quinta-feira, 28 de maio de 2009

IDOSO: Você ainda vai ser um

The Beatles - when im sixty four


Com o american way of life tendo sido franqueado para mais da metade do mundo, passamos a viver numa sociedade, dita moderna, que cada vez mais valoriza a força, a beleza, a alta tecnologia e o poder.
Vivendo assim, é claro que os mais velhos, indivíduos que outrora, e em outras civilizações e modus vivendi, eram tidos como fontes de sabedoria e experiência, praticamente deixaram de sê-lo. Passaram a ser quase totalmente ignorados, além de precisarem contar com legislações e normas que lhes garantam aqueles direitos e benefícios que o próprio bom senso (se houvesse) já deveria fazer valerem no dia-a-dia.
Atualmente, percebemos claramente que todos querem viver muito, mas ninguém quer ficar velho. É um paradoxo, mas é isso que vivenciamos em quase todas as esferas de nossa vida.
E para não ficarem velhas (Como se isso fosse possível!), muitas pessoas estão lançando mão de intervenções e métodos, em muitos casos esdrúxulos, para a conservação da força e beleza da juventude.
E haja anabolizante, botox, redução de estômago ao bel prazer, remédios controlados para emagrecer e um monte de outras medidas estapafúrdias que só fazem prejudicar ou desfigurar o corpo humano.
É óbvio que todos devem se preocupar com a saúde e o funcionamento do próprio corpo, mas existem maneiras e maneiras de fazer isso.
Primeiramente, isso não pode virar obsessão, uma coisa a ser alcançada a qualquer custo. Em segundo lugar, a primeira coisa a ser preservada sempre deve ser a saúde e não somente a beleza e estética exteriores. Via de regra, a pessoa saudável costuma ter a melhor aparência possível dentro do seu biotipo. Milagres não existem, embora muitos tentem propagandeá-los por aí. Idiotas daqueles que caem em tais contos do vigário midiáticos e se deixam levar por essas ondas estéticas que têm assolado o mundo moderno.
Resumindo, a maioria das pessoas quer a eterna juventude, mas sem fazer qualquer esforço, lançando mão apenas das técnicas e soluções amalucadas que surgem no mercado e que o dinheiro pode pagar. Apenas uma minoria busca a saúde de maneira consciente e natural.
Não temos como reverter a passagem do tempo, que é inexorável. Precisamos, então, nos aliarmos a ela, aproveitando tudo que nos é propiciado ao longo da vida, em suas diferentes etapas e circunstâncias.
Por tudo isso é que não consigo olhar para um idoso e não me refletir nele, não me ver nele. Ele sou eu amanhã, ou daqui a pouco. Se é que eu terei toda a sorte e energia necessárias para chegar aos 70, 80 anos. Será?
Quando convivemos com crianças não nos lembramos da nossa infância? Quando estamos próximos dos adolescentes não sentimos saudades dos nossos anos verdes? Então por que quando estamos com os velhinhos não paramos para pensar como seremos quando obtivermos a graça de chegar àquela idade?
Já ouvi várias vezes o chamado: Solte a criança que existe em você! Mas será que só temos uma criança dentro de nós? Será que não temos várias pessoas dentro de nós? Algumas que já conhecemos e outras que ainda vamos conhecer?
Disse Machado de Assis que o menino é o pai do homem. Ou seja, desde criança já temos dentro de nós o embrião do homem maduro e do idoso. Se somos tudo ao mesmo tempo, por que haveríamos de não respeitar os cabelos brancos alheios, que um dia serão os nossos?

terça-feira, 12 de maio de 2009

O complexo é ser simples

Tem faltado muita simplicidade no mundo de hoje. Com a nossa atual realidade super, ultra, mega, hiper tecnológica, mercantilizada e conectada em tempo real, não tem sobrado espaço para as coisas simples e pueris da vida.

Para tudo que formos fazer na vida, já existem modelos e fórmulas pré-concebidas de como teremos de nos comportar e quais scripts teremos de seguir.

A propaganda – e essa é a função dela – têm cada vez mais roteirizado a vida de todos nós, cidadãos comuns, bombardeados que somos, diuturnamente, pelas campanhas publicitárias e pelas estratégias e jogadas de marketing, que já parecem estar onipresentes em todos os campos e áreas da era moderna.

E para as pessoas dotadas de baixo ou nenhum senso crítico, o bombardeio do marketing pode ser fatal para a capacidade de raciocínio e discernimento.
Há jovens (e muitos maduros também) que começam a se comportar como se a vida atual, ultraconectada e on-line, fosse um eterno reality show.

Pessoas dotadas de precária instrução, mas de muita informação, simplesmente não sabem o que fazer com a última. Querem ser, ou acham que são, instants celebrities, ou seja, pessoas que são populares gratuitamente, sem a necessidade de serem notórias em alguma área do conhecimento humano.

E quando falo em baixa instrução e cultura, não me refiro especificamente às camadas pobres da nossa população, que realmente têm muitas dificuldades de acesso à educação em nosso injusto país. Falo sim, e principalmente, dos jovens ricos e de classe média, que têm se comportado de maneira cada vez mais estúpida e violenta, não dando nenhuma importância às leis ou ao respeito pelo próximo e à vida em sociedade.

Reputo toda essa ignorância, agressividade e pasteurização das pessoas à baixíssima importância que a sociedade moderna tem dado à formação do caráter das nossas crianças e jovens, aliada à altíssima importância que tem sido dada ao consumo desenfreado, desregrado e imposto maciçamente aos nossos pretensos cidadãos.

Mais do que nunca, hoje o que importa é ter, e não ser. Não se pensa mais na essência humana. Apenas na aparência humana. O importante é aparecer sempre bem na foto e parecer ser alguém de bem (ou de bens). Ninguém precisa ser alguma coisa, basta parecer que é alguma coisa. Vivemos a idade da imagem e, nada além dela, parece ter alguma importância. Ande assim. Compre isso. Vista aquilo. Dirija o carro X, que você ficará mais interessante. Adquira a mais nova versão do produto Y. Você não pode ficar de fora dessa jogada. São bordões e slogans repetido como mantras sagrados pela publicidade. E que têm tornado nossa vidas cada vez mais complexas e cheias de necessidades criadas, que logo passam a ser tidas como imprescindíveis.

Divulgam tudo. Promovem tudo. Mercantilizam todo tipo de relações e sentimentos. A única coisa que não vejo ser valorizada é a simplicidade no dia-a-dia das relações humanas. Tudo está ficando complexo demais, chato demais, mecânico demais. Excesso de serviços e produtos dos quais não precisamos. Excesso de profissionais dos quais não precisamos. É a onda dos “personal” pra tudo. Pra se vestir. Pra praticar esportes. Pra se alimentar. E haja gente ganhando dinheiro no mole, com consultorias bestas que não nos ajudam em nada, e das quais ninguém precisa. Apenas maneiras de tornar a vida cada vez mais profissional e roteirizada. Precisamos resgatar a simplicidade, a verdadeira vida simples. Mas do jeito que as coisas vão, está ficando cada vez mais complexo ser simples.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Teseu - O homem do bilau rastreado

Sempre achei o Paulo Silvino um sujeito muito engraçado. A pedra de toque do seu humor sempre foi a picardia e as desventuras relacionadas às mulheres desejadas pelos seus personagens tresloucados e cheios de bordões hilários.

Vamos? e Vai ser aquilo tudo! eram duas expressões famosas que os seus personagens costumavam usar quando estavam diante das beldades pretendidas.

Ele sempre foi o perfeito porta-voz do sofrimento que os homens muitas vezes têm de suportar diante das mulheres tão desejadas, mas na maioria das vezes tão inalcançáveis por uma série de fatores e convenções sociais.

Até o batido Severino, ainda no ar, sofre com essas conquistas frustradas. Quando pensa que vai se dar bem... acontece o inesperado e o tiro sai pela culatra.

Mas agora ele se superou. Está sendo veiculado, no famigerado programa Zorra Total, um quadro em que o velho e inspirado Silvino dá vida a Teseu, o homem diuturnamente monitorado e rastreado por satélite pela esposa milionária, que é uma verdadeira bruxa.

Com ciúme do marido, a perua implantou um chip no dito cujo de Teseu, o qual apita e indica a sua localização sempre que o personagem se interessa por alguma mulher e começa a ficar com segundas intenções.

Basta surgir uma gostosona nas imediações de Teseu, e o chip começar a se manifestar e enviar os sinais à central de monitoramento da esposa, para que ela siga em desabalada carreira rumo às coordenadas em que o marido se encontra, acabando com qualquer possibilidade de felicidade do pobre coitado. Tesão totalmente sobre controle.

Já pensou se a moda pega? O que ia ter de chip apitando por aí seria uma grandeza. Poderia se pensar também no chip feminino. Fica a dúvida sobre como seria instalado, mas não há de faltar lugar. Talvez em forma de piercing genital. Quem sabe?

Pobre Teseu, com seu tesão constantemente monitorado, sem a menor possibilidade de dar umas escapadelas de vez em quando. E como dispara esse chip! Benza Deus!

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