quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rollinbund e os "blind dates"

O Rollinbund sempre foi um cara muito tímido. Porém, de alguma forma, sempre esteve na vanguarda. Em meados dos anos 80, a new wave bombando, o rock nacional em alta, e o Rollinbund, na faixa dos 20, tentando reverter todo aquele clima festivo em prol das suas conquistas amorosas. Devido à enorme timidez, quase nunca se dava bem no face to face com a mulherada. Só quando algum amigo ajeitava as coisas e, assim mesmo, o Rollinbund ainda metia os pés pelas mãos nas conversas preliminares e logo botava tudo a perder. Não era falta de conteúdo, pois a estirpe dos Rollinbunds costuma ter algum, mas era a mais absoluta inabilidade de expressar o que pensava e sentia.

Contudo, já naquela época, antes do estouro mundial da Internet e das relações virtuais, hoje tão em voga, o Rollinbund se valia de um meio para azarar as tão sonhadas mulheres. Era o contato telefônico. Por obra do destino, Rollinbund sempre trabalhou ao telefone, desde a meninice. Assim, o mancebo vivia fazendo contatos e recebendo ligações de pessoas das mais variadas empresas e congêneres. É óbvio, que adorador do sexo frágil como sempre foi, o nosso herói dava uma atenção toda especial às damas. Para completar, muitas gostavam da sua voz ao telefone. Pronto, estava armada a confusão. Não tinha um dia que o Rollinbund não conseguia um novo contato virtual (telefônico). Não falei que o cabra é de vanguarda?

Mas isso era só o início do enrosco. A coisa complicava quando ele passava do virtual para a marcação dos primeiros encontros com as pretendidas. Numa rápida estatística, a qual ainda deve ser válida para os blind dates destes tempos modernos, noventa e cinco por cento das vezes o Rollinbund se deu mal.

Ingênuo e crédulo, marcava o encontro com o alvo da vez, achando que ia se dar bem e, muito honesto, dizia exatamente a roupa com a qual estaria vestido. Ou seja, ele passava a ser o alvo das investidas das mocréias. Via de regra, marcava próximo a um cinema, ou num shopping, para facilitar o papo, os comes-e-bebes e engatilhar um filme após a conversa. Era no escurinho do cinema que ele pretendia dar vazão aos seus desejos retraídos.

Na esmagadora maioria dos encontros, Rollinbund se posicionava no local combinado, com a roupa combinada, e aguardava a aproximação da musa. É claro que elas também informavam ao telefone os trajes que estariam usando. Normalmente, roupas e cores comuns da moda na época. E lá que ficava o Rollinbund, numa estação de metrô, numa portaria de cinema ou numa praça de alimentação, aguardando a desejada companhia. Como são lugares movimentados, era comum e recorrente, aparecerem muitas mulheres vestidas com as roupas que a pretendida havia prometido usar. A cada gostosona que se aproximava, o Rollinbund quase desmaiava de emoção, mas nada, era só fogo de palha. Certa vez, ele tinha marcado com uma “moça” que afirmara que usaria branco. Se deliciou com inúmeras beldades de branco e nada. Depois de vinte minutos esperando, numa plataforma de metrô, se manifesta uma mulher quarentona, vestida de preto e cheia de sorrisos dizendo: “Oi, eu sou a fulana! Só estava criando coragem para me aproximar...Não deu para usar a roupa que falei...” Preciso reiterar que, à época, o Rollinbund estava na casa dos 20 anos. Ou seja, era uma completa barca furada para o menino.

Em outra feita, Rollinbund estava há dias se engraçando com a telefonista de uma empresa que contatara. Logo a conversa pegou fogo e eles marcaram o primeiro encontro. Ele estava ansiosíssimo para tirar o pé da lama, pois há meses não dava uminha sequer! A moça estava correspondendo tanto, que já tinham combinado de ir direto para um hotel. O cara mal se agüentava de emoção. “É hoje!” Pensava em voz alta. Lá chegando, a maior de todas as surpresas, a moça, que também já era quarentona, não tinha uma das pernas e usava muleta. A partir daí, nunca mais o Rollinbund se valeu dessa estratégia para paquerar e azarar a mulherada.

O saldo desse período ficou mais ou menos assim: Vinte e quatro barcas furadas e apenas duas conquistas dignas de menção. Duas vendedoras, na faixa dos vinte, com as quais o Rollinbund engatou breves romances, com direito a aventuras sexuais e momentos amorosos. Nem tudo foi perdido naquela fase!

7 comentários:

Sweet Toxicant disse...

Hahahahahaha!!!
Morri de rir com a história!
Tadinho do Rolimbund... pelo menos não foi tuuudo perdido, mas imagina a decepção dele a cada tentativa sem sucesso...

Eu já sou da época da internet, e posso dizer que a possibilidade de erro é menor, mas não nula, jamais.
Não pela aparência, pois se o cara chega a mandar foto e realmente aparece no dia, percebe-se que a foto era verdadeira... O erro aparece mesmo é no comportamento do fulano ou da fulana né...
Pela internet parece um amor, mas na hora ou com o tempo se descobre que é um tremendo dum idiota... rs.

Bjks, Alta!

F. Reoli disse...

Todos nós tivemos um pouco de Rollinbund e num passado POUCO longínquo...rsrsrs SALVE A INTERNET!

Luna Sanchez disse...

Ui, ui, ui...que situação!

É complicado saber onde se pisa, quando os meios são assim, tão, digamos, subliminares. Para um cara tímido, desajeitado e ansioso, como esse, tudo piora.

Adorei a história, e, de fato, muito raramente o saldo de histórias assim, é igual a zero. Acho que, ao menos boas risadas, se consegue.

Dois beijos, moço.

ℓυηα

Altavolt disse...

Sweet: Nada como ser novinha, hein? Mas mesmo na era da Internet, as possibilidades de "roubadas" ainda são muito expressivas. Na verdade, nada se compara ao encontro "cara a cara", quando já é possível verificar a empatia e a química com o(a) pretendido(a). Beijão! PS: Pelo jeito, vc já se meteu em algumas frias também...Se puder, conte pra gente!

Fabião: Acho que mesmo a Internet ainda não é um porto seguro para essa finalidade.
Na verdade, nada se compara ao encontro "cara a cara", quando já é possível verificar a empatia e a química com a pretendida(2). Pelo visto, o amigo também tem histórias nessa linha...se puder, divida conosco! Abração!

Bela Luna: As boas risadas e as boas histórias são as melhores coisas que podemos tirar da vida! Também estendo o convite a você, tenho certeza que vc já deve ter pelo menos uma história divertida sobre esses romances virtuais! Beijão!

A todos: Não deixem o Rollinbund sozinho nessa...façam companhia a ele nesse mico gigantesco!!! rsrsrs

Fernando Ramos disse...

Hehehe. Alta, meu querido, de onde tiraste esse nome maldito?

E só no fim do texto entendi o porquê dos 95%!

Altavolt disse...

Fernandão: Rollinbund foi criado vertendo-se diretamente para um inglês fajuto algumas expressões um tanto quanto chulas, que remetem a um sujeito que só se ferra! Se é que me entende? rsrsrs Abraço!

Gustavo Martins disse...

Po, Alta:

Nem tudo foi perdido. 24 por 2... Se as vendedoras eram bonitinhas então...

Aí em Sampa não tinha disque amizade?

Hoje pelo menos dá pra trocar umas fotos, mas ATENÇÃO: fotos de internet enganam MUITO

Abrax! Até a volta!

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