quinta-feira, 29 de abril de 2010

Twittando asneiras

Hoje em dia, qualquer pessoa pode expor ao Mundo seus pensamentos e ideias em até 140 caracteres. Para o caso das pessoas que realmente tem algo a dizer, o Twitter passa a ser uma considerável ferramenta de comunicação e interação. No entanto, percebo que o quantidade de baboseiras e asneiras "publicadas" na web é uma coisa alarmante. Como tudo na vida, o Twitter também precisaria ser usado com parcimônia e bom senso. Mas, claro, bom senso não é um artigo muito abundante na praça. Aliás, anda bastante escasso nos dias que correm. Nessa toada, segue o bombardeio de frases incompreensíveis e absurdos postados a esmo! É uma verdadeira saraivada de informações inúteis, diálogos "tronchos" e repetitivos. Piores ainda são os "retweets", quando o "twitteiro" não tem sequer condições de criar suas próprias besteiras, e se vale das "ideias" alheias - muitas vezes também já estapafúrdias na origem - para poluir a rede. Atenção: Por favor, não confundam "xaropices" com bom humor! Não sou nada contra as tiradas e sacadas bem-humoradas, até porque são provas incontestes de inteligência e perspicácia dos seus autores. Mas é lamentável que um meio de comunicação tão poderoso seja utilizado com tanta intensidade apenas para a propagação de "pensamentos vazios" e "informações" que não trazem nada de útil às pessoas em geral. Deveríamos, isso sim, lutar para que o Twitter fosse usado como instrumento de troca de ideias e informações dotadas de conteúdo útil, que servissem à conscientização e organização das pessoas em torno dos muitos temas relevantes em pauta hoje em dia. Tenho certeza, e vejo muitos casos em que pessoas utilizam essa ferramenta para discutir e falar sobre temas mais sérios. Contudo, essas discussões mais profícuas ficam relegadas ao segundo plano. Infelizmente, a grande maioria vê as ferramentas de interação virtual apenas como um canal para lançar ao mundo toda e qualquer bobagem que lhe passe pela cabeça. E o pior, se a pessoa que dispara a asneira na rede tem algum respaldo popular - é "artista" ou "celebridade instantânea" - aí sim é que obtém uma enormidade de respostas e comentários. Ou seja, a asneira é elevada à enésima potência, como se fosse algo importante e digno de atenção. Outro ponto espantoso é o número de seguidores que essas ditas celebridades alcançam no Twitter. Chovem puxa-sacos aos twitteiros renomados, ainda que postem apenas boçalidades, fofocas e coisas que não interessam efetivamente a ninguém. É tão comum nos depararmos com postagens que informam o horário em que a pessoa foi dormir. Ou então, aquilo que a pessoa comeu na hora do almoço. Ou ainda que passou horas no salão de beleza! Francamente, o mundo precisa de assuntos muito mais importantes sendo discutidos na rede do que a cor da cueca de qualquer zé-mané!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Precisa-se de homens-bomba

Enquanto uma parte menor da humanidade perde seu tempo dando valor desmedido ao próprio ego e a muitas coisas absolutamente desimportantes e fúteis, outra parte, essa bem maior, perde seu tempo nas degradantes condições dos transportes coletivos, dos hospitais públicos e das burocráticas e preguiçosas repartições, que deveriam prestar serviços aos cidadãos. Perdem também seu tempo nas vagarosas filas dos bancos, que fazem questão de andar bem lentas e desrespeitosas para aqueles que pouco têm. Aos que muito têm, os bancos reservam atendimentos preferenciais, com nomes pomposos, afrancesados, americanizados. Mas isso é para poucos. Apenas personalidades merecem tratamentos diferenciados e atenciosos. Personalidades com cifras de muitos zeros à direita em suas contas e aplicações. Não, não é necessário que as personalidades a que me refiro sejam pessoas honestas, decentes, corretas. Nada disso, basta às personalidades ter o poderio econômico. Só isso. Caráter, decência, respeito, são coisas que não valem mais nada atualmente. Hoje, não é mais importante ser um homem de bem. Hoje, o que vale é ser um homem de bens. A inércia é imensa. A pasmaceira é enorme. As pessoas sofrem absurdos cotidianos completamente caladas. Não reclamam, não protestam. Não se organizam para reivindicar os direitos mais básicos. Atribuem seus dramas à vontade de Deus. Será que Deus trataria de maneira tão desigual os seus filhos? Estamos chafurdando no caos. Estamos enterrados na lama, como sabiamente já disse Chico Science. Uma das últimas e poucas cabeças pensantes que realmente disse e mostrou a que veio. Pena ter nos deixado tão precocemente. De um lado, esnobismos, ostentações e demonstrações de poder daqueles que só se preocupam com isso na vida. De outro lado, a total falta de traquejo para a vida em sociedade e para o senso de justiça de enorme camada da nossa população. Aceitando todas as desgraças e mazelas como se fizessem parte da normalidade e da paisagem. Aceitando bovinamente que alguns têm e nasceram para ter, enquanto outros nasceram para sofrer e para ser explorados. Como se fosse aceitável admitirmos que existem cidadãos de diferentes classes, de diferentes castas. Que só por um punhado de ouro, alguns possam se sobrepor aos outros, impondo a estes a sua vontade. Precisamos urgentemente de homens-bomba, que venham explodir com essas convenções tão arraigadas, que venham sacudir esse status quo tão viciado, que venham exigir a sua parcela de dignidade e respeito. Precisamos de homens-bomba pensantes, que questionem as unanimidades burras. Que ousem propor outros caminhos. Que ousem perguntar: Por que é que tem que ser necessariamente assim e não de outro jeito? Precisamos de homens-bomba que detonem os preconceitos dos bem-nascidos, arrebentem com a empáfia e a arrogância daqueles que se sentem, por qualquer motivo, mais merecedores de respeito e homenagens que os outros mortais. Precisamos urgentemente de homens-bomba que dinamitem todas as atrocidades cometidas pelos homens contra os próprios homens. Precisamos de homens-bomba que acendam o estopim da arrancada para uma nova forma de viver, mais fraterna, mais solidária, enfim, mais humana.

Obs.: Post inspirado no poema-protesto homônimo, de Sandra Lacerda, que teve a ideia de propor a ação de homens-bomba do bem contra toda a inércia atual da nossa sociedade. Em uma situação prática e cotidiana, numa estação de metrô lotada, ela viveu o desprazer de sentir na pele o descaso com que o povo é tratado. E, pior, constatar que nenhum dos presentes ao menos cogitava em protestar, questionar ou se perguntar por que aquela situação estava acontecendo.

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