quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Dia mundial sem carro (Na garagem)

Na última segunda-feira, pasmem, foi comemorado o dia sem carro. Reconheço que estava por fora sobre o evento, que aliás é mundial. Penso que se a manifestação deu certo, talvez tenha sido no Japão ou na Escandinávia, porque em Sampa foi o horror de todas as segundas, um pouco pior do que o normal, também não sei explicar o motivo.
A única coisa que pude constatar é que, além dos candidatos a prefeito, que naquele dia fizeram a campanha aparentemente (pelo menos diante das câmeras) sem carro, todo o resto da cidade se engarrafou adoidado pelas artérias entupidas da cidade que nunca pára. Não sei aonde ela quer chegar e a quem esse jeito besta de ser quer impressionar, mas São Paulo tem essa pecha de nunca parar.
Talvez seja não parar de criar atrocidades, injustiças sociais, maus tratos aos seus cidadãos, talvez seja nunca parar de a cada dia deixar mais crianças sem escola decente, sem merenda decente e sem professores motivados.
É, como vemos, São Paulo não pára de crescer, e, para muitos hipócritas, pouco importa a forma como a cidade está crescendo, o que vale é que está inchando, quase explodindo. Para quem tem dinheiro e detém o poder político e financeiro, é, sim, uma cidade muito boa para se viver, pena que esses são a minoria muitíssimo privilegiada.
Para o povão (Puta maioria esmagadora), sobra só os descalabros do crescimento desordenado e da falta de solidariedade reinante numa cidade já bastante inóspita para se viver.
Voltando à vaca fria, o dia sem carro foi mais uma mostra disso. São Paulo deu uma grande banana para a iniciativa cidadã, pondo o grosso da sua frota na rua.
Mas isso eu vi e senti na prática. Não me lembro de nenhum importante meio de comunicação tê-lo noticiado.E dá-lhe hipocrisia. E vamo que vamo, que Sampa não pode parar. Eu, particularmente, só queria uma rede de vez em quando, inspirado só um pouquinho pelo bom baiano Dorival.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A epifania de Homer Simpson

Havia muito tempo não assistia nada dos "Simpsons", pois, apesar de ser um desenho muito criativo e honesto, achava que já tinha dado tudo que podia dar.
No entanto, zapeando, vi que passava "Simpsons - o filme" em um dos canais e, por escolha da minha filha, acabei assistindo.
No filme, Homer é execrado pelos seus vizinhos e amigos, devido às suas atitudes egoístas, pouco ecológicas e nada conscientes.
Homer, aliás, sempre foi o retrato mais realista de grande parte dos homens modernos, doa isso a quem doer. E é aí que sempre residiu o charme dos "Simpsons", a sua contundente crítica a comportamentos estúpidos e egoístas, sem noção mesmo, que permeiam largamente o nosso dia-a-dia.
O que eu particularmente estava deixando de ver, é que Homer talvez seja o maior professor atual sobre como não devemos nos comportar, apesar do seu enorme coração, que sempre faz com que ele se redima no final. É o anti-herói da modernidade, que faz muita babaquice, mas tem hombridade suficiente, ao contrário da maioria na vida real, para perceber seus erros e ao menos tentar corrigi-los.
Resumindo a ópera, no longa-metragem em questão, Homer acaba, através de mirabolante experiência xamânica, tendo uma epifania, ou seja, descobrindo num átimo aquilo que deveria ter aprendido desde criança, que devemos viver e pensar coletivamente, pois a vida só tem sentido dessa forma.
Depois de conscientizado, Homer volta à sua "Springfield" e consegue, ao seu modo amalucado, salvar toda a cidade. Acho que todos ainda temos muito a aprender com a imensa estupidez dos "Simpsons", retrato grotesco, pronto e acabado do ser humano atual. Viva Homer!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Dia desanimador em Sampa

Segunda-feira em Sampa, mais chata do que as habituais, porque tá fazendo a maior “friaca”, numa cidade às vésperas de mais uma eleição municipal. Tendo de agüentar as presepadas do horário político gratuito (gratuito não sei pra quem, pois o povo paga um preço muito alto por todas aquelas aberrações e barbaridades). São promessas vãs feitas com as caras mais deslavadas desse mundo. Os ilustríssimos candidatos não têm o menor pudor em oferecer até as respectivas mães para o eleitorado. Realmente, desanimador o panorama. Foi-se o tempo em que as disputas eram mais ideológicas e definidas. Hoje, sinto que os candidatos se equivalem, são os rotos falando dos maltrapilhos. Não dá mais nem tesão pra discutir ou defender algum deles. Tempos tristes, chatos mesmo.
Sinto, depois de muitas eleições, que, ganhe o que ganhar, as mazelas da cidade continuarão as mesmas. As periferias continuarão abandonadas. O transporte público continuará caótico e gerando muitos sofrimentos aos que vão de madrugada para o batente, aqueles que realmente trabalham muito e ganham quase nada. As crianças continuarão desassistidas nas escolas e creches. A educação de qualidade continuará sendo privilégio dos bem-nascidos, que por sua vez terão também filhos bem-nascidos. Os idosos, as gestantes e os doentes em geral continuarão sendo maltratados e ignorados nos hospitais públicos. O maldito trânsito continuará enlouquecendo a vida de todos, transformando motoristas e motoqueiros em rivais de vida e morte e, juntos, todos eles, ignorando completamente os pobres pedestres. Segunda-feira chata em Sampa, não sei porque estou tão pessimista. Deve ser a “friaca” inoportuna. Gelou ainda mais meu coração. Me fez ainda mais descrente. Parece que estamos indo a passos largos em busca da cegueira profetizada por José Saramago. Aí está uma idéia, assistir ao filme inspirado no livro. Talvez me deixe ainda mais “deprê”, mas é uma fagulha de lucidez em meio a tanta babaquice. E as fagulhas de lucidez e consciência estão ficando cada vez mais escassas por aqui. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. As eleições vêm aí para ratificar os caolhos no comando da cidade. E haja cego pra todo lado.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Escala "Grot" Internacional - parte IV - Final

Caros e escassos visitantes, continuando minha humilde peregrinação, publico as últimas pérolas da grotesquice humana que relacionei. Não que a lista esteja fechada. Aliás, se houvesse leitores nesta porra, talvez eles me ajudassem a criar mais itens que retratem a grotesquice, tendo em vista que a mesma parece não ter fim. Relembro aos heróis que aqui chegaram, se é que alguém chegou, que a numeração à frente dos tópicos representa o grau atingido por aquela grotesquice na Escala "Grot" Internacional, que tem graduação de 0 a 10 e é o instrumento mundialmente reconhecido para aferição dos níveis da grotesquice humana. Quanto maior o nível atingido, maior terá sido a estupidez retratada. Desculpe se os aborreço com esse desabafo, mas o ser humano é foda! Principalmente quando é formado em um país como o nosso, cujas elites quatrocentonas sempre se lixaram para o nível educacional do povão em geral. E tome falta de cidadania e educação. Precisamos acordar e educar nossos pimpolhos desde as fraldas para uma vida em sociedade, pautada por preocupações com o coletivo. Felicidade compartilhada é muito mais felicidade! Enquanto isso, tomem mais grotesquices!

1. Estar ao volante de um veículo e querer ser o primeiro em tudo não dando chance para ninguém, demonstrando extremo individualismo.(7)

2. Estar ao volante de um veículo e meter a mão na buzina assim que o semáforo fica verde, não dando sequer um segundo de folga aos pedestres ou ao motorista da frente.(8)

3. Acender o farol alto em locais impróprios, ofuscando os outros motoristas.(8)

4. Estar em uma fila e achar, por algum motivo, que deve levar vantagem sobre as demais pessoas, dando um “jeitinho” de burlar a ordem de chegada.(9)

5. Não desligar o telefone celular ao entrar num recinto em que haja uma reunião de pessoas, possibilitando que o toque estridente do mesmo venha a causar mal-estar no ambiente.(8)

6. Estar incumbido, como administrador, de gerir verbas públicas – essenciais para atendimentos básicos à população - e agir com negligência e até desonestidade.(10)

7. Ser um mau empregador, que lesa os seus empregados ao não pagar devidamente os direitos trabalhistas.(10)

8. Ser chefe de um grupo de pessoas e tratar os subalternos com desrespeito, arbitrariedade e ignorância.(10)

9. Ser chefe de um grupo de pessoas e não dar o menor espaço para as sugestões e opiniões dos subalternos, fazendo sempre prevalecer, pela força, a própria vontade.(9)

10. Ser policial e agir com abuso de autoridade, humilhando e amedrontando os cidadãos de bem, os quais deveriam ser protegidos pela polícia e não maltratados e injustiçados.(10)

11. Achar-se, por qualquer motivo ou circunstância, superior às outras pessoas, destratando-as ou discriminando-as.(10)

12. Ser professor e colocar-se num pedestal, usando e abusando do “poder” que a situação lhe confere para tripudiar sobre os alunos.(10)

13. Ser artista ou pessoa famosa e não tratar os fãs com o devido respeito.(9)

14. Defender o meio ambiente e a natureza de maneira radical, mas esquecer-se de defender os seres humanos que vivem na miséria.(9)

15. Achar que seus bichinhos de estimação merecem mais carinho e atenção do que as crianças que estão jogadas nas ruas, vitimadas pelos terríveis problemas sociais que assolam o nosso país.(9)

16. Não se importar com o fato de que os menores que hoje vivem nas ruas, ignorados, jogados e drogados, se transformarão nos marginais perigosos de amanhã, aumentando ainda mais a horda dos excluídos em nosso país.(10)

17. Achar a globalização o máximo e estar entre os privilegiados que podem desfrutar das suas vantagens, não se importando com o fato de que o número de pessoas excluídas desse processo só vem aumentando dia a dia.(9)

18. Sentar no banco de qualquer coletivo de maneira esparramada, com as pernas abertas, causando constrangimentos às outras pessoas que também necessitam daquele assento.(9)

Pérolas retiradas da obra que jamais irá ao prelo: "Grotesco - Como (não) ser um"

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