Sonetim circuladô
Tem livro circulando em Brejo do Cruz
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Literatura da boa, que ensina e seduz
Quem vive em Brejo, vive contente
Pode ler, aprende a matutar
Se escuta lorota solta pelo ar
Evita, contesta e desmente
Em tempo de tanta asneira
Basta um clique, sem nem pensar
Quem lê separa o bom da besteira
Nesta era virtual e distante
Todos querem dizer, mas ninguém quer escutar
Muito bem-vindo, amigo livro circulante
Em homenagem ao projeto Livro Circulante Brejo Do Cruz,
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Impressões sobre o livro "O Nome da Morte", de Klester Cavalcanti
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Capa do livro O Nome da Morte, Editora Planeta, de Klester Cavalcanti |
No prefácio de O Nome da Morte, o jornalista Geneton Moraes Neto nos informa que o autor dessa obra, Klester Cavalcanti, é um repórter que jamais sofrerá da Síndrome da Frigidez Editorial (SFE).
Segundo Geneton, a tal síndrome costuma acometer profissionais do jornalismo, que, com o tempo, ou pela falta de vocação, passam a apreciar muito mais a temperatura sempre agradável de uma sala climatizada por condicionador de ar do que a adrenalina de sair às ruas em busca de bons personagens e boas histórias para contar.
Realmente, em O Nome da Morte não há nada de confortável, muito menos fácil de ter sido apurado, constatado e escrito. Também não é fácil para o leitor sair incólume dessa narrativa surpreendente.
Klester nos conta a incrível história de Júlio Santana, matador profissional, do interior do Maranhão, que dedicou 35 anos de sua vida ao serviço de assassinar pessoas a mando de outras pessoas, as quais tinham os mais variados motivos para eliminar desafetos, devedores, líderes sindicais, adversários políticos e até mesmo familiares.
O jornalista relata a vida de Júlio, dos 17 aos 52 anos de idade, ou seja, o período que vai desde quando ele se iniciou nessa profissão até o dia em que resolveu parar de matar e mudou-se com a família para um sítio, em local desconhecido, longe de sua terra natal.
Ao final da leitura, entendi que Júlio Santana é apenas uma peça quebrada, em uma engrenagem enferrujada, que é a sociedade brasileira, principalmente nos aspectos ligados à política, à polícia, à justiça e ao domínio completo e absoluto que a força do capital exerce sobre tudo e sobre todos, nos mais diversos lugares e atividades deste país.
Sobre Júlio, fica a impressão, apesar da sua "profissão", de que é uma pessoa bastante honesta e de princípios, diferentemente de tantas outras, que atuam nos mais variados meios e ambientes da nossa sociedade, e que não primam em suas vidas pela correção, pela decência e pela honradez, muito ao contrário.
No Brasil, muitos figurões, coronéis e assemelhados, principalmente nos grotões do país, contratam impunemente os serviços de matadores como Júlio, pelos motivos mais torpes e estapafúrdios possíveis.
Para mim, a atitude dos mandantes desses crimes é completamente execrável, tendo em vista que as razões pelas quais eles determinam a morte de outras pessoas, via de regra, estão ligadas ao amplo exercício - sem quaisquer freios morais, éticos ou legais - dos grandes poderes econômicos e políticos que costumam deter.
Mandam matar simplesmente porque acham que podem mandar matar. Sabem que nada vai lhes acontecer devido à sua grande influência social e econômica, que na maioria das vezes compra e corrompe os agentes das instâncias oficiais que estejam à sua volta.
É dura e triste a história de Júlio Santana, o homem que já matou 492 pessoas. Mas, ao final da leitura, fica-nos a imensa tristeza de constatar que a vida de Júlio só pôde se desenrolar dessa forma porque vivemos em um país que ainda precisa avançar muito em termos de justiça, educação, respeito e cidadania.
Pelo que li de notícias sobre O Nome da Morte na internet, o livro está em vias de se tornar um filme, no qual Júlio Santana será interpretado pelo ator Daniel de Oliveira. Especula-se que o lançamento será em 2015. Com certeza será um grande filme.
O Nome da Morte é mais uma obra literária de Klester Cavalcanti, que, como as outras duas - As Viúvas da Terra e Dias de Inferno na Síria - nos apresenta uma narrativa crua, direta e sincera sobre tema espinhoso, que muitos preferem fingir não ver.
Agradeço ao Provocações, o melhor programa de entrevistas da TV brasileira, do fantástico Antonio Abujamra, a oportunidade de poder ter conhecido o trabalho do jornalista Klester Cavalcanti, que tanto destoa, positivamente, das costumeiras abordagens superficiais dos assuntos na grande imprensa em geral.
Klester Cavalcanti, e o próprio Júlio Santana, ao seu modo, são pessoas que levam extremamente a sério o seu ofício e a palavra empenhada. Talvez seja isso o que falta nos dias atuais. Firmeza, retidão e respeito para consigo mesmo, para com a sociedade e, principalmente, nas relações com as demais pessoas.
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domingo, 3 de agosto de 2014
O país dos sem-memória, dos indignados seletivos e dos vira-latas
Atualmente, tem sido muito comum nos depararmos com manifestações raivosas de parte da sociedade brasileira contra o governo federal, nas quais falam basicamente que o país nunca esteve tão mal, que a inflação está voltando e que a educação, a saúde e a segurança estão sucateadas.
De fato, concordo que o Brasil ainda tem muito o que fazer em relação à educação, saúde e segurança pública, contudo, este momento não é, nem de longe, o pior momento da história do Brasil, como alguns desmemoriados mal-intencionados querem fazer crer aos incautos.
De fato, concordo que o Brasil ainda tem muito o que fazer em relação à educação, saúde e segurança pública, contudo, este momento não é, nem de longe, o pior momento da história do Brasil, como alguns desmemoriados mal-intencionados querem fazer crer aos incautos.
O Brasil avançou muito de 20 anos para cá. Entretanto, os últimos 12 anos foram realmente decisivos na implantação de várias políticas públicas que diminuíram sensivelmente a desigualdade social e possibilitaram a milhões de brasileiros saírem da miséria e pobreza extrema.
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Notícias sobre inflação comuns nos anos 80. |
Mesmo assim, há pessoas na sociedade brasileira, que insistem de maneira sistemática, em propalar as teorias do caos que atacam as gestões Lula e Dilma com uma raivosidade exacerbada, tentando convencer os menos letrados de que o Brasil nunca esteve tão mal, de que a corrupção nunca foi tão grande e de que a saúde educação e segurança nunca foram tão deficientes.
Nada disso é verdade, e para isso, basta que as próprias pessoas comparem a vida que tinham há 12 anos e a maneira como vivem hoje.
Essa falta de memória, intencional para aqueles que sempre estiveram bem no Brasil, mesmo quando a maior parte dos brasileiros estavam à margem ou abaixo da linha da pobreza, também é compactuada por cidadãos mais simples, que são bombardeados pelas notícias, principalmente na TV, que dia após dia batem na tecla de que o Brasil vai muito mal e que a inflação, que é baixíssima e sob controle atualmente, está à espreita para voltar a qualquer momento.
Quem tem menos de 25 anos no Brasil não sabe e nunca viveu os tempos da inflação realmente galopante dos anos 80.
As décadas de 70 e 80 foram pródigas em maltratar o povo brasileiro mais humilde, uma vez que estávamos sob o jugo dos militares e de presidentes civis incompetentes, mancomunados com o status quo vigente à época, como era o caso de Sarney.
Naqueles anos, não se falava em cotas sociais, em políticas de reparação de desigualdades, em unificação e promoção do ensino superior. Não se falava em nada que pudesse minimizar o abismo social que dividia ricos, classe média e pobres.
As décadas de 70 e 80 foram pródigas em maltratar o povo brasileiro mais humilde, uma vez que estávamos sob o jugo dos militares e de presidentes civis incompetentes, mancomunados com o status quo vigente à época, como era o caso de Sarney.
Naqueles anos, não se falava em cotas sociais, em políticas de reparação de desigualdades, em unificação e promoção do ensino superior. Não se falava em nada que pudesse minimizar o abismo social que dividia ricos, classe média e pobres.
Após junho de 2013, outra figura surgiu no panorama social brasileiro: os indignados seletivos e apartidários. Brasileiros que protestam contra tudo, mas que só atacam a figura da presidenta Dilma e as gestões do PT.
Os seletivos acham o máximo o julgamento e condenação dos petistas envolvidos no mensalão, mas não cobram a mesma rigidez da justiça para todos os outros inúmeros, mais vultosos e mais antigos casos de corrupção espalhados por todo o Brasil e por toda as esferas da administração pública.
No fundo, percebemos que o que na verdade indigna os seletivos é o aumento da igualdade de oportunidades atualmente vivido no Brasil. Indignados seletivos não se conformam de que hoje haja mais gente participando de atividades que há 20 anos só a eles eram permitidas, como andar de avião, fazer faculdade, ter carro próprio e acesso a bens de consumo e eletrônicos.
Os indignados seletivos são egoístas e querem o retorno aos tempos em que só eles podiam ostentar e se mostrar melhores economicamente do que a maior parte da população.
Um terceiro tipo de brasileiro também joga contra todas as iniciativas das gestões petistas: os vira-latas. Esses, adoram endeusar tudo o que venha de fora, do estrangeiro, mas vivem depreciando tudo o que seja feito aqui em nosso país.
Vira-latas - que muitas vezes também são simultaneamente sem-memória e indignados seletivos - se ressentem dos tempos em que só eles podiam se esbaldar em viagens ao exterior e voltar ao Brasil arrotando experiências e histórias que estariam reservadas apenas a pessoas pertencentes à sua estirpe.
Hoje, se condoem com a popularização das viagens e intercâmbios, que estão mais acessíveis a todos, situações em que mais brasileiros podem conhecer outros países e sentir na pele que o Brasil não está tão ruim e é realmente um dos melhores países do mundo para se viver.
Termino enfatizando que há muito a fazer neste país, mas que muito está sendo feito e já faz parte da vida do nosso povo. E de maneira nenhuma vivemos os piores momentos do Brasil, como a mídia e os mal-intencionados poderosos querem nos fazer crer.
Foram quinhentos anos de mandos e desmandos do capital e da casa grande sobre a senzala. Hoje, a senzala está sendo cada vez mais abandonada, e seus antigos moradores começam a viver em casas dignas, um pouco mais parecidas, ainda que bem menores, com as casas grandes. Não podemos retroceder. Agora, só nos cabe avançar mais e mais.
Os seletivos acham o máximo o julgamento e condenação dos petistas envolvidos no mensalão, mas não cobram a mesma rigidez da justiça para todos os outros inúmeros, mais vultosos e mais antigos casos de corrupção espalhados por todo o Brasil e por toda as esferas da administração pública.
No fundo, percebemos que o que na verdade indigna os seletivos é o aumento da igualdade de oportunidades atualmente vivido no Brasil. Indignados seletivos não se conformam de que hoje haja mais gente participando de atividades que há 20 anos só a eles eram permitidas, como andar de avião, fazer faculdade, ter carro próprio e acesso a bens de consumo e eletrônicos.
Os indignados seletivos são egoístas e querem o retorno aos tempos em que só eles podiam ostentar e se mostrar melhores economicamente do que a maior parte da população.
Um terceiro tipo de brasileiro também joga contra todas as iniciativas das gestões petistas: os vira-latas. Esses, adoram endeusar tudo o que venha de fora, do estrangeiro, mas vivem depreciando tudo o que seja feito aqui em nosso país.
Vira-latas - que muitas vezes também são simultaneamente sem-memória e indignados seletivos - se ressentem dos tempos em que só eles podiam se esbaldar em viagens ao exterior e voltar ao Brasil arrotando experiências e histórias que estariam reservadas apenas a pessoas pertencentes à sua estirpe.
Hoje, se condoem com a popularização das viagens e intercâmbios, que estão mais acessíveis a todos, situações em que mais brasileiros podem conhecer outros países e sentir na pele que o Brasil não está tão ruim e é realmente um dos melhores países do mundo para se viver.
Termino enfatizando que há muito a fazer neste país, mas que muito está sendo feito e já faz parte da vida do nosso povo. E de maneira nenhuma vivemos os piores momentos do Brasil, como a mídia e os mal-intencionados poderosos querem nos fazer crer.
Foram quinhentos anos de mandos e desmandos do capital e da casa grande sobre a senzala. Hoje, a senzala está sendo cada vez mais abandonada, e seus antigos moradores começam a viver em casas dignas, um pouco mais parecidas, ainda que bem menores, com as casas grandes. Não podemos retroceder. Agora, só nos cabe avançar mais e mais.
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