quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O que faz você feliz? (Não é propaganda de supermercado)

Planeta Terra. 2013. Chegou-se a um estágio avançado da sociedade em que as pessoas se acham felizes apenas e tão somente por conseguirem adquirir e ostentar bens de consumo altamente renováveis com a maior rapidez possível e antes que os outros mortais o façam. A maioria também parece ficar muito feliz e satisfeita só em poder frequentar os modernos templos do consumo com toda a família, pois são lugares seguros, bonitos, limpos, que oferecem produtos, serviços, gastronomia e lazer dentro dos padrões de assepsia e apresentação tidos como aceitáveis e muito desejáveis, ainda que altamente industrializados e padronizados. Não importa, para quem é, ou parece ser feliz, se nem todos têm acesso a esse fantástico mundo de modernidade e alegria. Aliás - para esse padrão de felicidade, imposto pelo mercado em geral, e especialmente pelas transnacionais, pelos bancos, pela propaganda e pela mídia -, faz parte do pacote que nem todos possam ter acesso a tudo de bom que o mundo moderno oferece. Somente os escolhidos. E assim, muita gente se esfalfa para se enquadrar naqueles conceitos e estereótipos de homens, mulheres e crianças bem-sucedidos. O sucesso e a felicidade são assegurados apenas àqueles que contam, desde o nascimento, com boas estruturas financeiras familiares e bom respaldo educacional, os quais irão perpetuar a manutenção daquela boa cepa de gente nas linhas de frente, de mando e de comando da sociedade. O mundo caminhou até chegar ao estágio atual, no qual as pessoas valem pelo que têm e o culto à personalidade e às aparências, bem como a idolatria a muitas coisas materiais e palpáveis, suplantou qualquer outro aspecto espiritual ou sentimental que eventualmente pudesse nortear as relações humanas. As pessoas estão felizes ou infelizes, dependendo apenas de terem ou ainda não terem adquirido os seus mais recentes objetos de desejo, tão propagandeados e disseminados pelos ferozes e predatórios meios de comunicação. Essa infelicidade dura até a satisfação desse desejo. Satisfeito aquele desejo da vez, a sensação fugaz de felicidade logo passa, pois outros chamados começam a incomodar e a impacientar os nossos felizardos temporários. Tal qual um dependente químico, as pessoas entram em crise de abstinência por ainda não terem consumido aquilo que o deus mercado manda e impõe como sendo indispensável e sem o qual o cidadão estará incompleto e em desigualdade de condições com o mundo que o rodeia. É preciso trocar o carro, mesmo que o seu ainda esteja cumprindo perfeitamente a missão a que se destina. É preciso ter o último modelo de iphone da semana. É imprescindível comprar em dez vezes no cartão de crédito a última versão da TV de plasma. É de vital importância estar com o cabelo tratado dentro da última técnica surgida para tal cuidado. É tão necessário parecer feliz dentro dos conceitos difundidos e tidos como padrões, que o sujeito precisa sempre estar com as suas fotos e informações atualizadas em tempo real na WEB, como se disso dependesse a continuidade da humanidade. É preciso estar conectado e interagindo virtualmente o tempo todo, mesmo que isso faça com que você deixe de manter contato e trocar ideias com as pessoas que, na realidade, estejam sempre ao seu lado. É preciso usar o sapato do momento, cortar e arrumar o cabelo com o estilo do momento, ouvir a música do momento, vestir a roupa da estação, exalar o cheiro comercializado no momento, entre tantas outras atitudes exigidas e esperadas da pessoa que se entenda como do seu tempo. 

Será que são somente essas ideias e coisas que realmente nos fazem felizes? Será que ser supostamente feliz e ostentar em um meio em que nem todos podem ter as mesmas coisas que você é benéfico ou maléfico para a sociedade? O homem vale pelo que é ou pelo que tem? Qual seria o motivo de alguns terem coisas e desfrutarem mordomias às quais a maioria não tem acesso? Isso é justo? É moral? É lógico? Haveria os escolhidos de Deus? Por que alguns são mais bem tratados e respeitados do que os outros? Seria possível vivermos numa sociedade mais justa e igualitária, com educação e oportunidades para todos, desde pequeninos? Seria possível e viável uma sociedade na qual não houvesse qualquer tipo de distinção entre seres humanos? Seria sustentável uma sociedade em que todos fossem respeitados e tivessem as condições mínimas de dignidade e conforto para viver? Existem seres humanos que valem mais do que os outros?

Perguntas que ficam no ar. Como a principal delas: O que tenho feito para tornar este mundo melhor, mais justo, mais feliz e mais humano para todos?    

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