
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Aí vai o meu cestão de Natal para vocês

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Programa Hipocrisia Zero

Vou procurar esclarecer. É claro que, adulto e vivido que sou, sei que jamais iremos deixar de conviver com a hipocrisia neste mundo em que por hora habitamos.
Sei que muitos vão dizer que a hipocrisia é inerente ao ser humano. Que faz parte da vida moderna. Que sem uma boa dose de hipocrisia não se vive, etc. etc.
Apesar de saber e vivenciar tudo isso, sou um cara chato, que, paradoxalmente, na medida em que foi envelhecendo, foi ficando com a tolerância cada vez mais baixa para a mentira e a desfaçatez humana.
Por tudo isso, acredito fortemente que temos condições, sim, de reduzir as emissões de hipocrisia no nosso meio ambiente.
Eu nem falo de política, meio em que a hipocrisia nada de braçada e já começa a se estabelecer (pasmem!) como o padrão de conduta aceitável e esperado de todos os políticos.
É lamentável chegarmos à conclusão de que elegemos os políticos para que - no mínimo e na melhor das hipóteses – venham a enganar e iludir todo o seu eleitorado.
No dia a dia, temos visto, presenciado e sofrido muito com as doses cavalares de hipocrisia que andam por aí. O puxa-saquismo desenfreado. A ultra-valorização das pessoas, empresas e instituições que detêm o poder econômico e político nos seus respectivos campos de atuação. A bajulação desmedida daqueles que supostamente - nesse nosso mundo tão equivocado – valem ou representam mais que os outros.
Não vejo, sinceramente, nenhum sentido em colocarmos seres humanos em patamares diferentes de importância, por mais que isso seja a moeda corrente que nos impinjam hoje em dia. Nada, no meu entender, justifica que uma pessoa seja tratada ou tenha mais privilégios do que outra.
Luto, isto sim, para que todos, absolutamente todos, sejam tratados com respeito e civilidade, independentemente da posição que estejam ocupando em nossa sociedade.
Entendo que a verdade, a sinceridade e o respeito mútuo devam pautar toda e qualquer relação em que estejamos envolvidos, seja ela sentimental, profissional, familiar, comercial e, claro, por último, mas não menos importante, no exercício da nossa cada vez mais combalida cidadania.
Apesar de ingênua, e admito isso, a minha luta também é para que tenhamos cada vez mais relações e contatos em que a mentira, a desfaçatez e a falsidade deixem de pairar, onipresentes. Que tenhamos o direito de não gostarmos e de não termos afeição por determinadas pessoas, mas que isso possa ser colocado e vivido, sem maiores traumas, e que apesar das antipatias e reservas, mantenhamos relacionamentos justos e imparciais com elas.
Acho lindas as manifestações de carinho e apreço pelos amigos de verdade. Porém, considero que as homenagens devam ser sempre verdadeiras e sinceras. Jamais vocês me verão elogiando ou enaltecendo pessoas a quem não julgo verdadeiramente merecedoras de tais honras. Os meus grandes amigos e ídolos trato com carinho, respeito, justiça, amor e amizade. Os meus colegas e pessoas menos queridas, trato com respeito e justiça. Simples assim.
Tenho certeza de que todos viveremos infinitamente melhor num mundo menos hipócrita e mais sincero. Precisamos resgatar as crianças que temos dentro de nós. Elas são mestras na arte de viver com verdade e sem hipocrisia.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Quero dar panetones para todos!

sábado, 21 de novembro de 2009
A total dependência do automóvel

Estaríamos todos condenados a viver todos os dias as agruras e sofrimentos causados pelo desumano e insuportável trânsito das grandes cidades?
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Dos tempos do politicamente incorreto
sábado, 31 de outubro de 2009
Tráfico X Consumo
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Sifu Cards - Você não precisa deles

O Sifu Card preenche todas as necessidades que ele mesmo criou para você. O Sifu Card permite que você parcele as aquisições de coisas de que talvez nem precise em até 48 vezes, mas, claro, com juros exorbitantes, que irão deixá-lo endividado por um longo período. Com certeza, por muito mais tempo do que vai durar aquele bem que o Sifu Card está gentilmente financiando para você neste momento.
As ofertas tentadoras para o endividamento e total enforcamento do consumidor chegam pelo correio, pelo telefone, pela Internet e pela televisão. O cidadão está sempre às voltas com ofertas imperdíveis de bancos, créditos consignados, cartões de crédito, telefonia celular, serviços de banda larga e TV a cabo, além dos supercrediários dos magazines, supermercados e lojas de departamentos.
Quando avançam como aves de rapina sobre os parcos rendimentos dos aposentados do INSS, chega a ser um crime, que deveria ser previsto no código penal. Cadeia para esses salafrários que se valem da ingenuidade dos idosos para metê-los em enrascadas financeiras e abocanhar a sua modesta renda.
São tantas e tão bondosas as ofertas, que a maioria das pessoas sucumbe a tantos apelos comerciais. Os bancos vivem mandando presentes de grego para os correntistas. São supercartões, com múltiplas capacidades e facilidades. No entanto, só não deixam claro que aqueles cartões passarão a valer automaticamente caso o incauto “beneficiário” não tome a providência de se manifestar expressamente de que não deseja mais aquela “enorme benesse” em sua já complicada vida financeira, normalmente já repleta de bolas-de-neve de dívidas e juros que só fazem crescer.
Ou seja, os bancos oferecem produtos que só vão onerar ainda mais o cliente, fazendo-o pagar anuidades e taxas, tudo em troca de uma suposta facilidade para obtenção de mais crediários e parcelamentos.
Na verdade, os Sifu Cards e os bancos não estão nem aí para a saúde financeira, nem para atender as verdadeiras necessidades de alguém. Eles querem é que você se enrole todo com eles, para depois fazer acordos de parcelamento de dívidas, que sempre saem muito caros para o usuário usurpado.
Outro capítulo à parte das necessidades criadas pelo mercado são as empresas de telefonia móvel e suas ofertas espetaculares. Às vezes, tenho a impressão, dadas as muitas possibilidades de ganhos propostos por elas aos usuários, que hoje em dia basta adquirir um celular para a sua vida mudar completamente. São bônus intermináveis, minutos livres para falar, números livres, prêmios como carros, casas e até boladas de dinheiro. Ou seja, a aquisição de um celular resolve por completo a vida do comprador.
Empresas como a Morto, a Ai, a Escuro e a Toim oferecem tudo de bom aos seus clientes. São tão boas, que fica realmente difícil escolher entre uma dessas operadoras. Por isso que já existe muita gente com vários celulares, de múltiplas operadoras. Assim não perdem nenhuma das suas generosas promoções.

Eu, particularmente, só sei que os créditos do meu celular acabam num piscar de olhos. Jamais me senti levando algum tipo de vantagem nesse serviço. Devemos sempre desconfiar das esmolas boas demais. Até os santos desconfiam. Além do mais, existe um ditado econômico que afirma que não existe almoço grátis. Alguém sempre paga por ele. E por tantas promoções imperdíveis da telefonia móvel, quem será que paga? Tenho certeza de que não são as próprias operadoras.
As promoções de TV por assinatura e banda larga também são grandes enrascadas na maioria das vezes. A NOT TOMBO é a principal delas. Chamo de NOT porque só sabe dizer não aos nossos pedidos. Depois que assinamos o contrato, é um nabo atrás do outro, ou melhor, um tombo atrás do outro. É por isso que acabo de rescindir o meu contrato com essa empresa.
Estamos vivendo na selva do mercado. Querem nos empurrar de tudo. E de muitas dessas coisas nós nem precisamos.
E para um povo tão despreparado como o brasileiro, fica difícil resistir a todas essas “vantagens” da vida moderna. E haja orçamento estourado no final do mês e uso indiscriminado do limite do cheque especial.
Não é isso, definitivamente, que eu entendo por felicidade. Precisamos urgentemente reciclar as nossas atitudes consumistas e imediatistas. E eu não quero fazer o discurso tão batido ultimamente de salvação do planeta. Para mim, antes do planeta, precisamos salvar os cidadãos dessas “necessidades adquiridas na Sessão da Tarde”, como canta com tanta propriedade a Nação Zumbi.
Para vocês que conhecem pessoas endividadas, atoladas até o pescoço, e sem forças para sair dessa ciranda financeira destrutiva, dou a dica para que procurem os “Devedores Anônimos” em suas cidades. É uma irmandade nos moldes dos “Alcoólicos Anônimos”, que procura dar apoio e orientação para que os consumistas e devedores compulsivos saiam das dívidas e tornem mais saudáveis as suas vidas financeiras.
Todos nós podemos viver felizes sem tantos Sifu Cards. Cartão de crédito e débito deve apenas ser uma ferramenta que nos auxilie em nossas vidas corridas. E bastam poucos. Só precisamos refletir mais sobre isso. E divulgar isso.
PS: Post inspirado, entre outras coisas, pelo belo filme “Antes de Partir”, no qual Jack Nicholson e Morgan Freeman dão um show e nos mostram o que é realmente importante na vida.
Inspirado também na divertida animação “Wall-E”, que assisti com minha filha neste dia das crianças. É um filme que a maioria dos adultos precisa assistir, urgentemente.
domingo, 4 de outubro de 2009
Eu, eu mesmo, muitos anos depois
terça-feira, 22 de setembro de 2009
A número um do Mundo

Há alguns dias, houve uma partida amistosa para a apresentação do novo time feminino do Santos. Claro que a estrela era Marta. Milhares de pessoas foram até o local para prestigiá-la, bem como para assistir suas jogadas e lances geniais.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009
A televisão me deixou burro demais!

Por falar em nonsense, por estes dias vi uma reportagem no famigerado JN, em que as pessoas de alto poder aquisitivo reclamavam do dinheiro que são obrigadas a gastar com o estacionamento dos “seus veículos”. Um empresário contabilizava, chateado e meditabundo, que chega a desembolsar R$ 350,00 por mês para estacionar “os carros” da família! Foi uma notícia tão triste e chocante, que eu mesmo nem consegui dormir à noite. Acho que o governo deveria instituir o Vale-Estacionamento, para auxiliar os proprietários de mais de um veículo que porventura não tenham condições de arcar com tais despesas!
Faça-me o favor! Deve estar faltando pauta para o pessoal do JN. Não é possível! Com tantas mazelas e miséria em nosso país, os caras tem tempo de se preocupar com os gastos dos bem-nascidos com seus possantes. Vão todos se catar!
Este Brasil parece estar de ponta-cabeça mesmo. Basta ligar a TV para ser bombardeado por notícias inacreditáveis. Pedofilia, corrupção, assassinatos, tráfico de drogas, desvio de dinheiro público... Talvez fosse melhor ficarmos sem nenhum acesso à informação. Mas como? A informação instantânea nos persegue em qualquer lugar em que estejamos.

Sei que muitos vão dizer que existe o controle-remoto, que o telespectador é o senhor das suas escolhas. Seria verdade, se os canais, mesmo os da TV à cabo, não fossem, todos eles, muito parecidos em suas programações.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Decálogo do cartão vermelho

1) Motoristas idiotas (A maioria, infelizmente): Se acham donos das ruas e não respeitam pedestres, motoqueiros, ciclistas, nem os outros motoristas. Buzinam a qualquer pretexto, principalmente quando faz apenas um segundo que o semáforo ficou verde, não concedendo sequer o tempo de reação ao estímulo visual para o incauto motorista da frente. É muito stress e muita imbecilidade juntos!
2) Xuxa: Não é atriz, não é cantora, não é apresentadora. Mesmo assim, está há mais de vinte anos detonando a cabeça das pobres crianças brasileiras com as suas imbecilidades. Inúmeros desserviços prestados à infância brasileira.
3) Rede Globo: Está sempre ao lado dos governantes, sejam eles quem forem, há mais de quarenta anos. Contribuiu muito, nessas quatro décadas, para a alienação e imbecilização do povo brasileiro.
4) Eleitores brasileiros: Não tem qualquer discernimento na hora de escolher seus representantes e depois ficam reclamando que os políticos são todos safados. Como se os políticos não fossem o espelho da sociedade que os elegeu!
5) Paulo Coelho: Meu Deus!?!? O que as pessoas vêem nesse sujeito? Quem souber, por favor, me explique.
6) Daslu (E estabelecimentos congêneres): Templos do luxo e da ostentação num país de miseráveis. E ainda por cima, à custa de sonegação de impostos.
7) Funk, axé, pagode, breganejo, forró industrial e pop emo: Pega tudo isso, junta tudo e joga na lata do lixo! Faça-me o favor, isso não é música (?) que um ser pensante mereça ouvir.
8) Desrespeito, preconceito e discriminação: Sejam por quais motivos forem!
9) Para todos os idiotas que se arvoram a fazer a infeliz pergunta: Sabe com quem está falando?
10) Para todas as pessoas idiotas que, por algum motivo, em algum momento, em alguma situação, venham a se considerar melhores que as outras.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Robozinho valente irá monitorar o cocô do Rio Tietê
São públicos e notórios os altíssimos níveis de

Nos primeiros dias, o robozinho irá navegar por águas mais limpas, próximas da nascente do Tietê. O bicho vai pegar na medida em que ele for se aproximando da capital. Nem sei se alguns trechos ainda são navegáveis, dada a densidade de suas águas marrons. Talvez o aparato venha a encalhar em alguns pontos das águas embosteadas do rio.
O que me espanta é o ar de desbravadores do rio que os apresentadores dos telejornais da emissora têm adotado. O entusiasmo e a alegria com que noticiam os avanços do projeto, que, ao menos em tese terá duração de um mês. Isso, se o sofisticado equipamento não vier a se desintegrar nas ácidas águas em que irá navegar.
Outro ponto em que os globais dão muita ênfase é o envio de imagens a serem coletadas durante a empreitada. Não consigo deixar de imaginar as belas imagens a serem fotografadas, e transmitidas em tempo real, no período crítico, quando o flutuador estiver navegando quilômetros e quilômetros literalmente na merda.
Quanto à vida nesse trecho do rio, só vejo a possibilidade de encontrarem uma única espécie, cuja resistência é descomunal, são os famosos peixes de origem nipônica, os toroços. Esses deverão ser muito fotografados pelo heróico robozinho.
É importante lembrar, que a engenhoca será sempre pajeada por um atleta do remo, a quem eu sinceramente desejo toda a sorte do mundo, tendo em vista os caminhos pútridos nos quais irá se aventurar.
No final das contas, ao fim da penosa viagem, teremos um amplo painel dos níveis de merda existentes no Rio Tietê. Nunca nenhuma iniciativa foi tão desbravadora e corajosa. Durante anos a fio esperamos uma medida como essa, que pudesse comprovar cientificamente aquilo que os olhos e narizes dos paulistanos já conhecem de longe.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
O verdadeiro certificado de qualidade total no atendimento comercial
É muito válido que as empresas procurem atingir altos níveis de qualidade na produção, que venham a melhorar o seu desempenho no mercado e, principalmente, junto ao consumidor dos seus produtos, sejam eles quais forem.

No entanto, tais programas são cheios de etapas, de dinâmicas, de checagens, mas, em muitos casos, a qualidade final no atendimento ao público obtida não é satisfatória. Falo, principalmente, das empresas prestadoras de serviços, cujo objetivo maior e principal, no meu modesto entender, deveria ser a satisfação total do cliente.
Para mim, muitas dessas firulas empresariais, propostas pelas consultorias de qualidade, acabam sendo inócuas, apenas para inglês ver, tendo em vista que várias empresas submetidas a tais critérios e procedimentos continuam prestando serviços sofríveis aos seus clientes e fregueses.
Exemplifico mais claramente: Você vai a uma loja de departamentos. Aproxima-se da seção de seu interesse e percebe que os atendentes estão todos parados, mas ninguém se digna a atendê-lo. Após sua insistência, como se você estivesse pedindo um favor, o primeiro atendente abordado passa a “bola” para outro, gritando: “Atende ele aqui que eu estou ocupado!”
Para mim, esse tipo de atendimento desleixado e pouco comprometido com o cliente é totalmente inaceitável. Não sei como um comércio que não coloca o freguês acima de tudo pode prosperar nos dias atuais. É muito antigo o dito popular que afirma que “o cliente sempre tem razão”, porém, em poucas oportunidades temos sido atendidos com a atenção e o respeito devidos pelos funcionários e vendedores de toda a sorte de empresas e estabelecimentos comerciais.

Noto, na maioria dos casos, que os funcionários são uniformizados, são identificados, cumprem seus horários da melhor maneira possível, mas não são treinados para aquilo que seria o mais importante em qualquer relação, principalmente nas comerciais, o respeito e o entendimento de que nada do que ali é oferecido faz sentido se o cliente não ficar satisfeito com a prestação do serviço, ou com a aquisição do bem, dependendo do ramo de atividade em questão.
Deus nos livre também daqueles atendimentos robotizados e “gerundianos” hoje em dia tão em voga: Posso estar ajudando em alguma coisa, senhor?
Falta, como já disse, a perspectiva de que o freguês deve ser o centro das atenções em qualquer atividade comercial que o empresário ou comerciante se proponha a realizar.
Sobram comportamentos padronizados, que não levam a lugar nenhum, uma vez que o comércio e a prestação de serviço bem feitos são aqueles em que o cliente deixa o local da compra ou do atendimento com um sorriso de satisfação no rosto, prometendo voltar e indicar aos amigos.
Assim, proponho a criação do selo Rollinbunds de qualidade no atendimento. Para receber essa importante certificação, que é quase uma honraria, bastaria que o local condecorado fosse visitado (vistoriado) pelos nossos auditores (todos rollinbunds da melhor qualidade), e que tivessem espontaneamente prestado serviços de qualidade, com humanidade, civilidade e gentileza.
De nada adiantam treinamentos e padronizações empresariais, se não forem atingidas a espontaneidade e atenção totais nos atendimentos e a conseqüente satisfação total dos clientes.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Revolution Rock
Para mim, a maior finalidade a que o rock pode se prestar é à rebeldia com causa. Em muitos momentos e com muitos artistas, o rock foi genuinamente contestador e libertário. Em outros, sucumbiu totalmente ao mainstream e foi apenas mais um produto industrializado e pasteurizado pelas grandes corporações da música.

Sempre acreditei que os verdadeiros roqueiros quisessem realmente contribuir para que os parâmetros de felicidade e vida moderna fossem alterados sensivelmente. Tirando o lado porra-louca do rock, sempre o mais festejado, há por trás de muitos artistas a vontade férrea de ver o mundo transformado para melhor. Com mais liberdade de expressão, mas também com mais justiça e igualdade social.
Pelo menos, foi assim que sempre vi o rock. Sempre me recusei a acreditar que os roqueiros fossem doidões por serem doidões. Muitos deles, como o próprio Raul, foram verdadeiros profetas, além de pessoas altamente intuitivas e muito avançadas para os períodos em que viveram. Em muitos casos, ainda vivem. Muitos estão vivos e apresentando trabalhos muito interessantes. O verdadeiro rebelde com causa não morre nunca. Talvez seja mais um estereótipo da indústria pop, o de que só os jovens têm propensão à rebeldia. Acho dignificantes aquelas personalidades da música, das artes, das letras, ou de qualquer outro meio, que passados dos quarenta anos, ainda conservam a verve da contestação aos modelos, muitas vezes equivocados, impostos pela moderna sociedade. Pensar é para a vida toda, não é e não deve ser privilégio apenas dos mais novos. A experiência também deve contar muito. Haja vista os povos antigos, que tanto valor davam aos mais velhos e sábios.

Irrita-me os ditos amantes do rock, dados a se “fantasiar” de roqueiro em algumas ocasiões, mas que, no entanto, no cotidiano, na vida prática, se comportam como o pior tipo de pessoa que possa haver na face da Terra. Não respeitam o próximo. Não toleram as diferenças. Não contribuem para minimizar desigualdades. Não fazem nada, mesmo que apenas nos seus respectivos raios de ação, para diminuir a corrupção e o famigerado “jeitinho”. São roqueiros fakes.
Quando os Sex Pistols berraram a plenos pulmões contra a Monarquia e a sociedade inglesa da época, abriram precedentes, quebraram tabus. Tenho certeza que, mesmo envoltos na maior rebeldia possível, no fundo almejavam mudanças sociais concretas para a classe operária. A rebeldia dos punks tinha causa e razão de ser.

Não concebo toda a inspiração de John Lennon, Bob Marley, Bob Dylan, Jim Morrisson, Renato Russo, Kurt Cobain e Raul Seixas, entre muitos outros, serem relegadas a ficar apenas nos concertos e nas músicas. Acho que o que todos eles sempre almejaram em suas letras, em suas vidas, os ideais mais nobres e humanos possíveis. Tanto, que muitos até morreram por essa causa. Cabe a nós, seus admiradores, fazer pelo menos um pouquinho para que esses sonhos de liberdade, fraternidade e igualdade possam ser realmente alcançados na vida real. Como disse John Lennon: “Pense globalmente, aja localmente”.

Há muitas pequenas atitudes e ações que podemos ter em nossa correria diária, que muito podem contribuir para nos aproximarmos de um mundo mais humano e decente. Nem só de atos heróicos e transmitidos ao vivo vivem as revoluções. Elas acontecem também em nossas consciências, de maneira silenciosa e discreta. E é aí que valem mais.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Amizades vituais?
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Os fumantes de São Paulo levaram fumo!

Slogans idiotas e marcantes como " O fino que satisfaz" e "É preciso levar vantagem em tudo, certo?" ficaram gravados no imaginário popular, sendo que este último popularizou a "Lei de Gerson" em nosso país. Haja desserviços à nossa sociedade. Além de todos os males conhecidos, o cigarro ainda ajudou a reforçar a estúpida idéia do "jeitinho brasileiro".
Outro conceito sofrível que se propagou ao longo das décadas era o de que o cigarro tornava o fumante um indivíduo mais interessante e inteligente.
Com a restrição ao fumo, muita gente vai precisar de outras muletas para parecer interessante. Nos botecos, vão acabar aquelas poses blasés de muitos fumantes. Agora vão precisar mostrar mais conteúdo, em vez das caras e bocas que as tragadas proporcionam.
Quanto a nós, não-fumantes, só nos resta torcer muito para o sucesso da lei, para que possamos tomar o nosso choppinho tranquilamente, sem ter de sair dos bares empesteados e impregnados de fumaça até nos lugares em que o sol não bate.
Brincadeiras e radicalismos à parte, entendo que essa nova era só trará benefícios a todos, inclusive e principalmente, aos próprios fumantes.
Não sou adepto das medidas arbitrárias, mas, neste caso, sou obrigado a dizer que estou adorando as restrições. Agora, parece que a coisa vai. Me desculpem os amigos fumantes.
sábado, 18 de julho de 2009
Recesso da redação
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Rollinbund e os "blind dates"

Contudo, já naquela época, antes do estouro mundial da Internet e das relações virtuais, hoje tão em voga, o Rollinbund se valia de um meio para azarar as tão sonhadas mulheres. Era o contato telefônico. Por obra do destino, Rollinbund sempre trabalhou ao telefone, desde a meninice. Assim, o mancebo vivia fazendo contatos e recebendo ligações de pessoas das mais variadas empresas e congêneres. É óbvio, que adorador do sexo frágil como sempre foi, o nosso herói dava uma atenção toda especial às damas. Para completar, muitas gostavam da sua voz ao telefone. Pronto, estava armada a confusão. Não tinha um dia que o Rollinbund não conseguia um novo contato virtual (telefônico). Não falei que o cabra é de vanguarda?
Mas isso era só o início do enrosco. A coisa complicava quando ele passava do virtual para a marcação dos primeiros encontros com as pretendidas. Numa rápida estatística, a qual ainda deve ser válida para os blind dates destes tempos modernos, noventa e cinco por cento das vezes o Rollinbund se deu mal.
Ingênuo e crédulo, marcava o encontro com o alvo da vez, achando que ia se dar bem e, muito honesto, dizia exatamente a roupa com a qual estaria vestido. Ou seja, ele passava a ser o alvo das investidas das mocréias. Via de regra, marcava próximo a um cinema, ou num shopping, para facilitar o papo, os comes-e-bebes e engatilhar um filme após a conversa. Era no escurinho do cinema que ele pretendia dar vazão aos seus desejos retraídos.
Na esmagadora maioria dos encontros, Rollinbund se posicionava no local combinado, com a roupa combinada, e aguardava a aproximação da musa. É claro que elas também informavam ao telefone os trajes que estariam usando. Normalmente, roupas e cores comuns da moda na época. E lá que ficava o Rollinbund, numa estação de metrô, numa portaria de cinema ou numa praça de alimentação, aguardando a desejada companhia. Como são lugares movimentados, era comum e recorrente, aparecerem muitas mulheres vestidas com as roupas que a pretendida havia prometido usar. A cada gostosona que se aproximava, o Rollinbund quase desmaiava de emoção, mas nada, era só fogo de palha. Certa vez, ele tinha marcado com uma “moça” que afirmara que usaria branco. Se deliciou com inúmeras beldades de branco e nada. Depois de vinte minutos esperando, numa plataforma de metrô, se manifesta uma mulher quarentona, vestida de preto e cheia de sorrisos dizendo: “Oi, eu sou a fulana! Só estava criando coragem para me aproximar...Não deu para usar a roupa que falei...” Preciso reiterar que, à época, o Rollinbund estava na casa dos 20 anos. Ou seja, era uma completa barca furada para o menino.
Em outra feita, Rollinbund estava há dias se engraçando com a telefonista de uma empresa que contatara. Logo a conversa pegou fogo e eles marcaram o primeiro encontro. Ele estava ansiosíssimo para tirar o pé da lama, pois há meses não dava uminha sequer! A moça estava correspondendo tanto, que já tinham combinado de ir direto para um hotel. O cara mal se agüentava de emoção. “É hoje!” Pensava em voz alta. Lá chegando, a maior de todas as surpresas, a moça, que também já era quarentona, não tinha uma das pernas e usava muleta. A partir daí, nunca mais o Rollinbund se valeu dessa estratégia para paquerar e azarar a mulherada.
O saldo desse período ficou mais ou menos assim: Vinte e quatro barcas furadas e apenas duas conquistas dignas de menção. Duas vendedoras, na faixa dos vinte, com as quais o Rollinbund engatou breves romances, com direito a aventuras sexuais e momentos amorosos. Nem tudo foi perdido naquela fase!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Singela homenagem a Muricy Ramalho

Sou são-paulino, mas não sou fanático, como tantos que andam por aí. O que me leva a escrever sobre Muricy é a autenticidade desse competente técnico. Achei a falta de gratidão e respeito do clube muito grande para com esse excelente profissional, que está muito acima da média dos treinadores disponíveis no mercado.
Num meio em que os técnicos e dirigentes vivem falando bobagens e atropelando a ética a todo instante, Muricy Ramalho é uma das poucas ilhas de seriedade e retidão de caráter. Existem outros profissionais sérios por aí, mas, convenhamos, Muricy, na atualidade, é imbatível, uma vez que alia competência técnica, ética e muito conhecimento acumulado dos meandros do futebol e da formação de novos jogadores. Basta dizer que é discípulo de Telê Santana, outro mito entre os técnicos de futebol.

Se o São Paulo já vinha mal das pernas com ele, o que poderemos esperar agora? Basta um mínimo de bom senso para percebermos que o problema atual do clube está no elenco de jogadores, não no treinador. Há no São Paulo, nesta época do ano, como em todos os clubes brasileiros de ponta, vários jogadores muito mais preocupados com a abertura da janela de transferências para o futebol europeu que se aproxima, do que em desempenhar seu melhor futebol no clube atual.
Mas, na nossa cultura imediatista, sempre é mais fácil mexer com uma peça só do que com várias delas. E lá se vai o grande Muricy, como se fosse um outro técnico qualquer, sem receber a menor consideração e muito menos um voto de confiança do clube, uma vez que tem, ou deveria ter, bastante crédito para isso.
Mas não é só como técnico competente que admiro Muricy Ramalho, mas também, e principalmente, pela forma autêntica e honesta com que exerce a sua profissão. Com Muricy não tem meias palavras, é tudo preto no branco. Ele também não gosta de puxa-saquismo oportunista, de tapinhas nas costas, ou seja, dessas frescuras e falsidades tão em voga hoje em dia.

Nesse mar de mesmice e padronização atual, no qual o mundo do futebol é um dos mais imbecilizantes que existem, Muricy Ramalho é um sopro de dignidade, altruísmo e profissionalismo. Desejo muito boa sorte para o nobre Muricy, vá ele para onde for, e tenho certeza de que o clube que o acolher estará em muito boas mãos, e na direção certa para obter títulos e conquistas. Só o São Paulo não viu isso. Ao clube, desejo a sorte que o destino lhe reservar. Que seja o que tiver de ser.
sábado, 6 de junho de 2009
O homem dotado do incrível dedo médio autônomo
Grandes cidades implicam em pequenas multidões aonde quer que vamos. Pequenas multidões, via de regra, com baixos níveis de educação e cidadania. Já no ponto de ônibus, o nosso homem começou a se deparar com pequenos gestos e atitudes deselegantes e mesquinhos. Os mesmos, aliás, aos quais já estava habituado.

Não sabia, no entanto, que naquele dia ele não estava sozinho. Apesar de toda a inércia atual da sociedade em relação à falta de educação e respeito ao próximo, sentiu que havia outra pessoa apoiando o seu desagrado com a falta de civilização alheia. Não sei se seria exatamente outra pessoa, talvez, dado a natureza insólita da situação, pudéssemos chamá-lo de outro ser.
O fato é que, já ao perceber um motorista de ônibus que havia passado direto pela parada em que estava, sem prestar serviços, viveu uma experiência inédita em sua vida. O seu dedo médio - até então quietinho, junto com os demais dedos da mão, a qual encontrava-se confortavelmente aninhada no bolso da jaqueta – apresentou uma força e uma atitude inesperadas, erguendo-se no ar de maneira acintosa, em direção ao motorista ignorante.
O homem, visivelmente envergonhado, não sabia literalmente aonde iria enfiar aquele dedo autônomo e tão irascível. Sabia que o motivo que o despertara era lamentável, mas, educado que era, não podia conceber a idéia de colocar o dedo médio em riste a cada contragosto e falta de educação que vivenciasse. Entendeu, desde aquele momento, que por algum motivo inexplicável, seu dedo médio dotara-se de incrível independência e juízo de valores próprios. Sabia que algo inexplicável estava acontecendo, mas continuou tentando manter sua rotina diária.
Ainda no ponto de ônibus, localizado numa avenida de grande movimento e trânsito engarrafado e nervoso, impacientou-se com motoristas que buzinavam a torto e a direito, como se isso fosse magicamente melhorar o tráfego pesado. Novamente, irritado pelas estúpidas e desnecessárias buzinas altas e prolongadas, seu dedo médio o desobedeceu e colocou-se em local bem alto e visível, direcionado a todos os motoristas idiotas que por ali estavam a meter a mão nas malfadadas buzinas.
O homem, dono do dedo, começou a se preocupar com toda aquela independência do seu membro consciente e cidadão, mas tão nervoso e com baixíssima tolerância à estupidez e à ignorância de grande parte dos moradores daquela cidade.
Apesar de alguns xingamentos e de algumas expressões de espanto, recebeu também alguns comentários de apoio ao dedo em riste. Preocupado, conseguiu subir no lotado ônibus que aguardava, apesar da força que teve que fazer para se manter no degrau de entrada.
A partir daí, seu dedo ficou enfurecido e totalmente fora de controle. Levantou-se para as pessoas que insistiam em ficar paradas nos degraus de entrada, impedindo a passagem dos outros e o fechamento da porta.
Levantou-se de novo contra aqueles que estavam bloqueando a catraca, não permitindo que os demais passageiros caminhassem para o fundo do coletivo.
Irritou-se e se fez notar muito claramente para os estudantes que carregavam suas mochilas enormes nas costas, complicando a vida de todos os outros passageiros.
Quando conseguiu um lugarzinho para sentar, do lado do corredor, o dedo independente ficou um pouco mais contido, mas não por muito tempo. Logo em seguida, a pessoa que estava ao seu lado, dormindo até então, acorda e – roboticamente – levanta-se para sair do banco, sem sequer balbuciar um pedido de licença. O homem, acostumado àquilo, foi liberando a passagem, mas o dedo médio não deixou passar batido. Apresentou-se bem na cara do passageiro desligado, em tamanho e forma bem visíveis.
Daí a pouco, o ônibus ainda lotado, o homem começa a ouvir os costumeiros gritos de passageiros que estavam longe da porta de saída e queriam que o motorista esperasse pacientemente até que descessem. Normalmente, os motoristas, já de saco cheio, não costumam dar ouvidos a essa gritaria dos folgados, e segue em frente pisando fundo. O dedo intrometido manteve-se em riste e na direção dos folgados que tentavam chegar à porta de saída.
Quando desceu do inferno sobre rodas em que estava, o homem só precisava atravessar uma avenida para chegar ao seu local de trabalho. Percebeu um grande número de carros parado e tomando conta da faixa de pedestres que utiliza diariamente. Encarou como algo lamentável, mas normal nos dias de hoje. O dedo, claro, não deixou barato, ergue-se e dirigiu-se ostensivamente a todos os motoristas que desrespeitavam a sinalização e os pedestres do local.
Ao chegar à repartição, e deparar-se com toda a preguiça e descaso dos colegas, com as ordens estúpidas e estapafúrdias da chefia, enfim, com toda a maneira equivocada como funciona o serviço público, não deu outra, o dedo irascível manteve-se em riste o tempo todo, poupando pouquíssimos colegas de trabalho. O chato foi quando se levantou até para o diretor da unidade. Por conta das estripulias do dedo irado, o homem foi levado para um sanatório, aonde ainda se encontra internado, fazendo tratamento à base de antidepressivos e calmantes. Todos estranharam aquele surto ter acometido uma pessoa tão calma e paciente. O homem, atualmente, vive letárgico como um autômato. O dedo continua autônomo. Não há remédio que o mantenha sob controle.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
IDOSO: Você ainda vai ser um
Vivendo assim, é claro que os mais velhos, indivíduos que outrora, e em outras civilizações e modus vivendi, eram tidos como fontes de sabedoria e experiência, praticamente deixaram de sê-lo. Passaram a ser quase totalmente ignorados, além de precisarem contar com legislações e normas que lhes garantam aqueles direitos e benefícios que o próprio bom senso (se houvesse) já deveria fazer valerem no dia-a-dia.

Atualmente, percebemos claramente que todos querem viver muito, mas ninguém quer ficar velho. É um paradoxo, mas é isso que vivenciamos em quase todas as esferas de nossa vida.
E para não ficarem velhas (Como se isso fosse possível!), muitas pessoas estão lançando mão de intervenções e métodos, em muitos casos esdrúxulos, para a conservação da força e beleza da juventude.
E haja anabolizante, botox, redução de estômago ao bel prazer, remédios controlados para emagrecer e um monte de outras medidas estapafúrdias que só fazem prejudicar ou desfigurar o corpo humano.
É óbvio que todos devem se preocupar com a saúde e o funcionamento do próprio corpo, mas existem maneiras e maneiras de fazer isso.
Primeiramente, isso não pode virar obsessão, uma coisa a ser alcançada a qualquer custo. Em segundo lugar, a primeira coisa a ser preservada sempre deve ser a saúde e não somente a beleza e estética exteriores. Via de regra, a pessoa saudável costuma ter a melhor aparência possível dentro do seu biotipo. Milagres não existem, embora muitos tentem propagandeá-los por aí. Idiotas daqueles que caem em tais contos do vigário midiáticos e se deixam levar por essas ondas estéticas que têm assolado o mundo moderno.
Resumindo, a maioria das pessoas quer a eterna juventude, mas sem fazer qualquer esforço, lançando mão apenas das técnicas e soluções amalucadas que surgem no mercado e que o dinheiro pode pagar. Apenas uma minoria busca a saúde de maneira consciente e natural.
Não temos como reverter a passagem do tempo, que é inexorável. Precisamos, então, nos aliarmos a ela, aproveitando tudo que nos é propiciado ao longo da vida, em suas diferentes etapas e circunstâncias.
Por tudo isso é que não consigo olhar para um idoso e não me refletir nele, não me ver nele. Ele sou eu amanhã, ou daqui a pouco. Se é que eu terei toda a sorte e energia necessárias para chegar aos 70, 80 anos. Será?
Quando convivemos com crianças não nos lembramos da nossa infância? Quando estamos próximos dos adolescentes não sentimos saudades dos nossos anos verdes? Então por que quando estamos com os velhinhos não paramos para pensar como seremos quando obtivermos a graça de chegar àquela idade?
Já ouvi várias vezes o chamado: Solte a criança que existe em você! Mas será que só temos uma criança dentro de nós? Será que não temos várias pessoas dentro de nós? Algumas que já conhecemos e outras que ainda vamos conhecer?
Disse Machado de Assis que o menino é o pai do homem. Ou seja, desde criança já temos dentro de nós o embrião do homem maduro e do idoso. Se somos tudo ao mesmo tempo, por que haveríamos de não respeitar os cabelos brancos alheios, que um dia serão os nossos?
terça-feira, 12 de maio de 2009
O complexo é ser simples

Para tudo que formos fazer na vida, já existem modelos e fórmulas pré-concebidas de como teremos de nos comportar e quais scripts teremos de seguir.
A propaganda – e essa é a função dela – têm cada vez mais roteirizado a vida de todos nós, cidadãos comuns, bombardeados que somos, diuturnamente, pelas campanhas publicitárias e pelas estratégias e jogadas de marketing, que já parecem estar onipresentes em todos os campos e áreas da era moderna.
E para as pessoas dotadas de baixo ou nenhum senso crítico, o bombardeio do marketing pode ser fatal para a capacidade de raciocínio e discernimento.
Há jovens (e muitos maduros também) que começam a se comportar como se a vida atual, ultraconectada e on-line, fosse um eterno reality show.
Pessoas dotadas de precária instrução, mas de muita informação, simplesmente não sabem o que fazer com a última. Querem ser, ou acham que são, instants celebrities, ou seja, pessoas que são populares gratuitamente, sem a necessidade de serem notórias em alguma área do conhecimento humano.

E quando falo em baixa instrução e cultura, não me refiro especificamente às camadas pobres da nossa população, que realmente têm muitas dificuldades de acesso à educação em nosso injusto país. Falo sim, e principalmente, dos jovens ricos e de classe média, que têm se comportado de maneira cada vez mais estúpida e violenta, não dando nenhuma importância às leis ou ao respeito pelo próximo e à vida em sociedade.
Reputo toda essa ignorância, agressividade e pasteurização das pessoas à baixíssima importância que a sociedade moderna tem dado à formação do caráter das nossas crianças e jovens, aliada à altíssima importância que tem sido dada ao consumo desenfreado, desregrado e imposto maciçamente aos nossos pretensos cidadãos.
Mais do que nunca, hoje o que importa é ter, e não ser. Não se pensa mais na essência humana. Apenas na aparência humana. O importante é aparecer sempre bem na foto e parecer ser alguém de bem (ou de bens). Ninguém precisa ser alguma coisa, basta parecer que é alguma coisa. Vivemos a idade da imagem e, nada além dela, parece ter alguma importância. Ande assim. Compre isso. Vista aquilo. Dirija o carro X, que você ficará mais interessante. Adquira a mais nova versão do produto Y. Você não pode ficar de fora dessa jogada. São bordões e slogans repetido como mantras sagrados pela publicidade. E que têm tornado nossa vidas cada vez mais complexas e cheias de necessidades criadas, que logo passam a ser tidas como imprescindíveis.
Divulgam tudo. Promovem tudo. Mercantilizam todo tipo de relações e sentimentos. A única coisa que não vejo ser valorizada é a simplicidade no dia-a-dia das relações humanas. Tudo está ficando complexo demais, chato demais, mecânico demais. Excesso de serviços e produtos dos quais não precisamos. Excesso de profissionais dos quais não precisamos. É a onda dos “personal” pra tudo. Pra se vestir. Pra praticar esportes. Pra se alimentar. E haja gente ganhando dinheiro no mole, com consultorias bestas que não nos ajudam em nada, e das quais ninguém precisa. Apenas maneiras de tornar a vida cada vez mais profissional e roteirizada. Precisamos resgatar a simplicidade, a verdadeira vida simples. Mas do jeito que as coisas vão, está ficando cada vez mais complexo ser simples.