quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Vote Tiririca, pior não fica!"

Que o horário eleitoral gratuito é um longo e interminável desfile de bizarrices e sandices todos nós já estamos cansados de saber. Contudo, parece que a capacidade dos grotescos candidatos - a cada eleição - em piorar o discurso e fazer despencar o nível é também uma ladeira sem fim.
Fico me sentindo um imbecil diante daquele monte de caras-de-pau falando toda a sorte de besteiras e impropérios. É uma afronta à inteligência de qualquer cidadão mediano.
Para chamar o horário eleitoral de circo já não falta mesmo mais nada, uma vez que nesta eleição temos até o palhaço Tiririca com o seu slogan imbatível em termos de objetividade e sinceridade: "Vote Tiririca, pior não fica". E o pior é que ele tem razão. O nível da política no Brasil é tão baixo, que talvez o Tiririca, se eleito, não venha a ser o pior parlamentar que o Brasil possa ter tido ou ainda venha a ter.
É preocupante saber que os nossos dirigentes e parlamentares serão (Ou continuarão a ser) pessoas com esse baixo nível de consciência e comprometimento com a coisa pública e com as necessidades e anseios da sociedade brasileira.
Parece que exatamente todos aqueles que não se deram bem em suas carreiras "artísticas" é que resolveram se valer de sua imagem pública para tentar uma vaga na política. Temos candidatos "cantores", "atores", "comediantes", "Ex-BBB's" e, claro, não poderiam faltar as "mulheres frutas" e congêneres alimentícios. A política virou uma autêntica e grande curva de rio. Tudo o que não presta pára nela.
Quanto ao horário político, temos o livre arbítrio de simplesmente ignorá-lo. É fato. Mas, depois de eleitos - e fatalmente muitos candidatos esdrúxulos se elegerão - certamente todos iremos arcar com os inúmeros ônus da política mal feita, que visa apenas interesses menores e pessoais. Nós até poderemos elegê-los e esquecê-los nos próximos quatro ou oito anos, mas os resultados das suas legislaturas e mandatos estapafúrdios com certeza irão aparecer em nossas vidas, seja na forma de ações defeituosas e mal-intencionadas, seja na forma de omissões e descasos.
É líquido e certo: Quem irá levar o chumbo grosso seremos nós, a incauta massa de eleitores.
Por isso, o mínimo que podemos fazer é tentar separar o pouco trigo que existe no meio de tanto joio, e elegermos pessoas com um mínimo de decência, coerência, clareza e honestidade.
A política está tão banalizada, pútrida e mal-cheirosa em nosso país, que parece estar se tornando definitivamente um reduto de aventureiros e aproveitadores. E, infelizmente, não tenho observado muitas manifestações de repúdio a esse estado degenerativo de coisas. Tudo parece estar sendo visto como normal, como aceitável e como parte da vida moderna. Será que essa baixaria na política tem necessariamente que existir? Será que só esse tipo de gente pode se candidatar hoje em dia? Será que político virou mesmo sinônimo de palhaço e pessoa sem qualquer credibilidade?
São essas as questões que me afligem nesse período eleitoral, que é crucial na vida de qualquer país, mas que tem sido encarado por aqui como um grande circo midiático.
Só que, nesse circo, os palhaços ficam sentados na plateia, e costumam ser o alvo das gargalhadas e gozações dos protagonistas das presepadas, que ficam no picadeiro, como centro das atenções.

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