Sábado à tarde. O Metrô de São Paulo, linha vermelha, está cheio como sempre. Em uma das estações, noto - a alguns metros do banco em que estou - a entrada de uma senhora de mais de setenta anos. Sem lugar para sentar, a senhorinha é olimpicamente ignorada pelos que estão sentados à sua frente. A maioria, bem mais jovem do que ela, diga-se. Inclusive, o banco cinza, reservado para idosos, está ocupado por um jovem casal que faz cara de paisagem diante da situação. Começo a me contorcer de raiva no meu banco, já tentando sinalizar, apesar da distância, para que ela venha se sentar no meu lugar. Contudo, antes disso, vejo uma outra senhora, talvez apenas dez anos mais jovem que a primeira, levantando-se e cedendo gentilmente o seu assento. Nesse exato momento, pasmem, um moleque de uns 17 anos aproveita que a mulher levantou e pula abruptamente para o banco em que ela estava, sem sequer se aperceber que a senhora mais jovem havia levantado em prol da senhora mais velha, que se encontrava há alguns minutos em pé, bem na cara dele. O motivo dele ter trocado de banco devia-se ao fato de querer ficar ao lado do seu amiguinho, outro adolescente imbecil que também fazia vistas grossas a tudo que ali se passava. Resumindo: A senhora mais velha conseguiu sentar no lugar que vagou, graças à gentileza de outra senhora, quase da idade dela, a qual teve de ficar em pé, sem que nenhum dos jovens presentes demonstrasse qualquer noção de cidadania e respeito aos idosos.
Indignado com tamanha falta de solidariedade e bom senso, comentei com as pessoas próximas sobre a situação, ao que também fui solenemente ignorado, como se fora eu um extraterrestre.
Não contente com todo aquele estado de coisas, chamei a única boa samaritana ali presente para sentar-se no meu lugar, ao que ela recusou agradecendo, informando que ia descer logo.
Moral da história: Além do cavalheirismo e da cidadania terem abandonado os meios de transportes, ainda há, atualmente, uma total e irrestrita complacência com tais comportamentos anti-sociais. As gerações mais novas encaram tais grotesquices como naturais e corriqueiras. No episódio narrado acima, me senti um completo alienígena, tentando fazer as coisas caminharem e acontecerem de acordo com a lógica e a educação que trago em mim desde o século passado. Acho que sou um dinossauro. Já me sinto até em extinção.
5 comentários:
OI PASSEANDO PELA BLOGSFERA ENCONTREI UM EXTINTO CIDADÃO CAVALHEIRO,COISA RARA, MUITO DIFÍCIL DE ENCONTRAR ,POIS ULTIMAMENTE AS COISAS ESTÃO PARA OS RUDES INFELIZMENTE, TEMOS QUE LUTAR PARA QUE ESSA ESPÉCIE SOBREVIVA!
vi uma cena dessas no bus ontem de manhã, quando estava indo para o trampo. A sensação que tive foi de que acabou a gentileza, sabe? E o bom senso foi junto. Ai meu Deus, que saudade do bom senso.
Beijo, Alta!
Me dá nojo uma cena dessas... argh! Eu tmb devo ser uma especie em extinção porq eu nao consigo e nao serei alheia a estas situações!
Gentileza gera gentileza e farei a minha parte sempre. Dane-se quem achar que sou de outro mundo...
Bjinhos ú&e ;***********
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é a estupidificação do ser humano, o embrutecimento egoísta
grotesco? o cara ser gentil e oferecer lugar pra uma bela, e ela achar que é galanteio e negar
dando uma de superior
enfim, a bola continuab girando
alta = 1.000 seu conto; logo vai estar lá no MCP - caprichou MESMO
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