segunda-feira, 27 de abril de 2009

Os grotescos assolam o Brasil - "revisited"

Post originalmente publicado nos primórdios deste blog. Devido à baixa audiência da época, achei interessante repostá-lo, para poder dividir essa questão com os nobres leitores.


No Brasil, devido a várias circunstâncias históricas e geográficas, temos o ambiente propício à proliferação dos grotescos. Na minha concepção, os grotescos surgem quando não possibilitamos a formação de verdadeiros cidadãos. Eles são os não-cidadãos. Criados no vácuo formado pela falta de boas políticas educacionais e outras deformações econômicas e sociais surgidas no Brasil desde o seu descobrimento e colonização. O Brasil atual é campo fertilíssimo para a procriação desenfreada de grotescos. E não pensem os leitores que os grotescos são apenas pessoas desprovidas de educação formal. Não, há um número altíssimo de grotescos pós-graduados e pós-doutorados que perambulam por várias esferas decisórias do poder constituído. Brasília é um centro irradiador de grotesquices, talvez o maior deles. Em Brasília, os políticos têm feito da vida pública uma extensão da privada. Oligarquias e monopólios industriais também contribuem enormemente para a manutenção da grotesquice em nosso país. A grande mídia televisiva e escrita também tem os seus representantes pró-grotesquice que não fazem nada para melhorar os níveis de cidadania e consciência do nosso povo. Muito pelo contrário, há décadas que atuam apenas para garantir as benesses já conquistadas pela minoria mandante. Enfim, grotescos existem aos borbotões, e assolam as ruas, empresas, universidades, hospitais, ou seja, todas as instâncias e lugares desse enorme país. Atualmente, por onde quer que andemos, vemos demonstrações de toda sorte de grotesquices, seja pela falta de educação, seja pela ausência total de solidariedade com as outras pessoas, seja pelo egoísmo e pela mesquinharia. Basta tomarmos como exemplo mais gritante a conduta da maioria dos brasileiros no trânsito, onde o desrespeito a tudo e a todos grassa vergonhosamente.
Temos muito a falar sobre grotescos e grotesquices, mas fica para outras oportunidades, pois o material infelizmente é farto e já foi objeto de um manual elaborado por esse seu criado. A minha intenção é abrir a discussão sobre esta realidade, que acredito afetar aos leitores tanto quanto a mim.

terça-feira, 21 de abril de 2009

DASPU: Eles tão de olho na Putique dela

Genival Lacerda - Severina - Xique Xique


Há quatro anos surgia a grife carioca DASPU. É um braço da ONG DAVIDA, que por sua vez foi criada por Gabriela Leite em 1992. A finalidade de todas essas iniciativas é valorizar e regulamentar a atividade profissional das prostitutas em nosso país.






A DASPU vem para diminuir as desigualdades e os preconceitos entre as pessoas, muito ao contrário de outros empreendimentos que apenas visam tornar ainda maior o fosso social que separa os miseráveis brasileiros daquela minoria (porém, muito numerosa) de milionários, a qual faz questão apenas de ostentar extremo luxo e riqueza.
A grife, alavancada pelo trabalho honesto e transparente das mulheres que fazem parte da ONG DAVIDA, tem feito muito sucesso com suas criações, passando, nos últimos anos, a vestir até mesmo as patricinhas com suas peças curtas, justas e ousadas. Ou seja, a DASPU vem se tornando uma marca cult.
Diante do sucesso honestamente obtido, sem nunca ter lançado mão de nenhum ato ilícito ou imoral, a DASPU lança agora a sua primeira loja, a qual, seguindo a onda criativa e bem humorada de nomes que marcam a grife, é denominada de PUTIQUE.
Maiores informções sobre a charmosa DASPU podem ser obtidas no site http://www.daspu.com.br/.
Pessoalmente, fico muito feliz com o êxito dessa marca, pois as iniciativas bem-intencionadas e coletivas precisam dar certo nesse nosso país tão desigual. Longa vida à DASPU!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Nhonho nunca será um "cool"

Snoop Doggy Dog - Beatufiul


O Nhonho, aquele que nasceu nhonho, por mais que se esforce, jamais será um cool.
O cool já nasce assim. É aquele que não precisa fazer força para agradar. As roupas sempre lhe caem bem, mesmo que não sejam as da última moda.
O cool, geralmente, é o centro das atenções por onde passa. Tem carisma, autenticidade, frescor. As mulheres se derretem por ele, mesmo antes de saberem se tem conteúdo ou não.
O cara cool é normalmente aquele relacionado com os modismos mais atuais. É lembrado para falar sobre os assuntos mais interessantes do momento. Também é muito lembrado para prestigiar os eventos mais descolados.
Ou seja, forma-se uma aura em volta do cool, e ele passa a viver acima do bem e do mal. Muitas vezes vira até unanimidade. Mas é aí que mora o perigo. Já dizia Nelson Rodrigues que "toda a unanimidade é burra".
O Nhonho não. O Nhonho é o anti-cool. O Nhonho é o sujeito que por mais que se esforce está sempre por fora. Pouco ou nada dotado de charme e carisma, o Nhonho é sempre o último a ser lembrado para qualquer coisa interessante que os outros inventem de fazer. Todos acham que a aparente falta de glamour do Nhonho o desqualifica para participar de baladas descoladas, vernissages, lançamentos musicais, peças teatrais. Ou seja, sempre que tem coisa interessante na parada, o Nhonho é completamente alijado.
Ninguém nem se importa em perguntar quais os gostos musicais do Nhonho, e quando alguém arrisca um palpite, logo chuta que ele deve curtir sertanejo, jovem guarda ou Raul Seixas. O Nhonho jamais poderia curtir um som mais cool ou cabeça como Smiths, Snoop Doggy, Seu Jorge ou Coldplay. Não, nhonhos, por princípio, só curtem coisas caipiras ou populares ao extremo.
Falei em Snoop Doggy, porque assisti, nesta manhã, ao clipe da música "Beautiful", no qual ele teve a feliz ideia de gravar no Rio de Janeiro, no maior astral, com lindas figurantes brasileiras, e na esmagadora maioria, morenas . Esse cara é cool. A música é de bom gosto, a atmosfera do clipe também, e ele lá, juntamente com Pharrell, se dando muitíssimo bem.
Pois bem, ninguém jamais relacionaria aquele clima cool a um nhonho. Ali é só para descolados, que sabem viver como tal.
Não adianta, o Nhonho pode ter cultura, pode conhecer das coisas. Mas ninguém nunca irá abordá-lo para uma conversa cool. O Nhonho nasce com a cara de nhonho, jeitão de nhonho e, na maioria dos casos, bondade do nhonho. É aí que todos se aproveitam, ou querem se aproveitar dele. Se têm um pepino para descascar, logo lembram do pobre Nhonho.
Mas ainda acredito, todo nhonho tem um cara cool dentro dele. Só não sabe como externá-lo. Longa vida aos nhonhos de bom coração!

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