quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Amizades vituais?

Eu não pertenço a nenhuma tribo. Eu não pertenço a lugar algum. Porém, não me privo de interagir com quem quer que seja e, principalmente, de onde quer que seja. De preferência, de maneira inteira, e por completo. Hoje em dia, mesmo com tantas ferramentas virtuais à mão, muita gente não consegue se comunicar por inteiro. A comunicação depende de emissor e receptor. Quantas vezes não sentimos que, enquanto nos colocamos com pelo menos 90% de nós nas conversas virtuais, o nosso interlocutor não chega a despender 5% do seu ser no mesmo diálogo. De que adiantam tantos meios de comunicação, se não há predisposição das pessoas em realmente se comunicar, de corpo e alma? Comunicar implica em falar e ouvir. Aliás, em muitos casos, mais ouvir do que falar, pois, se essa não fosse a lógica da comunicação, por que a sábia natureza nos dotaria com dois ouvidos e apenas uma boca?
Mas não é essa ideia que predomina no mundo moderno, virtual e globalizado. Todos querem falar, mas muito poucos se dispõem a ouvir e realmente interagir. Em alguns momentos, parecem conversas de surdos, nas quais uns falam paus e outros respondem pedras. Não se mantém uma linha inteligível de raciocínio nos diálogos. Mas todos acham que estão se comunicando plenamente. Será?
Falta verdade e vida real e vibrante por trás de muitas conversas e relações virtuais. Não há como fugir, vivemos plenamente é no mundo real. Se o mundo virtual não nos complementa verdadeiramente nesse sentido, talvez tenhamos que repensá-lo. De que adiantam 2894 amigos virtuais? De que adianta participar de 485 comunidades, se na prática aquilo não agrega nenhum valor à minha pessoa e à minha vida? São apenas números, cultuados por muitos como algo preciosíssimo.
Tudo na vida é muito válido, desde que o realizemos com verdade, autenticidade, entrega, lealdade e comprometimento. E, principalmente, visando a completa interação social. Tudo que é feito com alma vale à pena. E isso, com certeza, deve se estender às inovações dos novos tempos. No fundo, por trás de tudo, e, acima de tudo, sempre devem estar os bons valores e as justas motivações humanas. Toda ferramenta e toda a tecnologia, que forem usadas de modo a prescindir da importância humana, irão cair inexoravelmente num grande vazio.
Nada se sustenta sem a humanidade, na maior acepção que essa palavra possa ter.

13 comentários:

Luna Sanchez disse...

Também acho que números não representam tanto, mas a sintonia sim, seja ela detectada no mundo real ou no dito vurtual.

Quanto ao fato de ter mais gente querendo falar e menos querendo ouvir, concordo, sim. E isso se aplica a todos os mundos...rs.

Beijos,

ℓυηα

Nando disse...

Alta,

nem sempre a falta de resposta explícita é desconsideração, pode-se estar "ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou", apud http://migre.me/5yOS.

Abraços!

F. Reoli disse...

O melhor de tudo seria usar toda essa modernidade como atalho e reunirmos todo mundo em volta de uma garrafa de Jack Daniel´s, uma fogueira e um violão.
Abraço

D.J. Dicks disse...

O probelma de comunicação é por que as pessoas precisam apreder a ouvir. se

Altavolt disse...

Luna: O bom senso e o respeito aos outros, na verdade, é que deveria se aplicar a todos os mundos. E, principalmente, que isso refletisse sempre positivamente no mundo real e cotidiano, que é o que realmente importa. Beijão, guria!

Nando: Claro, meu caro, existem momentos em que temos que digerir as informações recebidas para, então, emitirmos a nossa opinião. Nessas circunstâncias que vc coloca, a meditação também é um grande sinal de respeito e atenção para com o outro. Abração!

Fabião: Cara, vc sintetizou bem a coisa. No fundo, o que é realmente relevante é a nossa reunião verdadeira e espontânea. Abração!

Extase: É, meu caro, ouvir os outros com atenção e respeito é um exercício que poucas pessoas têm praticado. E ouvir é fundamental no verdadeiro diálogo produtivo. Abraço!

WOLF disse...

Humildemente, acho que as pessoas exageram nas críticas às relações virtuais. O mundo diminui a cada evolução tecnológica, suas distâncias encurtam, e foi esse fenômeno o grande responsável pela maravilhosa oportunidade que temos hoje de manter contato (outrora impossível, impensável, improvável.)com quem quisermos no globo, e de forma instantânea. Agora, porém, tudo é muito recente. A humanidade ainda está deslumbrada (e por que não, assustada?) com esse poder, esse leque incrível de possibilidades. Ainda não aprendemos a utilizá-lo em sua plenitude. Um dia, porém, o dominaremos. Por enquanto permanecemos escondidos por detrás de nossas máscaras e vaidades, entregando pequenas porcentagens do que somos em nossos novos e instáveis relacionamentos.

Sweet Toxicant disse...

Alta, muito bom o seu texto!
Eu tenho muitos amigos virtuais... e ajo com eles exatamente como ajo com os meus amigos reais... Vou me achegando de pouquinho, conhecendo cada traço que se apresenta, trocando informações, conhecimentos, experiências, até o momento em que tudo continua parecendo verdadeiro para mim, porque de minha parte sempre será verdadeiro (embora não detalhado, isso depende MUITO). E quando deixa de ser verdadeiro, eu não continuo.
Acho que uma amizade verdadeira não depende de presença física, assim como qualquer sentimento. O problema é aquela história que cansamos de ouvir e é real: na internet qualquer um pode ser qualquer coisa... então a probabilidade de se deparar com coisas falsas é imensa. Mas na vida real as pessoas também aprenderam a se mascarar tão maravilhosamente, que atualmente o risco é quase o mesmo... E sim, o grande defeito do ser humano está em não saber ouvir... nem ao próximo e nem a si próprio. Porque quando passarmos a nos ouvir melhor e percebermos quantas asneiras saem... pensaremos muito mais antes de falar, e enquanto isso ouviremos mais o outro...
Acho que é mais ou menos isso... Hoje a TPM está me atrapalhando um pouco hahahaha!!!

Beijos, Alta! Saudades ;o)

Altavolt disse...

Jester: A tecnologia é maravilhosa, mas, para mim, sua única finalidade é melhorar a vida da humanidade. Sempre e em todas as situações em que isso não ocorrer, deveremos parar para corrigir a rota. Para mim, tudo pode ser melhorado. Aliás, na minha colocação, jamais critiquei as modernas ferramentas e sim o mau uso delas e a falta de respeito e verdade por parte dos usuários. Como comentamos no outro post, o grande problema é a falta de educação, respeito e cidadania. Como fazem falta! Grande abraço, e obrigado pela visita!

Sweet Tox: Apesar da TPM, seu pensamento continua claro e cristalino. Você é uma super exceção das idiotices virtuais que andam por aí, minha querida. E eu tenho certeza de que vc é verdadeira em suas relações, sejam elas quais forem: reais, virtuais, profissionais, etc. A pessoa inteira é inteira aonde quer que se apresente. Grande beijo pra você!

Anônimo disse...

É a bendita (ou maldita, e alguns casos) inclusão digital.

Altavolt disse...

Viniliterário: É, meu caro, pra tudo na vida é preciso moderação. Abraço.

Jadder disse...

Engraçado tu mencionar números...me senti excluido desse grupo. Visto que o número de comunidades que me identifico e me fizeram rir, são o triplo do número de amigos(nem todos verdadeiros)!!! Questão interessante e que nos faz pensar em uma coisa:

- Será que estou envolvido com as pessoas certas?

Abraço.

Gustavo Martins disse...

To chegando atrasado, mas sempre vale a pena refletir sobre o que você escreve, Alta.

Para se ter uma noção de como esse lixo chamado twitter é sintomático em relação ao que ocorre na mente da raça "umana" como um todo, perceba que ele é o reflexo exato do que você acusou como efeito colateral das comunicações digitais.

Sim, nosso cérebro e capacidade de interagir estão se atrofiando.

Altavolt disse...

Puerra, Gustavão, tem gente, hoje em dia, que tá com o cérebro atrofiadaço, brother!

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