço.

Sweet Tox: A ideia é essa: Vamos todos efetivamente fazer a nossa pequena parte para um mundo melhor.
Somando todos, revolucionaremos o mundo para melhor, quase sem sentir! Beijão!

Jadder disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jadder disse...

Serei bem breve...dessa época de sexo, drogas e rock'n'roll sobraram apenas as drogas; porque sexo já não é mais feito com amor, e o "barato" do rock'n'roll passou o efeito, logo após cruzarem as porteiras de Max Yasgur.

Altavolt disse...

Caro Jadder, devemos ter fé no amor, meu filho! rsrs Abração!

PS: Não consegui mais acessar o seu blog. Pede login para leitores convidados. E eu não fui convidado... rsrs... Mifu!

Jadder disse...

Foi mal filhote...foi necessário dar uma "barrada" no chefe após um crítica ferina, sabe?rs

Me manda teu e-mail, para autorizar tua passagem por lá.(jadder@gmail.com)

Abraço

Bruna disse...

Falou tudo, cara!!! Com toda a certeza, rock n'roll é muito mais do que simplesmente fazer "barulhos" com a guitarra e se vestir de maneira "agressiva". Há toda uma ideologia sócio-cultural por trás disto. Pena que muitos (a chamada "indústria cultural") se aproapriam disto para "fazerem" e divulgarem "rock" a torto e direito.
Bom, mas viva o bom e real rock n roll!!!! E q pena q eu não nasci há algumas décadas... hehhehe :(

Bjos!

Obrigada pela visita no meu blog!!! ;) (a propósito, tenho outro... hehhehe www.uncolourrainbow.blogspot.com)
Comentários, sugestões, críticas ou simples trocas de ideias são sempre bem vindas!!! :D

Luna Sanchez disse...

Texto perfeito, tanto que nem me atrevo a fazer nada além de suspirar...

O selo do qual te falei, moço :

http://coleccion-recuerdo.blogspot.com/2009/08/esse-blog-tem-muita-imaginacao.html

Dois beijos de sexta,

ℓυηα

MissUniversoPróprio disse...

Excelente texto. E a mais pura verdade descrita. Pena que, como disse o amigo em um coment ali em cima, o verdadeiro rock está se extinguindo.

Obrigada pelos comentários no meu blog, você alegrou meu dia. :) Bom final de semana! =*

D.J. Dicks disse...

rock rock rock, mas atualmente o rock ta tão chato.

Altavolt disse...

Jadder: Valeu, agora já temos acesso à sua caixa preta, rsrsrs!

Bruna: Muito bem-vinda!

Luna: Obrigado pelo selo. Estou tentando trazê-lo, mas o analfabetismo está complicando!

Miss: Seja tb muito bem-vinda!

Extase: Não sei se percebeu, mas quisemos abordar um pouco mais a fundo a filosofia do rock como um todo. É claro que eu tb acho que o rock tem piorado muito. Abraço.

Gustavo Martins disse...

Vendi minha alma pro rock'n'roll. Não posso falar dele assim... E nossa percepção de um mundo melhor nem sempre bate com a da sociedade "regulada".

Muito desse perverso e da tendência a corromper veio do ventre da mãe-rock que nos pariu.

Long live rock'n'roll [Rainbow], alta!

Altavolt disse...

Gustavão: Um mundo melhor não seria necessariamente aquele hipocritamente perseguido pela sociedade "regulada". Um mundo melhor, para mim, seria aquele com oportunidades mais igualitárias para todos. Menos roubalheira e menos injustiças com os menos abastados. Acho sim que o bom rock sempre perseguiu esse ideais, mas à sua maneira, claro!

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